PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

Não sei se pode haver padecimento
Mais profundo, mais íntimo e que tanto
Nos ponha na alma a dor que gera o pranto,
Do que um longo e tristonho isolamento.

Não ter um bem sequer no pensamento,
Nem o calor de um lar, nem o encanto
De um amor de mulher suave e santo,
É viver sem nenhum contentamento.

Bem sei que é bom sofrer, e me parece
Que esta vida sem dor nada seria,
E que é por isso até que se padece.

Mas esta solidão contínua e fria
Chega a ser tão cruel, que a não merece
Um coração que a dor mereceria.

Adelino Fontoura | Academia Brasileira de Letras

Adelino Fontoura Chaves, Axixá-MA (1859-1884 – 25 anos)

Um comentário em “VÁCUO – Adelino Fontoura

  1. Pelos versos deste soneto, bem se vê que a sofrência era sucesso há mais de 150 anos.

    Adelino de Axixá-MA morreu com 25 anos e era um solitário depressivo.

    Pobre não era.

    Se fosse hoje seria mais um menino mimado.

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