“Um sinal do nosso tempo é a personalidade dividida dos conservadores. Muitos que estão à direita do centro estão em uma busca esquizofrênica pela liberdade e ao mesmo tempo pelo coletivismo. Os conservadores pedem livre comércio e livre iniciativa, mas também clamam por embargos absolutos ao comércio com as nações comunistas. Eles se esqueceram de que o livre comércio beneficia ambas as partes? Proibir o comércio é um exemplo cruel de política socialista; prejudica os países comunistas, com certeza, e também nos prejudica.
Outro exemplo: os conservadores estão pedindo impostos mais baixos e menos controle do governo, enquanto, por outro lado, estão pedindo uma guerra santa virtual contra a Rússia e a China, com todo o custo, morte e estatismo que tal guerra necessariamente implicaria. Tal guerra santa seria imoral, inconveniente e mal concebida, na melhor das hipóteses – nestes tempos de armas para assassinato em massa, tal apelo é quase insanidade.
Aqui, acho que um ponto deve ser feito e sem rodeios: Algumas pessoas podem preferir a morte ao comunismo, e isso é perfeitamente legítimo para eles. Mas suponha que eles também tentem impor sua vontade a outras pessoas que podem preferir a vida sob o comunismo à morte em um cemitério do “mundo livre”. Forçar alguém a morrer por uma causa alheia não seria um caso puro e simples de assassinato? E o assassinato anticomunista não é tão mau quanto o assassinato cometido pelos comunistas?”
As palavras acima, que parecem feitas sob medida para as circunstâncias do mundo atual, foram escritas por Murray Rothbard em 1954, setenta anos atrás. A guerra a que ele se referia era a Guerra da Coréia, mas basta substituir “Coréia” por “Ucrânia” para perceber que pouca coisa mudou no mundo nestes setenta anos. Já aconteceram “guerras por procuração” na Coréia, Vietnã, Afeganistão, Iraque, Líbia e vários outros países, guerras que nada tinham a ver com os interesses do povo destes países, e eram meros pretextos para manter funcionando o “complexo industrial-militar”. As grandes indústrias forneceram as armas, o povo destes países forneceu os cadáveres.
Em abril de 2022, pouco mais de um mês após o início da guerra, representantes da Ucrânia e da Rússia se reuniram em Istambul, na Turquia, para negociar um acordo.
Recentemente, Victoria Nuland, ex-Subsecretária de Estado para Assuntos Políticos do governo Biden, concedeu uma entrevista. Ela admitiu que os EUA e seus aliados pressionaram a Ucrânia a não fazer um acordo com a Rússia:
“A Ucrânia nos pediu conselhos e pareceu claro para nós, para os britânicos e para outros, que a condição principal de Putin estava escondida em um anexo do documento em que eles estavam trabalhando. Ele definia limites para os tipos de armas que a Ucrânia poderia ter após o acordo. [..] Pessoas dentro da Ucrânia e pessoas fora da Ucrânia começaram a perguntar se era um bom negócio, e neste ponto tudo desmoronou.” (A Rússia não gostaria de ter ao lado um inimigo armado? Onde já vimos isso antes? Ah, “Crise dos Mísseis Cubanos”!)
Em 9 de abril de 2022, Boris Johnson viajou para a Ucrânia e disse a Zelensky que “mesmo que a Ucrânia esteja disposta a assinar um acordo com a Rússia, o ´coletivo ocidental´ não está”. Boris também disse “nós não vamos assinar nada com eles, vamos simplesmente lutar”.
Em 20 de abril de 2022, o Chanceler da Turquia Mevlüt Çavuşoğlu declarou à CNN local: “Depois das conversas em Istambul, nós pensamos que a guerra não iria durar muito. [..] Depois da reunião dos países da OTAN, tivemos a impressão que … alguns dentro dos países da OTAN querem que a guerra continue. Eles não se preocupam muito com a situação da Ucrânia”
Em 25 de abril de 2022, após visitar Kiev, o Secretário de Defesa Lloyd Austin declarou que “um dos objetivos dos Estados Unidos é enfraquecer a Rússia”.
No início do filme Shrek, após declarar guerra aos ogros, Lord Farquhar disse a seus soldados “alguns de vocês vão morrer, mas é um sacrifício que eu estou disposto a fazer.”