Toda esta noite o rouxinol chorou,
Gemeu, rezou, gritou perdidamente!
Alma de rouxinol, alma da gente,
Tu és, talvez, alguém que se finou!
Tu és, talvez, um sonho que passou,
Que se fundiu na Dor, suavemente …
Talvez sejas a alma, a alma doente
Dalguém que quis amar e nunca amou!
Toda a noite choraste … e eu chorei
Talvez porque, ao ouvir-te, adivinhei
Que ninguém é mais triste do que nós!
Contaste tanta coisa à noite calma,
Que eu pensei que tu eras a minh’alma
Que chorasse perdida em tua voz! …
Florbela Espanca, Vila Viçosa, Portugal (1894-1930)
Poema já publicado no dia 08/03 (dia das mulheres).
Eu? Não me canso de ler, quando Florbela encontrou alguém mais triste do que ela.
O Consolou com um belo soneto.
Berto, repita quantos sonetos quiseres da Florbela.
Ela é demais.
A barbeiragem é deste editor, e não do colunista. Ele me manda vários poemas e eu vou publicando um por dia.
Mas a caduquice tá chegando e fico meio leso… kkk
Ainda bem que você não reclama pela repetição!!!
Reclamar por ler de novo a Florbela? Jamais.
E de caduquice eu entendo por experiência própria.