FERNANDO ANTÔNIO GONÇALVES - SEM OXENTES NEM MAIS OU MENOS

Os tempos internéticos têm proporcionado um gigantesco crescimento dos conhecimentos técnico-científicos, a multiplicação de “talentos cibernáuticos”, a mundialização de algumas idiotices e a aparição de umas tantas vaidades dinossáuricas neste Brasil de meu Deus, com algumas grosserias presidenciais que revelam um nível cultural amplamente deficitário. Mais ou menos idênticas à daquele recém pós-graduado sulista que está inserindo na rede Internet capítulos e mais capítulos de sua tese de doutorado, patrocinada por uma fabriqueta de bolachas.

Mas a maior alegria na Internet está acontecendo com a emersão de centenas de taglines, pequenas frases que revelam trocadilhos, gozações, deboches e desmoralizações com ideários tidos e havidos como de ontens que não mais retornarão.

Classifiquei uma vintena de taglines, para proporcionar a todos uma avaliação acerca da criatividade brasileira, apesar de todos os pesares e desatenções educacionais possíveis. Ei-la:

1. Não há nada no escuro que você possa ver;

2. Mulher é um conjunto de curvas capaz de levantar um segmento de reta;

3. Parte do automóvel que é vendida no Egito: os faraóis;

4. A ejaculação precoce era conhecida na Antiguidade como mal que mela;

5. Nunca ligou para dinheiro, quando ligou estava ocupado;

6. Rouba dos ricos e dá aos pobres, além de ladrão é gay;

7. Barganhar: receber um botequim de herança;

8. Se barba impusesse respeito, bode não teria chifres;

9. Deus criou o homem antes da mulher para não ouvir palpites;

10. Já que a primeira impressão é a que fica, use uma impressora laser;

11. Abelha morre eletrocutada numa rosa-choque;

12. Estouro: bovino que sofreu operação de mudança de sexo;

13. Menstruação é ruim? Pior é quando ela não vem!;

14. A zebra disse pra mosca: você está na minha lista negra;

15. Se bebida curasse alguma coisa, cachaça tinha bula;

16. Tudo na vida é passageiro, menos motorista e cobrador;

17. Loira Gelada é só uma mulher esticada numa mesa do IML;

18. No dia que chover mulher, quero uma goteira em cima da minha cama;

19. Meu gato morreu em miados do ano passado;

20. Virgindade é que nem picolé: acaba no pau.

Homenageio, transcrevendo as taglines acima, um notável pesquisador, pioneiro na coleta do que havia de mais pitoresco em para-choques de caminhão: Marcos Vinicios Vilaça, hoje personalidade consagrada internacionalmente. Ele revelou ao país inteiro, em 1961, a criatividade e o humor, as ironias e as farpas dos caminhoneiros brasileiros nos para-choques dos seus caminhões. Algumas:

– “Não sou pipoca, mas pulo um pouco”;

– “Cerveja só gelada, mulher só quente”;

– “Mulher e parafuso, comigo é no arrocho”;

– “Sem amar não sem vive”;

– “Mulher feia e urubu, comigo é na pedrada”.

As tiradas de ontem e as de agora são sinais vitais da vivacidade intelectiva de um povo, o brasileiro, apesar das boçalidades bolsonáricas. Um povo criativo por excelência, pronto para desenvolver o seu território pátrio, se lhe derem vez, voto, vacina, emprego, renda, terra, enxada e mais democracia participativa.

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