A PALAVRA DO EDITOR

Imagine você sendo um gaúcho e querendo se definir como algo bem típico de sua terra:

– Eu sou a bomba da cuia do meu chimarrão!

Ou, em sendo um carioca, você assim se definisse:

– Eu sou o encanto da Vila de Noel!

Pois o nosso talentoso poeta Xico Bizerra, colunista desta gazeta escrota, compôs uma música intitulada “Romeiros do Destino”, em homenagem aqui à Nação Nordestina, na qual ele utiliza várias frases fantásticas, criativas, para se definir como natural aqui da terrinha.

Escolhi algumas delas:

“Eu sou a casca da bala do fuzil de Lampião”

“Eu sou uma conta do rosário em que rezou Frei Damião”

“Eu sou o barro que corria pelas mãos de Vitalino”

“Eu sou o fiapo da batina do Padre Ciço Romão”

Comparações poéticas geniais, marcantes e de grande significado.

Cuida-se aqui de um dos maiores nome da música nordestina da atualidade, e é um privilégio contarmos com uma figura deste porte como colaborador desta gazeta escrota, que toda segunda-feira publica seus magníficos textos.

Xico é autor de uma obra marcante, um ícone da música brasileira contemporânea, gravado por dezenas de grandes nomes da MPB.

Quem quiser conhecer mais sobre o trabalho deste talentoso cearense do Crato, que já foi agraciado com os títulos de Cidadão Pernambucano e Cidadão Recifense, entre em sua página clicando aqui.

Ou em sua página no Wikipédia.

Como nordestino, tenho um orgulho enorme de ser conterrâneo de um cabra talentoso desse tanto. Mais que isso, de ser seu amigo.

“Romeiros do Destino”, uma das músicas do seu repertório que muito me encantam, está no vídeo que fecha esta postagem.

A interpretação de Israel Filho, com marcante sotaque regional, sobretudo em palavras como Virgulino, Vitalino, Marcolino, nordestino, dá um especial realce a esta composição de Xico Bizerra.

O vídeo termina com uma declamação do próprio Xico.

Escutem com a atenção e me digam se tenho ou não razão.

Um presente deste Editor para todos os nossos estimados leitores, neste final de tarde do dia 30 de dezembro de 2022!!!

Sou a casca da bala do fuzil de Lampião
Uma conta do rosário em que rezou Frei Damião
Sou o barro que escorria pelas mãos de Vitalino
Eu sou nordestino, sou dessa nação

Sou o pé de pau que deu o cajado a Conselheiro
Palavra que Patativa transformava em verso inteiro
Sou o eco do aboio no cantar de Marcolino
Eu sou nordestino, sou dessa nação

Sou da terra do vaqueiro, cantador
Violeiro, embolador, beatas e rezadeiras
Do arraial dos poetas sonhadores
Que enxergam os seus amores pra cantar uma canção
Do sertão em que a lua é mais bonita
Porque a gente acredita na grandeza do perdão
Onde todos são romeiros do destino
Têm coração de menino, nordestino, eu sou nação

Sou o fiapo da batina do Padim Ciço Romão
Poeira do pé-de-serra que pariu o Gonzagão
Na poesia de Aderaldo sou um verso clandestino
Eu sou nordestino, sou dessa nação

Sou a linha das rendeiras, sou a corda da viola
Sou águas do Pajeú, sou fogueira, bandeirola,
Sou o som de u’a sanfona, sou um terreiro junino
Eu sou nordestino, sou dessa nação

9 pensou em “UM TALENTO NORDESTINO

  1. Berto,

    Por falar em gaúcho, estou em Gramado ( outro País chamado Rio Grande), saindo de um restaurante que serve fundue à la carte, regado por um bom Cabernet Sauvignon e me veio à lembrança que esse Povo do Sul já peleou na Revolução Farroupilha pela Secessão, por um país independente durante longos dez anos, tal qual os pernambucanos na Confederação do Equador…
    Foi aqui que começou a Coluna Prestes , como todos sabemos ( não vamos aqui entrar no mérito da Coluna).

    E me veio um desejo, talvez até uma certeza: que, se acontecer algo relevante nesses próximos dias, na política nacional, o que eu desejo, com certeza deverá partir daqui, desse povo temperado nas lutas e Revoluções.

    Não é justo esse Povo, aguerrido, determinado, progressista, trabalhador, realizador, ser gerido por um bando já conhecido e testado pelas nefastas administrações, ações e atitudes esquerdizantes, liberticidas e corruptas.
    Aguardemos, pois.

  2. Parabéns e aplausos para o grande poeta Xico Bizerra, por mais esta pérola, “Romeiros Nordestinos”! Um poema lindíssimo e emocionante!

    Grande abraço, extensivo à querida Dulce!

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