O mundo quer-me mal porque ninguém
Tem asas como eu tenho! Porque Deus
Me fez nascer Princesa entre plebeus
Numa torre de orgulho e de desdém!
Porque o meu Reino fica para Além!
Porque trago no olhar os vastos céus,
E os oiros e os clarões são todos meus!
Porque Eu sou Eu e porque Eu sou Alguém!
O mundo! O que é o mundo, ó meu amor?!
O jardim dos meus versos todo em flor,
A seara dos teus beijos, pão bendito,
Meus êxtases, meus sonhos, meus cansaços…
São os teus braços dentro dos meus braços:
Via Láctea fechando o Infinito!…
Florbela Espanca, Vila Viçosa, Portugal (1894-1930)
Florbela, que aos vinte e poucos anos já casara e separara, tivera um amante, vivia de forma autônoma; era mal vista pela sociedade hipócrita da época (hoje é a mesma coisa).
No entanto ele tinha consciência de seus poderes e talentos.
“Deus me fez nascer Princesa entre os plebeus”
O mundo era, para ela um jardim para ela jogar seus versos em flor.
Florbela era talento puro.
JF, a cada exposição que fazes dessa Flor, meu conceito sobre ela muda um pouco. Mas nunca evolui, só oscila.
Quanto mais informação, menos apatia. As vezes sinto pena, depois vejo a delicadeza e logo parece áspera.
Mas o importante é sua obra. Sua linda poesia. Linda, forte, sei lá!
Não gosto do banquete, mas os ingredientes de cada prato são maravilhosos.
Isso é um perigo se servido a um moribundo faminto. Pode matar.
Caro Laudeir, eu não julgo a Florbela.
Minto; no começo quando eu a comecei ler eu fiz isso; depois eu a procurei entender e apreciar sua obra, que está fora dos estereótipos que tentaram lhe impor. Florbela está acima disso tudo. Ela era intensa em tudo o que fazia
Quem a julga é Deus.
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