Meu caro Berto,
Envio-lhe pequeno comentário que fiz acerca dos verbos PROTOCOLIZAR e PROTOCOLAR, no canal/youtube do também grande Alexandre Garcia.
Um forte abraço,
* * *
Prezado jornalista Alexandre Garcia, sou inscrito neste canal e assisto aos seus vídeos todos os dias. Portanto, sou admirador de sua fidalguia e de sua postura ética ao divulgar e comentar inteligentemente notícias.
Neste vídeo (cliquem aqui para ver o vídeo na íntegra), no entanto, (5:07, em diante), você dá ênfase a um possível erro de português cometido pelo Presidente interino da Anvisa, senhor Antonio Torres. E acrescenta: “…nesse vídeo ele repete por duas vezes ‘protocolizados‘ (5:27) em vez de ‘protocolados’, então eu acho que esse Covid 19 também atinge a língua portuguesa…”.
Peço vênia ao nobre ex-colega do Banco do Brasil (ambos pedimos dispensa do Banco. Você foi para o jornalismo; e eu, para o poder judiciário) para dissentir de sua crítica a respeito dos verbos “protocolar” e “protocolizar”.
A meu juízo, as duas formas são variantes e, por conseguinte, estão corretas, conforme se dessume das abalizadas manifestações opinativas de grandes filólogos brasileiros. Vejamos:
Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, Editora Nova Fronteira, 1986, p. 1407; Antônio Houaiss, Dicionário Houaiss da língua portuguesa, Editora Objetiva, 2001, 1ª Edição, p. 2318; Francisco Fernandes, o qual registra apenas o verbo protocolizar, Dicionário de Verbos e Regimes, Editora Globo,1982, p. 482; Celso Pedro Luft, Dicionário Prático de Regência Verbal, Editora Ática, 4ª edição, p. 424; Dr. José Maria da Costa, Advogado, Mestre e Doutor em direito-PUC/SP, respeitado parecerista da Coluna Gramatigalhas, (clique aqui para ver o vídeo).
Somente o grande Napoleão Mendes de Almeida – com quem estive duas vezes; uma delas, fazendo Curso de Português – discorda dos demais e admite única forma: “protocolar”, em seu Dicionário de Questões Vernáculas, LCTE, Livraria Ciência e Tecnologia Editora, 1994, p. 447.
Pertenço a uma geração que usava o verbo “protocolizar”, em sua forma originária, somente como significado de “registrar ou inscrever no protocolo (lugar)”: “O documento foi protocolizado em tempo hábil”.
“Protocolar”, no entanto, empregava-se como “relativo ao protocolo”, isto é, como adjetivo: “Trata-se apenas de exigência protocolar” (= exigência relativa ao protocolo).
Nos tempos atuais, “protocolar”, que era adjetivo, pode ser usado como verbo, portanto, como sinônimo de “protocolizar”.
Em suma, hoje as duas formas: PROTOCOLIZAR e PROTOCOLAR, são variantes e, por conseguinte, estão corretas.
É meu modesto parecer, “sub censura”.
Eita que eu aprendo cada dia mais nesta Gazeta Escrota.
Minha falecida Avó, em casos como esses, com o cabo da vassoura numa das mãos, dizia: “o pau que dá nim Chico, tomém dá nim Francisco”!
Obrigado, caro leitor João Francisco! Abraços do Boaventura.
As duas palavras (protocolizar e protocolar) existem na língua portuguesa e estão corretas. Enquanto verbos, são palavras sinônimas e ambas podem ser usadas para fazer referência ao ato de registrar no protocolo, ou seja, na repartição pública ou privada onde se recebem e registram requerimentos, documentos e processos.
Não sou ninguém para discordar dos eminentes filólogos citados, mas acho “protocolizar” danado de feio.
Sempre protocolei, jamais protocolizei, exatamente por achar, como o señor Bertolucci, um termo “danado de feio” .
Agradeço a manifestação e corroboração de todos os gentis leitores.
Abraços do Boaventura.
Caro amigo Berto, felicito-o pela proficiente condução de um dos veículos de comunicação mais democráticos do Brasil, senão do mundo. Aqui, pessoas de todos os matizes podem manifestar-se, sem distinção de qualquer natureza. Parabéns!
Abraços do Boaventura.
Napoleão Mendes de Almeida locuta, causa finita!!!