MILHARES DE UCRANIANOS MORRERAM EM VÃO – Ted Snider (colunista do The Libertarian Institute)
Em 24 de fevereiro de 2022, a Rússia invadiu a Ucrânia. Não sendo suficiente para conquistar a Ucrânia, a força invasora foi suficiente para persuadir a Ucrânia a sentar-se à mesa de negociações. O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que esse era o objetivo original da operação militar: “As tropas estavam lá para pressionar o lado ucraniano a negociar”.
Quase funcionou. Em poucas semanas, em Istambul, uma paz negociada estava próxima. Mas os Estados Unidos, o Reino Unido, a Polônia e seus aliados da OTAN empurraram a Ucrânia para fora do caminho da diplomacia e para dentro do caminho contínuo da guerra. Putin mobilizou mais tropas e mais recursos.
Três anos depois, uma paz negociada semelhante será assinada, apenas ajustada à realidade atual. A Ucrânia poderia ter feito um acordo mantendo todo o seu território, exceto a Criméia. Centenas de milhares de soldados ucranianos morreram ou ficaram feridos em vão, em nome da fantasia dos Estados Unidos de uma OTAN sem limites e uma Rússia enfraquecida.
A Rússia foi para Istambul em uma posição mais fraca do que está hoje. Ela sobreviveu à guerra de sanções e isolamento e venceu a guerra contra as armas da OTAN no campo de batalha. A Rússia está disposta a um cessar-fogo, mas apenas se puder obter sem lutar tudo o que pode obter através de combates.
Depois de toda a perda de vidas, a Ucrânia abrirá mão de mais território e da adesão à OTAN. Eles não receberão uma garantia de segurança que envolva um compromisso militar dos EUA. Kursk se tornou um fracasso estratégico caro e as forças armadas ucranianas mal conseguem se manter em toda a extensão da frente de 1.600 quilômetros. A Rússia não vai parar a guerra sem garantir um acordo assinado pelos EUA e pela OTAN de que não haverá Ucrânia na OTAN nem OTAN na Ucrânia. E não vai parar a guerra sem a Criméia e pelo menos alguns dos quatro oblasts que anexaram e uma garantia na constituição ucraniana da proteção dos direitos dos russos étnicos no território que permanecer na Ucrânia.
Parece claro que, antes de os EUA pressionarem a Ucrânia a aceitar a proposta de um cessar-fogo imediato e provisório de 30 dias, eles já haviam lançado as bases discutindo com a Rússia, que pode continuar lutando para alcançar seus objetivos inegociáveis.
O secretário de estado dos EUA, Marco Rubio, confirmou, por exemplo, que as negociações da Arábia Saudita com a Ucrânia incluíram discussões sobre “concessões territoriais”. Donald Trump disse que na próxima vez que falar com Putin, “falaremos sobre terra, falaremos sobre usinas de energia”. O secretário de defesa, Pete Hegseth, já disse que qualquer ideia de recuperar o território perdido da Ucrânia é “um objetivo irrealista” e uma “meta ilusória”.
E, o mais importante, Hegseth também estipulou que Trump “não apoia a adesão da Ucrânia à OTAN como parte de um plano de paz realista”. E Trump compartilhou esse veredicto com seus aliados da OTAN. Em 14 de março, quando o secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, foi questionado se Trump havia retirado a adesão da Ucrânia da mesa de negociações, ele simplesmente respondeu: “Sim”.
Desde o momento em que a Ucrânia foi afastada das negociações em Istambul até o momento em que retornará à mesa de negociações, toda a perda de vidas e território foi em vão. Está definido que a Ucrânia não recuperará todo o seu território e está definido que eles não se tornarão membros da OTAN. Centenas de milhares de soldados ucranianos morreram por nada além da arrogância americana.
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P.S. Faço uma ressalva à análise de Ted. Não se deve descartar a possibilidade de Alemanha, França e Inglaterra convencerem Zelensky a continuar a guerra sob a promessa de que a União Européia irá garantir armas e dinheiro para a Ucrânia no lugar dos Estados Unidos. Nesse caso, é impossível prever como tudo terminará porque trata-se de uma situação completamente absurda e irracional. Ao contrário dos EUA, os países da Europa não têm de onde tirar centenas de bilhões de euros para bancar uma guerra. Se tentarem, estarão cavando sua própria derrota.