JOSÉ RAMOS - ENXUGANDOGELO

Mel de abelha só sabe fazer o bem

Os tempos estão amargos. Precisamos adoçar isso um pouco, e falar de mel. Falar da doçura do mel, passeando um pouco e rápido pela dificuldade de “fabricar” algo tão doce e benéfico para a saúde. Benefício sem nenhuma contraindicação. É doce e só faz o bem.

Hoje viajaremos na doçura do mel. Com o devido cuidado, para não nos lambuzarmos.

“O mel é um produto natural obtido a partir do néctar das flores e de excreções da abelha. Além de ser um ótimo adoçante natural, este alimento é cheio de benefícios porque conta com ação antimicrobiana, capaz de impedir o crescimento ou destruir micro-organismos e assim proteger contra doenças.”

O mel com “industrialização” apenas na embalagem

Dito acima, o mel é um produto do néctar das flores visitadas e polinizadas pelos vários tipos de abelhas que o Único Poderoso colocou no mundo. Cada tipo com sua resistência de habitat, capacidade produtiva diferenciada, e motivação recebida da Natureza, em especial na estação primaveril.

Sem flores não haverá mel. Quanto mais o humano (???!!!) destruir a natureza inviabilizando a visível existência das estações climáticas no planeta, sem árvores, menos abelhas teremos e o mel será transformado em algo de acentuado amargor diferente.

Veja o que garante a Nutricionista TATIANA ZANIN a respeito dos benefícios do mel para a saúde humana:

“O mel possui propriedades nutritivas e terapêuticas que trazem vários benefícios à saúde. É rico em antioxidantes que protegem o corpo e o coração do envelhecimento, auxilia na diminuição da pressão sanguínea, dos triglicerídeos e do colesterol, contém propriedades contra bactérias, fungos e vírus, combate a dor de garganta e a tosse e pode ainda ser usado como adoçante natural.

No entanto, mesmo com todos esses benefícios, o mel deve ser consumido com moderação, já que ainda é rico em calorias e açúcar. A substituição do açúcar puro pelo mel em alguns alimentos ajuda a manter os níveis de açúcar no sangue estáveis e pode trazer muitas vantagens para a saúde. Algumas dessas vantagens são:

1. Aumentar as defesas do corpo – Os compostos presentes no mel conferem poder antioxidante, o qual ajuda na proteção do corpo. Entre os benefícios, destaca-se a redução do risco de infarto e derrames, promoção da saúde dos olhos, além de auxiliar no tratamento de alguns tipos de câncer, como o de rim, impedindo a multiplicação das células cancerígenas.

2. Melhorar a saúde do coração – O mel traz benefícios à saúde do coração pois é capaz de aumentar o fluxo sanguíneo e reduzir a formação de coágulos. Esse processo ajuda na diminuição da pressão arterial, prevenindo assim doenças do coração.

3. Melhorar o colesterol e diminuir os triglicerídeos – O mel pode ser um bom aliado no combate ao colesterol alto, pois diminui os níveis de colesterol “ruim” (LDL) e aumenta o colesterol “bom” (HDL) do corpo. Ainda, o mel pode ajudar a diminuir os níveis de triglicerídeos porque pode ser usado como substituto do açúcar. Geralmente, dietas ricas em açúcar e carboidratos refinados causam aumento dos níveis de triglicerídeos, aumentando o risco de doenças do coração e diabetes tipo 2.

4. Combater bactérias e fungos em feridas – O mel possui propriedades que reduzem o tempo de cicatrização, pois é capaz de esterilizar feridas reduzindo a dor, cheiro e tamanho, promovendo, assim, a sua cura, sendo considerados eficaz e até melhor do que alguns curativos.

Pode ser também uma ótima opção para tratar úlceras nos pés de diabéticos pois combate os germes e ajuda na regeneração dos tecidos. O mel também já vem sendo usado para curar lesões de herpes oral e genital, já que reduz a coceira e funciona tão bem quanto as pomadas encontradas na farmácia. Também pode tratar bactérias resistentes a antibióticos, úlceras e feridas a longo prazo após a cirurgia e queimaduras.

5. Aliviar a dor de garganta, asma e tosse – O mel reduz a inflamação e inchaço da garganta e dos pulmões, sendo eficiente ainda nos casos de gripe e resfriado, melhorando o sono. É indicado tomar duas colheres de chá de mel na hora de dormir, pois o doce faz com que mais saliva seja produzida. Isso melhora a mucosa da garganta protegendo contra a irritação, reduzindo e aliviando a tosse, sendo, em muitos casos, mais seguro e eficaz que alguns xaropes.

6. Melhorar a saúde gastrointestinal – O mel é um prebiótico muito potente que nutre as bactérias boas que vivem no intestino. Logo, é benéfico para a digestão e para a saúde em geral. Além disso, também pode ser usado para tratar problemas digestivos, como diarreia e é eficaz no tratamento para as bactérias Helicobacter pylori, causadoras de úlceras gástricas. Ainda, outro chá que pode ser feito para combater a má-digestão é de mel com canela, pois esses dois alimentos naturais ajudam a melhorar o processo digestivo como um todo.

7. Ajudar na memória e ansiedade – O uso do mel em substituição ao açúcar vem sendo associado com a melhora da memória e dos níveis de ansiedade. Além disso, estudos indicam que o mel também pode melhorar a memória de mulheres na menopausa e pós-menopausa.

8. Tratar hemorroidas – O mel possui propriedades antimicrobianas, anti-inflamatórias, analgésicas e cicatrizantes, que reduzem o sangramento e aliviam a dor e a coceira causadas pelas hemorroidas. Para esse efeito, basta misturar mel, azeite de oliva e cera de abelha e, depois, aplicar na região.

9. Combater a obesidade – Devido às suas propriedades, o mel melhora o controle de açúcar e gordura no sangue, reduzindo o estado inflamatório e auxiliando na manutenção do peso.” (Tatiana Zanin).

E… quem faz esse mel ser tão doce?

A abelha “engenheira do doce mel

Os especialistas afirmam que existem várias espécies de abelhas, sendo necessária, às vezes, a mudança de nome dessas espécies, de região para região deste país continental. Abelha africana, jandaíra, araçá, uruçu, mandaçaia, tiúba, jataí, contando ainda os marimbondos chapéu, amarelo e outras espécies, todas produzindo mel.

Cada espécie de abelha “trabalha” com tipo diferente de flores, de onde extrai o pólen. São chamadas também de “abelhas operárias” e recebem comando da “abelha rainha” – mesmo tipo de vida da Rainha da Inglaterra. Reina, mas não manda nada.

Marimbondo chapéu ou marimbondo de fogo

O marimbondo produz mel. Não se tem informação afirmando o consumo do mel produzido pelo marimbondo – sempre em menor quantidade que o produzido pelas abelhas. Provavelmente, por conta das diferenças entre as colmeias.

Do marimbondo se tem informação dizendo da dor provocada no ser humano pela “ferroada” desse mosquito. Quem já teve a má sorte de ser ferroado pelo marimbondo não faz nenhum elogio.

Eu mesmo, criança e ainda morando em Queimadas, quase perdi um primo por conta de uma ferroada do marimbondo chapéu. Um só marimbondo não. Vários. Foram ferroadas nos lábios e nos olhos. A falta de cuidado adequado levou à uma infecção, e essa causou problema grave para a visão.

Colmeia do marimbondo chapéu

Distante da intenção de procurar mel (e era fácil encontrar enxames de arapuá, uma abelha preta que constrói colmeia nas árvores semelhante ao cupinzeiro), a infância premiava a meninada com a diversão do “caçar com baladeiras” – alguns até contribuíam com rolinhas, juritis, camaleão, teiú, nambus para completar o “dicumê”, quase sempre feijão com nada – e era isso que a levava à mata.

Comum encontrar cobras verdes, cobras de cipó, libélulas, gafanhotos, calangos, mané-magos, louva-deus e também muitos marimbondos.

Criança que sabe ser criança, “não bole com marimbondo”, era o que aconselhavam os avós, quando pegávamos a baladeira e o bornal com pedras e outros apetrechos apropriados para aquela divertida obrigação de caçar.

Marimbondo não ficava fora do caminho. Avistado, ninguém se atrevia e mexer. Quando se atrevia, mexia e saía de perto.

Marimbondo da febre

Entretanto, havia nas Queimadas uma espécie rara de marimbondo desconhecida para um sem-número de pessoas mas, conhecida pela meninada, principalmente a que andava pelas matas caçando aves ou filhotes ainda nos ninhos para criar. Era criado com a intenção do entretenimento, sem qualquer tipo de maldade com as pequenas aves.

Essa espécie de marimbondo construía uma colmeia em forma de pera, mas os “afuleimados” garantiam que se assemelhava a um seio de menina. Pequeno e rijo. Era ali que viviam os marimbondos que, ferroando alguém, provocava febre. Provavelmente, era uma espécie que tinha alguma serventia para os pesquisadores. Essa espécie, ninguém se atrevia à saber se produzia mel ou apenas ferroava.

Mas, entre todas essas espécies de abelhas ou marimbondos que produzem mel, uma espécie em especial chama a atenção de duas comunidades: a comunidade indígena, que faz uso do mel para fins terapêuticos; e a comunidade dos pesquisadores, que há anos tenta descobrir a forma habitacional em função do pequeno porte da abelha e a sua real utilidade medicinal para a saúde humana.

Comumente é conhecida como “abelha mosquito” e é o seu tamanho minúsculo que causa curiosidade. Escolhe os lugares mais fáceis de serem encontrados, tanto para viver quanto para produzir.

A abelha mosquito escolhe o jucá ou pau-ferro para construir suas colmeias. Constrói no miolo dessas árvores a sua colmeia e ali produz e se reproduz, sem a preocupação de ser incomodado. Mas os indígenas sabem a forma para extrair o mel medicinal da abelha mosquito.

A abelha “mosquito” de mel medicinal preferido pelos indígenas

14 pensou em “A DIFÍCIL MAS ETERNA E APRECIADA DOÇURA DO MEL

  1. Caro Ramos,

    Magnífica sua dissertação.

    Verdadeira aula como jamais tive na juventude.

    Obrigado!

    Carlos Eduardo

    • Carlos Eduardo: nossa vivência é um verdadeiro mel. Jamais adoçará alguma coisa, se botarmos numa cabaça e fechar com sabugo de milho. Obrigado pela visita e se disponha a voltar sempre.

  2. Zé, como sou freguês antigo, pago a conta sem choro e
    como ando tomando de diabo verde a pinga com mel, salta uma pinga com mel (com 5 marimbondos vivos lá dentro) e manda a loirinha de minisaia azul me servir, carai!!!! E pendura a fatura, que hoje tô com pressa.

    Beijão, Zé!!!!

    Ah, e não esquece dos 10% da garçonete…

    • Arre égua macho réi! Mel é mais mió com São João da Barra! Agora, mastigar marimbondo, qualquer que seja ele, com ou sem ferrão, a Vovó fazia isso derna que tava acendendo o cachimbo de barro. E meu Avô, balançando na rede e tocando o pé na parede, se arreganhava todo e dizia: “arre égua” véia danada!

  3. Meu caro Zé Ramos,

    Tomo a liberdade em nome dos Apicultores Fubânicos, agradecer pelo excelente artigo.
    Comecei a produzir mel no Tocantins alguns anos atrás.
    Produzimos mel de Apis sp( Africanizada), pela rusticidade e boa produtividade
    Migrei para o Sertão de Irecê, onde produzimos um dos melhores méis silvestres do país.
    Nosso mel advém de florada de malva branca ( ou malva de cangalha), da florada de aroeira, Jurema , surucucu, guiambira, imburana, imbu e muito mais árvores da nossa caatinga
    Estamos iniciando também a produção de própolis da Jurema preta, considerada por quem entende como uma das própolis mais completas que existe.
    Nosso mel tem a marca “Mel Sertanejo ” e queremos, a médio prazo comercializá-lo no Centro Sul do País.

    • Welinton, fiquei todo lambuzado de mel (quem nunca comeu mel, quando come se lambuza!) com o seu comentário.Eu não conheço mel além do consumo que faço. E, às vezes, consumo sem conhecer, desde que seja de abelha. Meu filho caçula é Nutricionista e sempre me recomenda o consumo, independentemente de ter fins medicinais ou não. Gosto de mel de abelha com limão e farinha seca. Isso serviu de “merenda” durante muito tempo, morando na casa dos avós. DETALHE: disponha do meu blog (blogjosedeoliveiraramos.com.br) onde divulgar o que você desejar. Divulgo só material da agricultura, pecuária e fruticultura. Meu e-mail para contatos iniciais: keimadas3491@gmail.com MANDE BRASA,

      • E lá vai Sancho metendo sua colher enferrujada em assunto alheio…

        Que ZéRamos lembre a Wellinton Alencar que Berto disponibiliza o JBF para divulgação de empresas e serviços.

        Que o señor Alencar divulgue seu “Mel Sertanejo” aqui no maior jornal do universo.

    • Caro Welinton:

      tentei mandar uma mensagem pra você mas ela foi devolvida.

      Parece que o e-mail que você colocou pra postar o seu comentário não está correto.

      Mandei uma mensagem colocando à sua disposição a seção Promoções e Eventos, pra você divulgar o mel que você produz.

      Me mande o seu e-mail correto, por favor.

  4. Meu caro Zé Ramos, é de doer o coração ver passar aviões agrícolas despejando produtos químicos nas plantações para eliminar plagas, levando de cambulhada, abelhas e outros insetos pertencente a cadeia alimentar dos pássaros. Agora, do alto dos meus setenta e oito anos, foi a primeira vez que ouço que alguém possa passar mel no orifício circular corrugado ! Será isso que é fazer cu doce ?KKKKKK. Desculpe a brincadeira meu amigo .

    • Paulo, essa é uma boa reflexão. Não sei como chegou aqui o “bicudo” que atrapalhou a lavoura do algodão por alguns anos. Agora temos também essa pandemia e antes tivemos o Aedes. Reflitamos: num país de dimensão continental como o Brasil, qualquer tipo de ação em combate será muito difícil. Agora, imagine “apagar o fogo” na Amazônia, andando por caminhos tortuosos, atravessando rios profundos e subindo e escalando serras enormes. Eu sou comedido em criticar essa coisas. Mas lembro que, criança, assando castanha, a gente apagava as labaredas jogando areia. Questão de técnica, coisa que sou leigo. Mas, essa coisa de matar pragas que atrapalham a lavoura, precisou acontecer a partir do desmatamento desenfreado. Sem árvores, os pássaros migraram e deixaram de comer besouros e outras larvas e pragas. Desculpe, mas acho que o Ministério da Agricultura está fazendo um trabalho fenomenal, no investimento, no combate e no incentivo à produção. Podemos até não ter dinheiro para comprar, mas alimento não está faltando.

  5. Zé e Sancho. Grato pela lembrança do Blog JBF.
    Na próxima safra, vou subornar o Papa Berto com 1 kg de Mel Sertanejo, em troca da propaganda grátis…
    Paulo, deixei de produzir mel no Tocantins, pois dois vizinhos começaram a plantar soja, um de cada lado. As abelhas ficar no meio, coitadas.
    Aqui no Sertão de Irecê, seco feito língua de Louro , a soja não chegou

  6. Que o sr Zé Ramos me permita usar o seu espaço para mandar um abraço ao Welinton Alencar e, dize à ele, que, coloque o endereço do Mel Sertanejo, aqui no Blog para que possamos encomendar mel e própolis pela internet. Um abraço ao Welinton e outro ao Ré Ramos.

Deixe um comentário para José de Oliveira Ramos Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *