DEU NO JORNAL

Editorial Gazeta do Povo

Lula Trump EUA governo Lula

Eu seu discurso de posse como presidente dos Estados Unidos, em janeiro de 1981, Ronald Reagan fez uma declaração dura, dizendo que “o governo não é a solução de nossos problemas; o governo é o problema”. Essa frase viria a ser tema de debates nos meios acadêmicos e políticos em várias partes do mundo, sobretudo por colocar em xeque a capacidade do governo de ser o motor do crescimento econômico e do desenvolvimento social, não só nos Estados Unidos, mas nos países em geral. Um dos efeitos da declaração de Reagan foi levantar sérias dúvidas quanto à crença disseminada de que a concentração de poder nas mãos de uma elite governamental seria necessária e útil para enfrentar, com chance de sucesso, os problemas e a complexidade da sociedade moderna.

No Brasil de hoje, o governo é exemplo cabal da sentença de Reagan, pois o sistema estatal em seu conjunto desenvolveu enorme lista de problemas, distorções e vícios estruturais cujo resultado é dificultar o crescimento econômico e a redução do grau de pobreza nacional. Os vícios estruturais, que passaram a fazer parte da essência do setor estatal, facilitaram a criação de bagunça conjuntural, que são os problemas e as políticas públicas ruins contidas na administração governamental diária nas esferas federal, estadual e municipal.

A soma de defeitos estruturais com ineficiência conjuntural resulta em déficits fiscais elevados, dívida pública alta e em trajetória crescente, inchaço da máquina pública, baixa produtividade do serviço público, ineficiência administrativa, constituição de castas de funcionários que ganham salários astronômicos, desperdício de dinheiro público e muita corrupção. O tamanho do desgaste do terceiro mandato de Lula (o quinto do PT) é consequência óbvia do discurso e das más decisões que promoveram o aumento assustador da quantidade de repartições públicas, cargos e funcionários, ao lado de incompetência na gestão do dinheiro público.

A rápida queda de popularidade de Lula é o reflexo de um governo que, mesmo que quisesse, não consegue se desvencilhar das armadilhas que construiu para seu mandato. Ademais, rever conceitos, recuar em suas políticas públicas erradas e tomar o caminho da austeridade e ter alguma eficiência é algo que certamente Lula e o PT não querem e não farão. Reorganizar a estrutura governamental, abandonar práticas erradas e corrigir os rumos é impensável para um governo que nunca admite estar errado, é especialista em julgar a culpa nos outros e, adicionalmente, não tem nível intelectual, técnico e moral para fazer o que é certo e necessário.

Além de se saber que a tarefa de dirigir um país de dimensões continentais não é tarefa fácil e que não há milagres de curto prazo, grandes teóricos de várias áreas têm se dedicado a entender o funcionamento das estruturas do Estado, da política, do poder e do governo, e afirmam que as gigantescas estruturas governamentais e a complexidade da máquina do governo resultam na ineficácia do planejamento central, principalmente porque o conhecimento e as informações necessárias para a tomada de decisão estão dispersos pela sociedade e não podem ser dominados por uma única autoridade. Ademais, como afirmou o economista Milton Friedman, um governo não poderá jamais replicar a variedade e a diversidade da ação humana, de forma que, mesmo em governos considerados relativamente bons, a administração nunca será racional, eficiente e moralmente elevada.

Ronald Reagan alertou também para outro aspecto importante da vida econômica nacional ao dizer que, quando uma empresa ou uma pessoa gasta mais do que fatura, ela vai à falência, mas, quando o governo faz o mesmo, ele envia a conta ao povo e, ao fazer isso por décadas, a conta chega inevitavelmente de duas maneiras: maiores impostos e mais inflação. O Brasil serve de testemunha ao mundo de que a realidade citada por Reagan é a consequência inescapável daqueles que acreditam que o governo é a solução e tem de ser cada vez maior e mais gastador. Lula segue à risca esse figurino deletério e prejudicial ao progresso nacional, como provam suas declarações, em alto e bom som, segundo as quais não faz diferença ter um déficit um pouco maior nem uma inflação um pouco mais alta, e os problemas se revolvem por meio de aumentos de tributos.

Em relação ao Brasil, além de o governo não ser a solução dos problemas nacionais, mas ser ele próprio o problema, o atual governo segue firme na trajetória de deterioração dos principais indicadores econômicos, com a colaboração direta do chefe da nação.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *