Mote:
“Tem tudo, não falta nada
Na feira de Santa Cruz”.
No mercado, um açougueiro
Retalha a perna de um touro
Chapéu de bola de couro
No quengo de um cabeceiro.
Um sujeito beradeiro
Carregando dois perus
Outro vendendo chuchus
Sobre uma lona rasgada
“Tem tudo, não falta nada
Na feira de Santa Cruz”.
Hélio Crisanto
Um caneiro envergonhado
Fala para o bodegueiro:
– Vou já pegar o dinheiro
Para acertar meu fiado.
Um declamador testado
Diz versos de Zé da Luz,
Um grupo de papangus
Passa numa batucada.
“Tem tudo, não falta nada
Na feira de Santa Cruz”.
Wellington Vicente
Se vende fumo de rolo
Outro negocia rede
Água para matar sede
Na banca café com bolo.
Já para o meu consolo
Ouvi gritar “Seu Jesus,
Já separei o cuscuz
Com boa carne guizada”
Tem tudo, não falta nada
Na feira de Santa Cruz.
Jesus de Ritinha de Miúdo.
Muito bom, Poeta!