CARLOS EDUARDO SANTOS - CRÔNICAS CHEIAS DE GRAÇA

Já se disse que o ser humano por sua natureza gregária, pelo sentido irrefreável de aproximação entre si parece ter sido destinado à vivência em congregações.

Em momento algum deixamos de ampliar os limites da família, procurando preservar o espírito associativo.

Jamais deixamos de ter nossas vistas voltadas para a interação social, esportiva, cultural, assistencial e até espiritual e isto foi o motivo da criação de tantas associações.

E em meio a esses grupos que se formaram sob a aproximação através deste jornal – que na verdade é um sodalício de intelectuais – criamos amizades com raízes profundas e sólidas, que se têm prolongado até o final dos tempos de cada um de nós.

Sobre esta influência do JBF em nossas vidas, está na prancheta uma crônica para os próximos dias.

Dessa convivência com a turma do jornal conheci (e me foi permitida a aproximação de perto, bem ao estilo familiar), Luiz Berto Filho, nosso “Comandante em Chefe”, por quem já desfruto de amizade intensa, inclusive com Aline e João.

Mas, outros amigos surgiram à distância. Gente que nem conheço a não ser pelas mensagens que trocamos, a semelhança das ideias e dos ideais.

Fui encontrar em Phillippe por exemplo, pernambucano que se radicou no Rio de Janeiro, um dos leitores que até fazem minhas revisões; em São Paulo, já coloquei Zanete no pódio dos meus melhores amigos; em Fortaleza o Dr. Boaventura Bonfim foi homenageado com uma de minhas crônicas e pelo Recife vários outros me dão a honra de serem considerados amigos e que irei comentar em outra oportunidade.

Já formamos, assim, “A Família JBF”.

E em respeito aos anônimos que comentam meus escritos nestas folhas, escolhi um para dele falar: Marco Aurélio Pires Caminha.

Ele não perde uma só publicação sem emitir comentários, o que muito me anima, pois – como diria Nilo Pereira: As opiniões dos leitores ou uma simples referência se constitui a remuneração pelo nosso trabalho.

E, se o comentário do leitor é para nós animador, mais ainda deve sentir-se ele ao se tornar personagem de uma crônica, como já o fiz com o Desembargador Boaventura Bonfim, meu novo fraterno amigo, de Fortaleza.

E como o título desta Coluna, é “Crônicas Cheias de Graça”, homenageio o leitor Marco Aurélio com estas notas, contando um fato que parece um “causo”, e fará parte de sua autobiografia, ainda nem alinhavada, embora, devo lembrá-lo que tal escrito será um patrimônio imaterial para seus descendentes.

Ouvi de Luiz Carlos – nosso amigo comum – uma mutreta de seus colegas de trabalho pra lhe pregar uma peça, semanas antes de seu casamento com a bela Consuelo (aliás, a única mulher com quem ele se consorciou até hoje), coisa rara em nossos dias.

Aproxima-se o momento histórico. Aquela inquietude natural. O “bafafá” dos preparativos: confirmar a decoração da igreja, apressar o alfaiate que confeccionava o terno, lembrar a costureira de detalhes do vestido da noiva, coquetel e os acertos finais para a Lua de Mel.

Cabeça do noivo a mil.

Trabalhando no setor de Folha de Pagamento, tinha amizade com todos, sobretudo porque tirava do sufoco muita gente que precisava; até carregava uns para proctologistas e até benzedeiras.

Diagnosticado com profunda revolta face aos boatos que corriam solto, denunciando que ele namorava com uma velha jornaleira que o chamava de “Meu Lindo”, sabia que estava próximo de se livrar de tudo aquilo, ao casar-se.

A escolha do presente de casamento foi a própria mutreta pra lhe pregar uma boa peça.

Como eram funcionários de um Banco, conseguiram na Tesouraria o valor de Cr$ 1.000,00 em notas de 1 Cruzeiro. Como na época mil cruzeiros era dinheiro pra danado, imagine-se em “tijolos” de Cr$ 1,00 (um cruzeiro) que volume!

Na véspera, tendo a temperatura emocional subido mais ainda, o encarregado da entrega foi fazê-lo na casa da noiva e no momento fatídico recomendou que ela só abrisse a pesada caixa embrulhada com papel-presente, quando o noivo chegasse, porque se não estivesse bem ao gosto do casal a “Comissão Presenteante” poderia trocar.

Quando abriram foi aquela risadaria. Depois da Lua de Mel, ao retornar das férias, segredou ao “Entregante” que o valor que lhe foi presenteado muito ajudou nas despesas casamentícias.

2 pensou em “UM MARCO DE AMIZADE

  1. Carlinhos, sou grande admirador do JBF, adoro suas críticas, os causos hilários e contados com humor refinado, próprio dos grandes escritores. Só vc consegue brincar com as palavras de maneira tão leve e harmoniosa. Parabéns a vc e todos que fazem o JBF.

  2. Meu caro amigo Carlos Eduardo, parabéns por mais uma de suas inteligentes e cheias de graças crônicas hebdomadárias. Assiste-lhe razão, realmente o JBF “é um sodalício de intelectuais”, por isso consegue agregar verdadeiros atletas da inteligência.
    Sinto-me enaltecido com sua deferência ao meu nome nesta bela crônica: “…em Fortaleza o Dr. Boaventura Bonfim foi homenageado com uma de minhas crônicas… “E, se o comentário do leitor é para nós animador, mais ainda deve sentir-se ele ao se tornar personagem de uma crônica, como já o fiz com o Desembargador Boaventura Bonfim, meu novo fraterno amigo, de Fortaleza.”
    Em verdade, amigo Carlos Eduardo, tornar-se personagem de uma de suas crônicas é motivo de muito contentamento para qualquer leitor, máxime por ser enaltecido por um cronista de alto gabarito.
    Agradeço o título de Desembargador, porém não cheguei a sê-lo, justamente porque, embora aprovado em concurso público e nomeado duas vezes para o cargo de Juiz, declinei da magistratura, preferindo o título de magistrado estadual resignatário das Comarcas de Pacoti e Ipaporanga, no Estado do Ceará, porém muitos dos meus colegas de concurso já estão desembargadores.
    Trabalhei por 17 anos no vetusto Banco do Brasil, onde fui escriturário, portanto, seu colega, e por 18 anos na Justiça Federal Especializada, Justiça Eleitoral – Tribunal Regional Eleitoral do Ceará – TRE-CE, onde me aposentei como Analista Judiciário, cargo exclusivo de Bacharel em Direito, tendo exercido, por duas vezes, o cargo de Diretor-Geral.
    No entanto, o mais importante neste comentário é sua belíssima Crônica, que evidenciou UM MARCO DE AMIZADE.
    Parabéns!
    Fraternal Abraço,
    Boaventura Bonfim.
    Fortaleza, Ceará.

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