Luiz.
Boa Tarde.
Sei que você adora uma fuleiragem.
Publica aí nessa gazeta escrota uma passagem nos idos de 1971, que se deu na escola de Agronomia da universidade federal da Bahia, na cidade de Cruz das almas.
R. Bateu na porta certa, meu caro.
Fuleiragem é por aqui mesmo.
Pode mandar que terá sempre freguesia.
Grato pela força e pela audiência.
* * *
A PIXIXITA DE ZÉ LIMA
Quando estávamos no segundo ano, Zé Lima que era terceiranista, sergipano de Itabaiana, foi em excursão a Itabuna, participar de encontro técnico na CEPLAC.
De lá, trouxe uma preciosidade: duas garrafas de Pixixita, a melhor cachaça da Região Cacaueira, na época.
Quando chegou, fez questão de mostrar as garrafas a Alicate, que ficou durante vários dias, lambendo os beiços, feito Silvio Boca de Mel, pois Lima não lhe deu sequer um gole, mesmo após muita insistência. Ele as levaria para o seu futuro sogro que morava em Aracaju.
Eu conhecia a sua futura esposa, pois foi minha colega no curso científico do Ateneu Sergipense. O homem era desembargador.
Com a negativa, bolamos um plano mirabolante: roubaríamos as duas garrafas de Pixixita.
Como ele só iria a Aracaju, quando houvesse um feriado prolongado, guardou-as a sete chaves, no seu armário, pois Alicate vivia a lhe pedir, pelo menos um gole.
Lima morava com Pedrinho Cangurú e Fernando Cintra, que eram simpatizantes da Turma da Saborosa. Mas, é bom ficar bem claro, que eles nunca souberam do plano.
Pois bem, vivíamos a vigiar o armário de Lima e as suas ausências da Escola, para pormos em prática o plano, ou melhor, o roubo. Ele estava ansioso para chegar esse dia e poder presentear o sogro, que era apreciador de uma boa garrafa de etílico.
Num sábado à tarde que antecedeu o dia da viagem, Lima e alguns amigos foram a cidade assistir a matinê no cinema local. Era agora ou nunca.
Pedro e Fernando, também se ausentaram.
Subimos pela tampa do forro, no nosso quarto, acima do armário, que era de alvenaria e caminhamos pela laje, até alcançarmos a tampa do forro do apartamento deles.
Levamos duas garrafas vazias e um alicate (ferramenta) de bico, para vedarmos as tampinhas.
O apartamento estava fechado, mas Lima esqueceu de passar o cadeado no armário. Era o que nós queríamos. Deixou a sopa no mel. Lá estavam elas. No cantinho, por trás da mala.
Rapidamente, com cuidado, tiramos as tampinhas, substituímos o precioso conteúdo por água, com o cuidado de tampá-las sem vazamentos.
Deixamos tudo como encontrado e retornamos pelo mesmo caminho. A nossa cana da noite estava garantida.
O que aconteceu em Aracaju, nós não ficamos sabendo, mas, Lima quando retornou, ficou um bom tempo sem falar com a Turma da Saborosa.