Há alguns anos, com um amigo, fui desencavar o poeta Dirceu Rabelo, que se enfiou numa fazendola nos arredores de Carpina, interior de Pernambuco, e deixou a vidam mundana do Recife e os amigos de bons drinks, que sempre reclamam sua ausência.
Pregou-se num lugar encantador. Rico de verde e paz. Fincou-se ali para continuar compondo versos e epigramas de circunstância. Disse-me que deseja envelhecer por lá.
E durante a prosa provoquei declamações. Empurrei um mote de José Loyo:
Nem toda cana é caiana
E ele magistralmente relembrou o que consta num dos seus livros:
Nem todo céu é aberto
Nem toda mata é fechada
Nem toda rua é calçada
Nem toda areia é deserto
Nem todo marido é certo
Nem toda mulher engana
Nem todo engenho é de cana
Nem todo amargo é de fel
Nem toda abelha faz mel
Nem toda cana é caiana.
* * *
CAFETEIRA E ZÉ SARNEY
E falando sobre políticos, lembrei-me de uma glosa monumental, sobre um episódio em que José Sarnei e Epitácio Cafeteira ficaram num barco à deriva nas costas do Maranhão e ele de pronto declamou:
Ao tubarão perguntei:
– Se o mar lhe favoreceu
Por que você não comeu
Cafeteira e Zé Sarney?
Logo que lhe formulei
a minha interrogação
disse o sábio tubarão
que há muito tempo não come:
– Prefiro morrer de fome
A morrer de indigestão!
Muito bom Carlos. Traga suas estórias para o cabaré das quintas..
Na próxima 5a. estaremos juntos.
Grato pelo reforço do convite.
Realmente essa dupla causaria uma caganeira por longos dias no tubarão.
Caro Edson.
Acho que o tubarão perderia todas as pregas do furico.
Grato por sua leitura e comentário.
Receba meu abraço sabatino.
Obrigado, mestre Carlos Eduardo.
Sou fã da tua coluna; me divirto sempre com suas histórias.
Vosso texto de hoje sobre o poeta Dirceu, que se recolheu em um ambiente rico em natureza para melhor compor seus versos, me trouxe à memória um episódio vivido com uma de minhas filhas, o qual peço vênia para compartilhar com os leitores:
Certa ocasião, quando a menina tinha uns 10 anos, a levei comigo a um lugar belíssimo, cheio de sol, de céu e de verde, no interior de São Paulo, onde ia jogar uma partida de futebol com os amigos.
Ao descer do carro, percebi que ela triuxera consigo o violão de um primo que estava passando uns dias em minha casa.
Após o jogo, qual não foi minha surpresa ao vê-la tocando o instrumento; acordes belíssimos. Não sabia que ela tocava!
Ante minha surpresa ela simplesmente falou: “a natureza está me inspirando”.
Que inveja daqueles que têm talento para tocar; compor; escrever…
Grande abraço
Caro Pablo,
Que bom inspirar bons sentimentos em pessoas como você.
Espero que também prepare suas crônicas e as publique aqui no JBF.
Acho que todos nós, depois de usufruir os elementos de progresso das cidades, chegamos a um tempo em que a natureza nos atrai com uma força capaz de elevar nossos melhores propósitos.
É quando vem uma vontade de fazer como Dirceu: se mandar para um recanto rodeado de verde, silêncio e inspiração para as artes e as letras.
É como se a força divina nos elevasse a um plano superior.
Um abração do
Carlos Eduardo
Grande Carlinhos, maravilhoso cronista…
Capaz de frase como esta: deixou a vida mundana do Recife e os amigos de bons drinks, que sempre reclamam sua ausência.
O que pede Sancho? Que não deixes a vida mundana do JBF e os amigos de bons papos às quintas, que CERTAMENTE irão reclamar sua ausência.
Replico Assuero: Muito bom Carlos. Traga suas estórias para o cabaré das quintas…
Sanchito,
Você está sempre na linha de frente de meus leitores. Que bom saber que escrevemos e somos lidos.
Não se importe que vou preparar boas histórias – bem sintéticas, de acordo com o formato da Assembléia – para compartilhar com os colegas.
Receba o meu abraço sabatino.