A chuva – mais uma poesia divina
O hábito da leitura noturna na varanda é interrompido pela força e luminosidade de um raio que transforma os céus num dia comum. É rápido, mas chamou a atenção de muitos. Não me excluiu.
Paro de ler. Retiro os óculos, fecho o livro (O Crematório Frio – József Debreczeni) e sou atraído pela chuva fina que começou a cair.
Olho e vejo a chuva, chovendo!
Embevecido pela magia repentina e envolvido pela força da beleza visual que a Natureza proporciona, levanto da cadeira de palhinha e vou até a camarinha procurar um cobertor – quero limpar o ego e me deixar entregue aquela beleza, agora noturna. Volto à varanda e à cadeira sentando na posição fetal, agasalhado e pronto para apreciar um dos momentos mais belos daquela hora.
A chuva chovendo. Fina, como toda beleza o é.
Olho a chuva caindo, e viajo.
Viajo sem sair do lugar, sem pegar trem ou avião. Viajo em pensamento, tangendo as nuvens, organizando cada uma delas para que não parem de cair, fina, mas perene – pelo menos naquele pedaço de noite.
Envolto no cobertor, levanto.
Vou até a cozinha e pego uma caneca de café. Volto e sento para ver e tentar entender os versos daquele poema que jamais será visto e lido por outras pessoas. Só eu, naquele momento mágico que me embriaga e me faz ébrio da poesia.
Olho para o telhado e a chuva continua fina. Fininha, mas cada minuto que passa, fica mais suave e mais bela. Poética chuva.
Olho para o chão e sinto vontade de jogar fora o cobertor, levantar da cadeira, retirar a roupa e correr nu para absorver ainda mais aqueles versos escritos pela Natureza.
A chuva que choveu
Chove chuva. Chove!
Choveu!
A magia inicial daquela noite, como se fora a última página de um livro, terminou. Olho e procuro entender o que vi. O que vi, com certeza, foi um momento, ou mais um poema da Natureza.
Termino o café. Olho o fundo da caneca, agora vazia.
Olho para fora e não vejo mais a chuva. Mesmo a chuva fininha que me absorveu e encantou por minutos. Talvez horas, pois sequer vi o tempo passar. As luzes artificiais da rua começam a ser apagadas. A claridade natural do dia está tomando as rédeas do lugar.
A chuva choveu!
Parabéns pela belíssima crônica, querido Escritor José Ramos! A ilustração está linda!
A chuva é um fenômeno da natureza, que inspira os poetas e aguça o romantismo.
Seu texto é um poema em prosa. Somente os poetas enxergam a beleza das coisas de Deus, como a chuva, o sol, o Céu e as estrelas.
Para você, “Serenata da Chuva” – com Altemar Dutra, e autoria de
Evaldo Gouveia (1928-2020) .
https://www.youtube.com/watch?v=ZM0i6L4DLYM
Grande abraço e um ótimo domingo!
Violante, você está de volta! Aleluia! Agradeço a sensibilidade e a convido para tomarmos aquele banho na chuva, como dizia minha mãe, “até os beiços ficar roxo”!
Banho de chuva era bom demais, querido amigo José Ramos!
Em Nova-Cruz (RN), onde o banho era de cuia e com água salgada, banho de chuva era uma bênção! Saudade desse tempo!!!rsrs
Grande abraço!
Um abençoado domingo!
Violante, obrigado amiga querida. Lembro que minha mãe ainda falava: esfrega as zureias pra tirar o serôto (sujo). E depois que a gente entrava, ela levava a toalha para secar. A gente foi feliz, mesmo! Hoje, os pais privam os filhos de muitas coisas, dando-lhes um telefone celular.
É verdade, querido amigo! As crianças, atualmente, são muito prejudicadas. Entregues às creches e babás, mal convivem com os pais. A alimentação também mudou muito. Conheço casais que criam os filhos sem comer açúcar e outros alimentos naturais. São escravos de nutricionistas. As crianças são pálidas e magras. É padrão…rsrs.
Grande abraço!
Violante, entendo que esse tipo de pais é daquele que aplaude o aborto (mas sequer deveria ter nascido); ou aquele que mora a 500 metros da academia, tira o carro da garagem, enfrenta problema no trânsito, tem problema pra estacionar o carro na academia – e, ao chegar e entrar, vai “caminhar na esteira”. A alimentação é o que a televisão “aconselha”, ou, como você disse, a cargo do Nutricionista. As mães não amamentam mais os filhos, para não ficarem com os seios caídos ou deformados – poucas sabem que é essa amamentação que vai manter os seios saudáveis. Por falar em seios femininos, Deus aparelhou o corpo com todas as suas necessidades biológicas. A mulher depila as axilas e compra e usa “desodorante antitranspirante”, sem saber que é pelas axilas peludas (ou não) que o corpo dela joga fora todas as toxinas que não serão usadas. Com o uso do desodorante antitranspirante, essas toxinas ficam acumuladas na região dos seios, causando-lhes, no futuro, problemas sérios de saúde e, as vezes, até linfomas. Agora, qual o médico que “vive o segredo dos seus clientes” que vai dizer isso para ela?