CARLITO LIMA - HISTÓRIAS DO VELHO CAPITA

Semana passada fui a um consultório médico, cheguei cedo, antes da hora marcada. Encontrei Jairo, velho amigo de juventude e de boas farras. Ele observou pertinente.

– Capita, tempos atrás nos encontrávamos em bares, na boa boemia da cidade, hoje só nos encontramos em consultórios, laboratórios. Essa é a vida de quem viver mais um pouquinho.

O médico estava atrasado tivemos tempo para uma boa conversa. Jairo me mostrou a revista feminina que ele folheava. Tomei um susto ao ler a chamada de capa da matéria principal da revista feminina.

Na capa, a foto de uma mulher, loura, vistosa, sensual, e a manchete: PROSTITUTAS DE LUXO CONTAM COMO DEIXAR UM HOMEM LOUCO. “Você já se perguntou que talentos especiais têm as mulheres das casas de prostituição de luxo?”.

A matéria de quatro páginas apresentava o ambiente da prostituição de luxo de São Paulo. Mostrando segredos desse mundo paralelo que valem riscos, segundo a jornalista. Contava com detalhes o que fazem as profissionais para agradarem os homens. Quatro prostitutas são entrevistadas e dão as dicas como deixar os homens doidões. Ensinam desde o primeiro olhar; como conversar e ser educada: “Ser uma dama na mesa e uma puta na cama”. Confessaram pormenores de toda espécie de carinho. Ensinaram a fazer sexo com criatividade. Massagem nos pés, nas costas e em todos os pontos do corpo masculino. Finalmente constataram que os homens sentem-se poderosos, quando percebem que são solicitados para fazê-las felizes (fingindo, claro). Uma bela aula teórica numa revista comprada nas bancas.

Aproveitando o fascinante tema, meu amigo Jairo, contou-me que há anos ele viajou a São Paulo para resolver algum problema de sua secretaria. Depois de um dia de trabalho, ao chegar no hotel, tomou um banho e jantou. Como nada tinha a fazer foi ao bar, sentou-se no banquinho alto, tomou dois uísque. Sem querer, ouviu a conversa entre dois homens, vizinhos de bar. Eles falavam das lindas mulheres do La Licorne, uma boate de mulheres, perto do hotel. Jairo ouviu o bastante para dar vontade de conhecer. Pediu informações na portaria e saiu. Ao entrar no La Licorne ficou encantado com a decoração e as belíssimas mulheres sentadas no bar esperando a chamada de algum cliente.

Jairo foi atendido por um garçom que o conduziu à uma mesa vazia e deu a dica que ele poderia escolher qualquer daquelas mulheres. Jairo pediu um uísque, sem olhar o preço no cardápio. Ficou pensando que aquelas mulheres deviam ser caras. Mas ele estava disposto, fez um sinal para uma loura tipo Marilyn Monroe, cheia de curvas, com um vestido bem caído, cabelos penteados. A magnífica sentou-se à sua mesa, conversaram, quando soube ele ser engenheiro, ela revelou que seu irmão também era. Não deu meia hora, Jairo, ansioso para saber o custo da mulher na cama, perguntou.

Ela discretamente mostrou três dedos da mão direita. Jairo se alegrou pensando, trezentos reais é cachê de Maceió. Imediatamente levou a Deusa para o quarto. A mulher era uma mestra, fazia coisas que ele nunca imaginou que se praticasse na cama, ele ficou louco com a eficiência da mulher, com a habilidade incrível em usar preservativos na língua. Sentiu-se morrer durante o êxtase. Quando Jairo estava tomando banho, tocou uma sineta discreta. A Deusa apressou o nosso amigo.

– Está na hora, temos cinco minutos para sair ou pagar o dobro do quarto. Gostou meu amor? Pode me pagar agora, o consumo e o quarto você paga na mesa ao garçom.

– Claro que gostei e voltarei. Você foi tão maravilhosa que vou pagar mais um pouco.

Tirou da carteira e entregou à Divina, três notas de cem e uma de cinquenta.

– O que é isso? R$ 350,00? Você está louco? Nosso cachê tabelado é três mil reais, foi o que acertamos.

– Você me mostrou três dedos, eu pensei em trezentos reais. Não tenho R$ 3.000,00 comigo, agora.

– Aceito cartão de crédito, pague junto à conta do bar.

– O problema é que meu cartão de crédito é conta conjunta com minha mulher, ela vai notar a despesa quando chegar a fatura. Deus me livre!

– Vamos à administração para resolver esse problema. Rá, rá. Por R$ 350 reais eu não seguro no cacete.

– Depois de muito discutir qual seria a melhor forma dele pagar. O gerente confirmou por telefone que ele estava hospedado no hotel com saída marcada para segunda-feira. Jairo deixou todos os documentos, levou apenas a identidade e um cartão de um Banco.
Dia seguinte, depois das dez horas conseguiu sacar R$ 3.800,00 no banco. Às quatorze horas quando o La Licorne abriu as portas para recomeçar os trabalhos, ele pagou o cachê e as doses de uísque. Nunca esqueceu a estupenda Marylin.

– Valeu!!!

Me revelou às gargalhadas, enquanto entrava na sala do médico.

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