Não sei se pode haver padecimento
Mais profundo, mais íntimo e que tanto
Nos ponha na alma a dor que gera o pranto,
Do que um longo e tristonho isolamento.
Não ter um bem sequer no pensamento,
Nem o calor de um lar, nem o encanto
De um amor de mulher suave e santo,
É viver sem nenhum contentamento.
Bem sei que é bom sofrer, e me parece
Que esta vida sem dor nada seria,
E que é por isso até que se padece.
Mas esta solidão contínua e fria
Chega a ser tão cruel, que a não merece
Um coração que a dor mereceria.
Adelino Fontoura Chaves, Axixá-MA (1859-1884 – 25 anos)
Pelos versos deste soneto, bem se vê que a sofrência era sucesso há mais de 150 anos.
Adelino de Axixá-MA morreu com 25 anos e era um solitário depressivo.
Pobre não era.
Se fosse hoje seria mais um menino mimado.