Por saberes que nunca serás minha
permites que entre nós, timidamente,
vacile a intimidade reticente
que haveria entre súdito e rainha.
Não que saibas. Serias adivinha
se soubesses que te amo loucamente.
Já me tomas até por confidente
por saberes que nunca serás minha.
E não que eu pense mal de ti, pois vivo
a imaginar-te um cisne pensativo
sob a vivacidade de andorinha.
Mas, quando ris olhando-me de frente,
parece-me que ris unicamente
por saberes que nunca serás minha!
Giuseppe Artidoro Ghiaroni, Paraíba do Sul-RJ, (1919-2008)