MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

Ontem, por volta das 16h senti o cansaço dominar o corpo e a mente. Um dia extremamente exaustivo, de um trabalho meticuloso que é orientação de tese, dissertação ou artigo, além de tantas demandas administrativas dos projetos do mestrado, que resolvi parar. Liguei a TV e saí procurando algo que valesse a pena, até que parei num filme, que já havia começado, e que tinha o título em epígrafe. Já vi pedaços e resolvi acompanhar.

O enredo trata do escândalo do Water Gate, lá do governo de Richard Nixon que também foi adaptado para o cinema e gerou o bom filme Todos os Homens do Presidente. A invasão do Water Gate era colocar escutas telefônicos no partido Democrata e o trabalho investigativo dos repórteres foi imparcial e graças ao que foi divulgado, Nixon renunciou.

O The Post foi jornal que começou a divulgar os indícios de falcatruas forjadas dentro da Casa Branca e este filme traz a perspectiva de uma pressão sobre o jornal para que não utilizasse determinadas provas. O caso vai parar na Supremo Corte e por 6 x 3 os juízes decidem que a imprensa livre é uma das bases fundamentais da democracia.

Imediatamente veio a comparação com nossa suprema corte e com nossa imprensa. Primeiro, olhe para a imprensa brasileira. É só uma “impressão”. A dependência de recursos públicos mantém qualquer veículo na obrigação de aplaudir até mesmo as baboseiras ditas publicamente pelo presidente. A grana é a motivação mais clara para ser contra ou favor qualquer partido. Existem ressalvas? Acho que sim, mas desconfio que não!

Certa ocasião, nos idos de 2012, eu estava dando aula num curso de graduação quando 4 alunos me pediram para falar com a turma. Concordei e eles entraram e se identificaram como integrantes da UNE. Destilaram mensagens doutrinárias e se posicionaram favorável ao financiamento de campanha e convidaram os alunos para uma “plenária” e depois de uns 10 minutos, perguntaram se os alunos tinham alguma pergunta. Silêncio absoluto. Daí eu perguntei se poderia fazer uma pergunta e eles disseram tudo bem. Então eu mandei essa:

“Por que a UNE era tão combativa no passado e agora eu não ouvi uma nota de protesto contra os escândalos de corrupção do governo? Foi porque a UNE recebeu R$ 25 milhões para construir sua sede e isso acabou com a combatividade?”

Eles se entreolharam e não responderam absolutamente nada. Tentaram dizer que a UNE continuava combativa, mas cada vez mais eu mostrava exemplos contrários. Saíram da sala e foram confabular do lado de fora. Meus alunos tentaram me aplaudir, mas eu não permiti. Disse que eles deveriam se posicionar e questionar as coisas para não servir de cobaias. De modo igual é a imprensa. A grana transferida pelo o governo veda os olhos das redações a ponto de se encontrar repórteres dispostos a defender o indefensável.

Eu vi um vídeo onde o jornalista Reinaldo Azevedo fazia uma intepretação da queda de popularidade do governo e do presidente atual. Dizia ele que a pesquisa foi realizada entre os dias 25 e 27 de fevereiro e que por conta do evento na Paulista, o povo ainda estava na rua se lembrando a Lava Jato – era esse o contexto, não as palavras. A imbecilidade é tanta parece que foram entrevistados apenas as pessoas que participaram do 25/02. Não custa lembrar que esse mesmo Reinaldo era o cara que tratava com Andrea Neves notícias que elevassem a figura de Aécio Neves. Como uma pessoa com esse caráter se acha probo para opinar sobre qualquer coisa? Acrescente-se que ele era crítico ferrenho de Lula, mas agora é defensor público sem procuração. Eu era assinante da Veja e ele colunista. Fiz dois comentários à coluna dele e foram publicados. Depois fiz uma crítica mais contundente e ele não publicou. Esse mesmo paspalho confundiu prisão em segunda instância com prisão preventiva.

Na extensão disso vem a suprema corte. Lá no passado, quando invadiram o capitólio contra o resultado suspeito da eleição norte-americana, ministros do STF foram às redes sociais defender a “essências da democracia”, enquanto não se ouviu uma palavra sequer dos membros da suprema corte americana. O grau de proibições feitas pelo STF em relação a parte da imprensa, a blogueiros, etc. é algo fora do padrão. Viola os preceitos mínimos do Direito e das garantias constitucionais. Liberdade de imprensa, liberdade de expressão, direito de ir e vir, me parecem mecanismos acessórios de um mecanismo podre que é esse espectro de democracia a qual estão nos impingindo.

Bloqueio de contas correntes tem sido uma praxe e tudo isso sob o manto de que estamos defendendo a democracia. Caramba! Morro de medo das escolhas que fazem por mim. Gostaria, imensamente, de continuar sendo responsável pelas decisões que tomo.

O pior é que não vejo sinais de mudança. Vejo um país enorme, com um potencial enorme, atolado na merda.

2 pensou em “THE POST – A GUERRA SECRETA

  1. Maurício…. Maurício…. Watergate foi coisa de amador, de batedor de carteira. A Suprema Corte Americana é parque infantil formado por nove Navajos mudos, cegos e analfas nas leis duzamericanus. Pindorama est na “Avant garde” do iluminismo democrático e jurídico. Se Teodore Roosevelt formulou a doutrina da borduna… “fale com candura, mas com um porrete na mão”, e Golbery do Couto e Silva formulou a doutrina da cenoura e do tacape…”ofereça sempre uma cenoura, mas não se esqueça do porrete”. Em Pindorama do ano 001 d.C (depois de Clezão), o negócio é grana. Democracia é isso aí. Louvar um orelhudo tarado que prende opositores, estender tapete para um narcoterrorista que mata seu povo e dar as mãos a um grupo assassino e terrorista que estupra, mata e assa pessoas vivas. Enquanto a grana, o jabaculê, o cascalho, o lageon, o queijinho estiver correndo, as redações tão comprometidas com a ética, quanto um taxi de praça, vão continuar dando apoio ao arbítrio. Finde-se o dinheiro e verás uma revolução jornalisteira em toda Pindorama.

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