Paulo Polzonoff Jr.
Deus tenha misericórdia de Janja
Abro as redes sociais e vejo que, em inglês, Janja xingou Elon Musk. “Fuck you!”, disse a senhora de quase 60 anos, visivelmente embriagada de poder. Mas se tivesse sido apenas isso, vá lá. Porque Janja disse mais. Ela confessou que Alexandre de Moraes é parceiro de Lula naquilo que considero a implantação de um regime autoritário no Brasil. E, mais grave do que tudo isso junto & misturado, Janja se referiu a um infeliz suicida com o desdém típico de uma escrava da ideologia. Ela tratou uma vida perdida como um mero “bestão que se matou com fogos de artifício”.
Sim, leitores de um futuro remoto. Tudo isso disse a primeira-dama do Brasil neste ano da Graça de 2024, durante um evento que reuniu os presidentes das 20 nações mais ricas do mundo. E às vésperas de Elon Musk, bilionário alvo de seu insulto mais adolescente, assumir um cargo no governo dos Estados Unidos – governo esse que Janja, como esquerdista bem-adestrada que é, trata como inimigo.
Na hora, minha reação foi semelhante à sua: uma confusão de maus sentimentos, acompanhada por um surto de ideias para textos que jamais serão escritos. Um deles, inclusive, trazia o mesmo insulto em inglês, mas mudava o vocativo para questionar se o brasileiro, subtipo comum, ainda é livre para mandar um ministro do STF tomar naquele lugar onde não bate sol. Não é. Podem tirar seus cavalinhos da chuva.
Fiquei ali, degustando a raiva, a indignação, a impotência e a vergonha de ser governado por essa corja. Fiz de mim para minha mulher, umas piadinhas impublicáveis. Maldisse o feminismo, o wokismo, o marxismo e, já que estava maldizendo à toa mesmo, o alexandrismo. Não era ódio – por mais que intelectuais como Felipe Neto digam o contrário. Estava mais para aquele nojo que se sucede a uma, duas, três, dez, cem, mil injustiças. Todo santo dia.
Aí fiz pergunta fatídica – por quê?! Não deu outra: fui tomado por uma enorme (e surpreendente) necessidade de rezar por Janja e, já que estava ajoelhado, por todos os poderosos que a cercam (inclusive Alexandre de Moraes e Lula) e os servos que a bajulam. Porque, apesar das aparências, Rosângela Lula da Silva, a Janja, deve ser hoje uma das pessoas mais infelizes do país.
Infeliz, aquela deslumbrada? Sim. Os sinais estão aí para quem quiser ver. A começar pela incapacidade de reconhecer seu lugar no mundo. O que reflete uma ideia desmensurada da própria importância. Janja sofre quando a criticam, pode ter certeza disso; mas sofre mais quando a elogiam, quando esperam que ela aja de acordo com a imagem que a própria Janja projeta no mundo. Algo que ela jamais vai conseguir e é de partir o coração vê-la se esforçar assim para corresponder ao reflexo que encontra no espelho.
Sei disso porque já fui assim.
Mas não é só isso. Nunca é. Janja evidentemente se esforçou para alcançar o mítico sucesso, e deve ter feito acordos insondáveis consigo mesmo, cada qual justificando um erro que, acreditava ela, desaguaria num bem maior. Para si e para o mundo. Porque é dessa forma, sempre em termos grandiosos e em encruzilhadas simbólicas, que negociamos nossa alma e nos transformamos em monstros grotescos incapazes de assim se reconhecerem. Mas são. Somos.
Assim como somos incapazes de reconhecer a infelicidade inerente à alma que se deixa corromper por tão pouco, ah, Janja, como queria que você soubesse que é muito pouco esse luxo, essas mordomias, essas viagens, esses aplausos e esses gritos de “diva!”. Somos. Estou falando da Janja, mas também de você e de mim, que nos deixamos levar pela multidão e pelo orgulho ferido e neste exato momento estamos xingando Janja de tudo e mais um pouco. Inclusive daquilo.
Por isso, depois de alguma reflexão e outros tantos mergulhos na piscina (tô quase começando a gostar de calor), achei melhor deixar de lado a tentação de apontar o dedo para a infeliz, profundamente infeliz, infelicíssima Janja. Mais do que isso, decidi me inspirar em São Francisco de Assis e dar um abraço na figura que, se me causa tanto asco, é porque sei que bem poderia ser eu.
Por fim, resolvi ocupar este espaço hoje para pedir a você que crê (sorry, ateus): faça uma prece por Janja. Não para que ela, por conta própria, perceba o que está fazendo. Isso não vai acontecer. E sim para que Deus tenha misericórdia de mais essa pessoa que parece ter perdido todo e qualquer contato com a verdadeira caridade. Que parece ter perdido a sua humanidade – a ponto de chamar um parceiro de naufrágio (ou você acha Tiü França e Janja são assim tão diferentes?) de “bestão”.
Essa pessoa que está cega pelo sucesso (tantos estamos), que se deixa levar pelos elogios, os sinceros e falsos, mas sobretudo os falsos; que está enamorada de si e que se acredita uma divindade destinada a estabelecer as bases para uma utopia tupiniquim. Essa pessoa que é calhou de neste texto ser Janja, mas que pode muito bem ser você ou eu. E que, por isso, não consegue nem vislumbrar o que ela sabe (no fundo, sabe; todos sabemos) ser a Verdade.
Esse mulher simplesmente não tem o mínimo respeito pelo cargo que está representando.
O pior que a Janja fez no fatídico discurso do sábado, não foi mandar Elon se fuder na frente de correspondentes midiáticos internacionais.
Elon estava justamente com o seu Best Friend Trump. Provocado, na mesma hora respondeu com o emoji de gargalhada e disse em tom profético; “eles vão perder as próximas eleições”.
Um ex sócio do Musk já disse uma vez em uma entrevista que nãio era bom apostar contra ele.
A ex-mulher do Tiu França era uma mulher que passava por dificuldades emocionais. Ouvir da primeira dama que seu ex-marido era um “bestão”, pode ter acionado o gatilho que a levou a colocar gasolina, atear fogo em sua casa, levando-a à provável e muito dolorosa morte.
É isso o que eu vejo na inconsequente fala da primeira cuidadora do ancião.
No mais eu fico feliz e torço para que a Sirigaita fale besteira todos os dias.
Algo de muito sério vem incomodando Janja, ela parece ser uma “fera ferida”, a tal ponto de ela agredir, “dê grátis”, a uma pessoa que reside muito longe e nunca lhe fez mal algum, que eu possa saber. A troco de quê? Um apito de um navio não serve de pretexto para uma atitude tão nefasta a uma “primeira Dama”, e pior ainda para um presidente e para o país. Deu no que deu, o mundo inteiro ficou sabendo, pois a mídia não perdoa, principalmente a internacional, que não deixa barato e repercutiu maciçamente.
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