JESUS DE RITINHA DE MIÚDO

Gostei de ver essa imagem. Juro!

Fui seu vizinho durante três anos. Tempos da fábrica de camisas.

Um dia de manhã, quando eu já havia falido literalmente, estava sozinho sentado no meio fio. Uma vontade imensa de chorar, pensando em minha Vigélia e nos quatro menores lá em casa. Um ainda de braços.

Feira por fazer, energia cortada, banco me ligando, ex-funcionários me pondo na justiça, cobranças e pensamentos desalinhados pelas tantas preocupações, dissabores, aperreios… Desespero!

Eu estava praticamente para enlouquecer de tristeza, de falta de ânimo e de desesperança. Não tinha ninguém a quem recorrer. Sentindo-me abandonado não apenas pelos amigos, mas também por Deus.

Tudo que eu via naquele momento de cabeça baixa, literalmente, era uma folha seca entre a minha alpercata e o paralelepípedo da rua.

Mas Deus não havia me esquecido.

De repente senti um toque em minha orelha. Um toque delicado, batendo compassada e carinhosamente.

Alguém havia deixado a porta aberta, enquanto voltou para pegar algo esquecido dentro de casa e Matheus saiu na frente. Se aproximou pelas minhas costas e fez o carinho.

Eu olhei para cima e o vi. Especialmente gigante. Um anjo sem asas, de carne, de osso, de sentimentos puros, tocando em minha orelha em contatos rápidos com a ponta de algum dedo.

Sério como se quisesse dizer em seu silêncio e olhar sereno “Deus me enviou para lhe dizer que você não está só.”

De fato. Deus havia enviado Matheus. Para mim. Enviou para nós.

Matheus!

Matheus cujo significado é “presente de Deus”.

Assim ficamos nos encarando. Eu chorando em silêncio, ele tocando minha orelha. Calado. Compreendendo e me auxiliando em minha dor. Alheio ao milagre se realizando.

Quando o levaram dali, de mim, entrei no prédio da fábrica e chorei tudo quanto podia chorar.

Mas agradeci a Deus por seu presente.

Os toques leves de Matheus em minha orelha haviam tirado toneladas dos meus ombros.

Deixaram apenas um riacho de lágrimas e um mar de esperança que dias melhores viriam. E vieram!

Essa lembrança sempre me enche os olhos.

Agora, vendo sua imagem e lembrando daquela manhã, me faço em riachos novamente. No entanto, hoje as lágrimas são de alegria e gratidão – por que não? – primeiramente a Deus, depois a Matheus.

Por sua saúde. Por vê-lo bem.

Por tudo!

24 pensou em “UM PRESENTE ESPECIAL DE DEUS

  1. Nooossa….!!!!

    Que emocionante ….!!!!

    As vezes Deus nos aparece nas maneiras mais estranhas ……… Basta reconhecer ……

    Que bom que vc reconheceu ……!!!!

  2. Por não estar presente no momento referenciado, a gente mergulha em certos textos e vai nas entrelinhas. E lá encontra sempre os malditos ninjas invisíveis com suas afiadas lâminas cortadoras de cebolas.

    Beijão, poeta…

    A partir do ponto final, digo o que escreveu a moça de Curitiba: “Só o silêncio vai falar por mim”

  3. Jesus, Mateus foi o arauto da sua esperança.
    Enviado de Deus:

    “Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo.”
    Apocalipse 3:20

    Bênçãos sobre você e família.

  4. Comovente texto, Jesus!
    Mateus era a imagem do Pai Celestial, que, naquele momento, postou-se ao seu lado, para lembrar a você que o sol continuava brilhando e nada estava perdido!

    Deus é Pai!

  5. Jesus, acredite. Quase choro – estou emocionalmente frágil, por ter perdido um irmão mais novo na semana que terminou. Deus nos deu a real capacidade para suportar as adversidades.

  6. Jesus, escrevestes em palavras simples, um texto primoroso em ensinamentos e emoções.

    Tenha uma boa semana e que sempre tenhamos um Matheus para nos aliviar nossos pesos.

    Abraço

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