XICO COM X, BIZERRA COM I

Também tenho o direito de ser meio louco vez em quando e, assim, já fui acometido de uma vontade grande de conversar com Deus, mesmo sabendo do meu não-merecimento. E marquei audiência confiando na misericórdia dEle. Não pensava que ia enfrentar uma fila enorme de banguelos e desdentados, de sujos e maltrapilhos, de esfarrapados de todo tipo. Me assustei. Ao lado, em outra fila, apenas poucas pessoas. Aí que percebi estar na fila errada. Naquela em que entrei estavam os que iam pedir. Na outra, em que deveria ter entrado e para onde fui, estavam poetas, cantadores e gente que estava ali apenas para agradecer a vida. E foi o que fiz quando me vi, frente a frente, com aquela figura tão luzente e sábia, sempre sorridente e a todos ouvindo. Parecia um Poeta. Agradeci por tudo e, aproveitando, pedi por todos aqueles da outra fila, e mais, pelos que moram vizinho à guerra, pelos que convivem com a fome e pelos deserdados da sorte, tantos. Tentei conversar mais com Deus. As lágrimas não deixaram. Disse apenas muito obrigado e rezei uma oração na minha linguagem pessoal que só eu e Ele entendemos. Desci as escadas do céu mais leve e feliz, mas percebendo o quão difícil é a tarefa dEle.

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  1. Dom Xico Bizerra:

    Se, só por alguns instantes, nós pararmos de olhar para o nosso umbigo – ou seja, sairmos do nosso mundinho egoísta – e dermos uma só olhadinha, “de revesgueio”, para o lado, veremos que nós “choramos de fartos”, “de barriga cheia”.

    Pois, nos depararemos com uma multidão de infelizes, que ficarão muito, mas muito contentes mesmo, em ter a soma de todos os nossos “problemãos”, em vez de um só dos menores dos deles.

    E fazemos o quê?

    Só reclamamos da nossa “vidinha”, só pedimos, ou pior, exigimos de DEUS, sempre, os mesmos “venha-a-nós”.

    Mas, nos nossos egocentrismos permanentes, nunca, jamais, nos damos consciência de que temos o nosso alimento – mesmo que seja pouco, e eles?, o nosso teto – mesmo que seja alugado, e eles?, a nossa saúde – mesmo que seja pouca, e eles?, a nossa vida – mesmo que não seja lá essas coisas, e eles?, a nossa subsistência – mesmo que seja pouca – e eles?, o nosso futuro, às vezes, mais ou menos previsível, e eles?,enfim, tudo de bom e de bem – mesmo que seja pouco, que eles não tiveram, não têm e jamais, nunca terão.

    Porém a DEUS, jamais, nunca agradecemos mesmo o pouco ou o muito que temos, que – se nos faltar – aí, desesperados pela perda, daremos o devido valor.

    Nem, ao acordarmos, dizemos um simples:

    “OBRIGADO, MEU DEUS, POR MAIS ESTE DIA!!!”;

    pois, este é o maior presente, o maior dom, que DEUS – gratuitamente – nos dá, porque assim teremos mais uma oportunidade de resolver e/ou “tocar”, nem que seja aos poucos, tudo adiante.

    Repito: Não há maior dádiva divina do que o fato de estarmos vivos – não importa como, pois, enquanto há vida, há esperança

    Mas nós, simplesmente – na nossa ridícula soberba, na nossa risível altivez, na nossa vaidosa insignificância, na nossa pretensiosa arrogância, nos nossos mentirosos méritos – isso, habitual e normalmente, esquecemos ou ignoramos, ao não agradecermos, por ela, a DEUS.

    E não há maior ingratidão do que isso!!!

    Porque – assim como quem não paga uma dívida é um caloteiro – um ingrato, nada mais, é do que um caloteiro moral!!!

    E, se pensarmos bem, temos tantas, mas tantas coisas – em todo lugar e a cada momento – a agradecer a DEUS!!!

    Mas, pelo menos, ao acordarmos, sejamos, pelo menos, gratos pelo gratuito e novo dia de vida, que – por SUA INFINITA MISERICÓRDIA – nos está presenteando, apesar de inúmeras vezes, pelos critérios humanos, simplesmente, não o merecermos.

  2. Exatamente por isso que desci as escadarias do céu mais leve, feliz e agradecido por tudo, meu caro Adail. Abraco grande

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