Texto escrito em parceria com o mestre em filmes de faroeste D.Matt
Dedicamos ao cinéfilo Altamir Pinheiro e seu neto Antonio Miguel, o cowboy
O caixão fantasmasgórico de Django
A cena de abertura do primeiro filme de faroeste da franquia “Django” é épica, memorável, monumental, icônica e irretocável. A câmara focando um homem solitário, arrastando um caixão fantasmagórico no lamaçal caótico, tendo como painel de fundo um cenário natural, maçante, acompanhado da antológica trilha sonora “Django”, composta pelo maestro argentino-italiano Luis Enríquez Bacalov, é apropriada para o clima sinistro do western.
“Django” conta a história de um andarilho misterioso, acompanhado de sua poderosa metralhadora, disposto a vingar a morte de sua esposa, assassinada por uma gangue rival que agia na região fronteiriça do México. Para conseguir seu intento ele fez um “acordo” com um dos chefes de uma gangue comandada pelo general Hugo Rodriguez, bandido frio, calculista, ambicioso, contra seu oponente, o Major Jackson e seu bando de facínoras, sanguinários.
É um dos melhores exemplos de filmes do gênero western spaghetti, com uma trilha sonora agitada, duelos de armas e um anti-herói de poucas palavras, que arrasta um caixão mortífero. O visual magnífico do filme é devido ao trabalho do diretor de arte Carlo Simi, que já havia criado personagens e cenários para filmes anteriores do diretor Sergio Corbucci, como o “Minnesota Clay.”
Antes e depois da primeira cena antológica do confronto entre “Django” com a metralhadora e os mais de quarenta bandidos do Major Jackson em frente ao Saloon do Nathaniel, ficava a impressão de que estávamos diante de mais um western lugar-comum, piegas, mas ante a competência do diretor Sergio Corbucci o que vemos é um filme com cenário de batalha expertise, cruenta, épica, que até hoje fascina crítico e cinéfilo que o elogiam como uma obra-prima do western spaghetti.
Como diz o mestre de filme de far western D.Matt., autor do Prefácio do livro “NO ESCURINHO DO CINEMA”, do cinéfilo-historiador Altamir Pinheiro, a ser lançado em breve: “DJANGO l, ou simplesmente DJANGO”, é o primeiro, o único e o verdadeiro. Esse filme tornou o ótimo ator Franco Nero famoso e ao citarmos DJANGO, o filme, todos logo identificamos o primeiro e o melhor da franquia. Sim o nome “Django” tornou-se uma franquia, pois existem muitas dezenas de filmes relacionados ao personagem famoso, talvez cheguem perto de meia centena de filmes, todos com adjetivos diversos, títulos chamativos, mas nenhum chegou perto do original que permanece eterno, com a matriz intocada, sem nada que possa abalar a sua merecida fama.
No ponto de vista cinematográfico, o único filme que chegou quase a merecer comparação com a qualidade do original, foi o filme “Django Livre” do diretor Quentin Tarantino. A comparação que se faz é apenas pela qualidade do filme, seus valores cinematográficos, seu ótimo elenco, que contou acertadamente com a participação do “Django” original, Franco Nero, numa pequena atuação, mas uma grande e merecida homenagem prestada pelo cineasta Tarantino ao grande ator, criador do personagem cujo nome, até hoje nos emociona. O filme cria um clima místico e quase sobrenatural, quando o personagem aparece do nada arrastando um caixão, como uma aparição fantasmagórica deixando todos apavorados e surpresos, sem saber o que esperar. O diretor Sergio Corbucci soube segurar com muita competência e profissionalismo essa atmosfera sombria.
Nada de parecido tinha sido visto antes nos filmes do gênero western, e a expectativa vai num crescendo para todos os personagens do vilarejo e muito importante, também para nós os expectadores do filme, pois o que vai ou poderá acontecer é uma incógnita.
Mas o diretor Sergio Corbucci mostrou que é um mestre, pois os fatos vão se sucedendo até que afinal o inesperado é revelado e com a sucessão dos acontecimentos, os vilões são enfrentados e como em todo bom filme de faroeste: o mocinho vence no final para satisfação de todos.
Ressalte-se o grande número de filmes que levam o nome “Django”, com dezenas de atores que fizeram o personagem-título, mas como se pode ver pelos enredos, nenhum deles é a continuação do filme original. Não que não sejam bons atores, mas sim porque o personagem do primeiro é muito místico, sombrio, e o ator deu ao personagem-título um desempenho extraordinário que nenhuma imitação conseguiu alcançá-lo.”
Em cena antológica dentro do oeste, Django arrasa com os quarenta capatazes do Major Jackson, que foge desmoralizado, com a cara cheia de lama dum tiro de COLT 45.
Simplesmente, fenomenal. Sem palavras!!! Abraços a esses dois fenomenais estudiosos mestres das páginas do faroeste fubânico, e está chegando outro: Luiz Berto…
ALTAMIR PINHEIRO:
Feito diz o nosso editor Luiz Berto, vosmicê não tem nada de agradecer.
Fizemos, eu e o mestre D.Matt., o que era justo:
Prestar uma homenagem ao cinéfilo fubânico talentoso e pesquisador sério, que passa a vida cultivando o bom gosto: estudando os filmes de faroeste da época que o faroeste era levado a sério.
Como está ANTONIO MIGUEL, o COWBOY?
Faço minhas as palavras do meu nobre Amigo Cícero,
sobre as qualidades de estudioso e pesquisador dos assuntos e questões Far Oeste.
Quanto mais eu leio e assisto depoimentos e críticas sobre filmes, entre eles do gênero faroeste na internet, chego a conclusão que os leitores desta Besta Fubana são uns sortudos, pois estão recebendo informações fidedignas
sobre cinema em geral e filmes de faroeste em particular de quem entende do assunto, sem deixar que possíveis viés político interfira nos seus comentários.
Por isso caro Altamir, aceitei o convite do nosso amigo
Cicero para compartilhar um texto sobre o filme Django
e sem duvida dedicar esse texto a quem é de
merecimento. Isto nós concordamos de imediato.
Contamos com o seu enorme conhecimento e o que
tentamos fazer é tornar cada vez maior o número de
apreciadores de grandes filmes, western , clássicos ou
aventureiros, mas que acrescentam algo positivo
em uma arte cinematográfica hoje dominada pela ganância
monetária que jogou no ostracismo toda antiga e verdadeira arte cinematográfica.
Estou certo que o nosso trabalho em prol do cinema terá
um resultado positivo, como esperamos.
Cícero, peguei sua colega na como indicação e verei Django outra vez, hoje à tarde, graças à facilidade da Grande Rede.
A primeira vez que assisti, no extinto Cine São José, do velhice bom Benedito do Cinema, onde meu Tio Lolô era o porteiro e eu não pagava; pois bem,lá se vão quase quarenta anos.
Fui levado por meu tio Ema naquela noite.
Nascia uma paixão pela trilha sonora.
Dos citados acima, apenas eu ainda estou por aqui.
Jesus de Ritinha de Miúdo, feito o padre brasileiro-italiano que casou Érico Veríssimo e Malfada numa ermida no RS, direi a mesma coisa com o exímio poeta e cronista:
“Tivirta-se!” Vale a pena assisti-lo, mesmo passados mais de quarenta anos de lançado pelo diretor Sergio Corbucci, um dos melhores da época.
“Django” ainda continua irretocável na primazia das cenas tanto externas quanto internas, apesar de toda tecnologia cinematográfica de hoje, que substitui e facilita quase tudo, menos o talento.
O legado de John Ford e Sergio Leone estão aí para provar!
DJANGO, TALVEZ SEJA O ÚNICO FILME FAROESTE EM QUE O ARTISTA NÃO FAZ USO DO SEU INSEPARÁVEL CAVALO…
P.S.: – TAVARES, Antonio Miguel, em seu território, anda dando tiro pra tudo quanto é lado. Em seu território, no BERÇO, ele não respeita nem o Xerife!!!
Caramba, me vi em Tabira, em 1974 assistindo Django na tela panorâmica em ascope colorido do cine alvorada. Falaram sobre Django Livre, que é extraordinário, mas a cena entre Franco Neto e Jamie Foxx, quando este diz ao primeiro que seu nome é Django, mas o D é mudo. .. palmas!!!!
Sou muito fã. Fantástico. Parabéns a todos responsáveis por este texto épico. Já desenhei uma história no estilo western spaghetti. S. Leone é meu grande inspirador, ao lado de Corbucci e outros, como L. Fulci de Tempo di massacro.