Ginásio Pernambucano
Lendo, há poucos dias, Notas de um diarista, de Humberto de Campos, lembrei-me de comentários de papai, referindo-se à importância dos jornalistas, com respeito à orientação e anseios da sociedade.
Meu avô paterno, João Pacífico Ferreira dos Santos, antes de se diplomar em Direito e tornar-se Juiz, foi jornalista. Guardo algumas de suas publicações. Sempre esteve voltado para causas que lhe pareceram nobres, como a Abolição da Escravatura e a campanha eleitoral do General Dantas Barreto em Pernambuco.
De ambos, mantive ensinamentos que complementei com as aulas que foram proferidas no Ginásio Pernambucano, pelos mestres: Nilo Pereira, Dias da Silva, Antônio Camelo, Jorge Abrantes e Esmaragdo Marroquim, na época em que não se havia ainda instituído os Cursos de Jornalismo.
Aqueles que já militavam no jornalismo – mesmo que aprendizes – receberam do Ministério do Trabalho e Previdência Social, em 1974, autorização para exercer a profissão, sendo assim considerados: Provisionados. Foi o meu caso.
Porém, o tema principal do aprendizado – que na época se restringia ao jornalismo – era inculcar na mente de cada aluno, a importância do que escreveríamos, salientando-se que o jornal era a tribuna do povo, Ou seja, a começar pelos editoriais e, que tais escritos representassem os anseios da sociedade, de um modo geral.
De certo modo até, sendo mensageiros de novas ideias ou divulgando sugestões para a melhoria dos serviços públicos, que firmassem suas notas em critérios de moralidade sólida, pois eram considerados: “O 4º Poder da República”.
Humberto de Campos, em sua crônica: “O Patrono da Imprensa” faz referências ao advogado dos trabalhadores desse ofício – S. Francisco de Sales – e comenta que a Imprensa, já em 1922, atravessava, no mundo inteiro e especialmente no Brasil, a mais terrível das crises.
São Francisco de Sales
E complementava que as empresas do ramo, até as mais poderosas,, estavam como pequenos navios no alto mar, em dia de tempestade, desejando vencer ondas que pareciam montanhas e muitos se encontravam de bandeira no mastro, pedindo socorro.”
Não tenho dúvidas de que as notas do ilustre jornalista-escritor se tornaram profecias. Naqueles anos, já havia surda e secreta indignação pelo que se publicava.
Em tempos recentes, diante da necessidade de sustentação, os jornais tiveram que se manter, não apenas com a venda avulsa, pequenos anúncios ou assinaturas, mas com a propaganda de produtos ostensivamente necessários à sociedade.
Nos dias de hoje, entretanto, entristece-nos avaliar que as palavras de tantos mestres do jornalismo, foram subvertidas, pela força do progresso e a ânsia dos políticos, em se perpetuar nos cargos, utilizando como veículos de propaganda, as folhas.
A grande quantidade de ações políticas, a ânsia de conquistar cargos e verbas públicas, alteraram a moral de muitos jornalistas e empresários da Comunicação, que se vendem a grupo,s para divulgar ações nem sempre verdadeiras.
É hora de repetir as palavras de Humberto de Campos: Corre pois, ó Francisco, em socorro dos teus servos. Mas não venhas a pé, como ias de Genebra a Roma e de Roma a Paris. Toma um automóvel, meu santo!
Perdemos o título, São Francisco! Hoje é difícil saber quem está divulgando as verdades ou quem está sendo pago para mentir. E assim, infelizmente, perdemos a posição de 4º poder da República.