MARCELO BERTOLUCI - DANDO PITACOS

Quando Neil Armstrong pisou na lua pela primeira vez, faltavam quatro minutos para a meia-noite no Brasil. Então podemos dizer que o aniversário da chegada à lua é comemorado amanhã, 20 de julho.

A partida ocorreu no dia 16. O Saturno V é até hoje o maior foguete já construído. Tinha 111 metros de altura, 10 metros de diâmetro e pesava 3000 toneladas. O primeiro estágio do Saturno queimava 13 toneladas de combustível por segundo, gerando um empuxo 70 vezes maior que o maior motor de avião existente hoje (o do Boeing 777). Este primeiro estágio levou os astronautas a 68 km de altura e a uma velocidade de 10.000 km/h em apenas 2 minutos e 40 segundos.

A viagem do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, até o Mar da Tranquilidade, demorou 55 horas. A distância entre Terra e Lua é de aproximadamente 380.000 km, mas a Apollo 11 percorreu muito mais que isso, em uma complicada trajetória de duas órbitas em torno da Terra e várias órbitas em torno da Lua, seguida por uma descida de 33 minutos até o local escolhido.

O módulo lunar, batizado como “Eagle”, permaneceu na superfície da lua por 21 horas, mas os astronautas permaneceram dentro dele a maior parte do tempo. A porta de saída era bastante apertada para o volumoso traje espacial usado, e Armstrong levou 16 minutos para abrir a porta, passar por ela, descer os nove degraus e pisar pela primeira vez o solo lunar. As atividades duraram duas horas e meia, com os astronautas instalando equipamentos, coletando amostras do solo e tirando fotos.

Para o retorno, era importante reduzir o peso: tudo que era dispensável foi deixado na lua, incluindo os trajes espaciais, as botas e até mesmo a câmara fotográfica. A decolagem colocou o Eagle no rumo exato para encontrar-se com o módulo de comando, que orbitava a lua a uma distância de 110 km e a uma velocidade de 5.500 km/h.

O computador usado no Eagle pesava 32 kg e continha 2800 circuitos integrados, todos iguais, interligados por fios conectados manualmente, um a um. Tinha 4 k bytes de memória RAM. (Para comparar, um chip de celular hoje pode ter até 128 k bytes)

Em uma das últimas transmissões de TV antes do retorno, o astronauta Michael Collins disse: “O foguete que nos colocou em órbita é uma máquina incrivelmente complicada, e cada uma de suas peças funcionou sem falhas. Nós sempre tivemos confiança de que nosso equipamento funcionaria. Isso foi possível graças aos grandes esforços de muitas pessoas. Vocês só viram nós três, mas além de nós há milhares e milhares de outros, e para cada um deles eu gostaria de dizer ‘Muito obrigado'”

Volta e meia alguém pergunta: “Por que nunca mais voltamos à Lua?” A resposta simples é “Porque não há mais o que fazer lá.” A exploração hoje é feita por robôs de forma mais simples, mais barata e mais prática do que enviando pessoas, até mesmo porque robôs não precisam voltar. Não há mais muita coisa que se possa estudar sobre a lua além do que já sabemos. Por outro lado, idéias como uma base permanente ainda estão distantes, por razões de tecnologia e de custo.

Alguns criticam o projeto Apollo como um “desperdício de dinheiro”, e outros por ter sido um projeto de fundo político. É verdade que custou caro (estimados 150 bilhões de dólares em valores atualizados) e é verdade que tinha (também) objetivos políticos, tendo ocorrido no auge da “guerra fria”. Mas também é verdade que o projeto trouxe conhecimentos inestimáveis e será para sempre um marco e um símbolo da capacidade do ser humano de vencer desafios e encontrar maneiras de conseguir o que antes se julgava impossível.

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