MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

A alta do preço dos alimentos incomoda o governo muito mais do que se deixa transparecer. Não se trata apenas de promessas não cumpridas, como comer picanha com uma cervejinha no final de semana, naquele famoso churrasco que o atual presidente sempre se habitou a fazer, inclusive no sítio de Atibaia quando o irmão do proprietário legal ligou para Lulinha pedindo autorização para ir para o sítio.

O ministro da fazenda não tem autonomia de comando. O Banco Central, com seu novo presidente, não tem meios de colocar em prática uma política monetária que faça a economia crescer e controle a inflação. Dois instrumentos básicos nesse instante são a taxa de juros e a taxa de câmbio. Essas duas taxas são resultantes da irresponsabilidade fiscal do governo.

Boiando como “bosta n’água” o governo tomou uma atitude séria: zerar taxa de importação de alguns produtos como café (9%), açúcar (14%), massas alimentícias (9%), óleo de girassol (9%), milho (7,2%), carnes (10,8%), azeite (9%), sardinha (32%) e biscoitos (16,2%). Essa atitude me lembra aquela cena do cara que chega em casa e encontra a mulher com outro no sofá e,,, vende o sofá. Essa medida do governo tem alguns problemas que deveriam ter sido observado, mas nitidamente, falta timing nessa gente que comanda.

Considere o óleo de girassol. Em 2024, em termos aproximados, foram consumidas 115 mil toneladas desse produto, das quais 30 mil são produzidas no Brasil e o restante é importado, principalmente da Argentina. Agora, vamos analisar o mercado consumidor. É sabido que o óleo de girassol tem propriedades importantes para redução do colesterol ruim, o tal LDL, mas isso se trata de um produto com preço maior do que óleo de soja e destinado a uma classe social média alta. Não é um produto comum na mesa de boa parte da população brasileira. O efeito que isso pode causar é um impacto na redução da demanda de óleo de soja porque sem tratam de bens substitutos.

Olhando a lista de produtos, provavelmente no caso das massas o efeito seja melhor do que nos demais. De acordo a Associação Brasileira da Indústria de Biscoitos e Massas Alimentícias, em 2024 registrou-se um aumento de 5,76% no consumo desses produtos. Trata-se de um produto mais presente na mesa do brasileiro e relativamente acessível em termos de preço, no entanto, tem-se aquela prática da “reduflação”, ou seja, os produtos reduzem o tamanho dos produtos, mas mantém os preços antigos.

No caso do café e do açúcar, temos bens complementares, ou seja, aqueles que são consumidos em conjunto. Então, redução demanda por café gera redução na demanda por açúcar e isso explica a preocupação do governo. Todavia, é importante dizer que o Brasil é produtor de café e de açúcar e a isenção na tarifa, além de ter um efeito duvidoso, pode afetar a produção interna. Em adição, os preços no mercado internacional estão altos, o dólar “mal-comportado” e provavelmente essa medida não será tão vantajosa.

No caso do azeite, o Brasil importou, aproximadamente, 74 mil toneladas equivalente a US$ 750 milhões e, de fato, nossa produção não passou dos 500 mil litros, portanto, tem-se um produto de larga importação com uma redução brutal no consumo graças os preços que cresceram quase 50%, em alguns casos. Fruto disso, devido à alta do dólar. No caso do mercado de carnes, todos nós sabemos que a picanha está mais distante do que Plutão.

O problema é que o governo poderia tentar uma solução interna reduzindo impostos sobre a produção. Uma medida dessa natureza, seria um incentivo à produção e à competividade, no entanto, se for implantada os imbecis de plantão que não entendem uma vírgula de custos de produção, irão dizer que se trata de uma medida para beneficiar os escravocratas produtores que exploram a mão de obra (dificilmente dizem que o cara gera emprego), apenas com o objetivo de ficar mais rico e explorar mais quem precisa de trabalho.

Num fundo uma questão séria acaba sendo tratada do ponto de vista de ideologia, onde o estado deve fazer tudo, inclusive, punir vigorosamente quem produz. Infelizmente, a ideologia tem por efeito imediato causar amnésia. Ninguém se lembra, por exemplo, que no governo passado os impostos sobre combustíveis foram zerados, o governo propôs fixar o ICMS unificado em 17% no Brasil inteiro e não custa lembrar que 23 governadores e até assinaram uma carta alegando que o preço do combustível não era fruto do ICMS. Quem assinou?

Eis a lista: Rui Costa (PT-BA), Claudio Castro (PL-RJ), Flávio Dino (PSB-MA), Helder Barbalho (MDB-PA), Paulo Câmara (PSB-PE), João Doria (PSDB-SP), Romeu Zema (Novo-MG), Ronaldo Caiado (DEM-GO), Mauro Mendes (DEM-MT), Eduardo Leite (PSDB-RS), Camilo Santana (PT-CE), João Azevedo (Cidadania-PB), Renato Casagrande (PSB-ES), Wellington Dias (PT-PI), Fátima Bezerra (PT-RN), Renan Filho (MDB-AL), Belivaldo Chagas (PSD-SE), Reinaldo Azambuja (PSDB-MS), Ibaneis Rocha (MDB-DF) e Waldez Goés (PDT-AP).

Desses apenas, temos 17 governadores de esquerda. Isso é o Brasil. O fato é que o governo, na surdina, já trabalha a proposta de Lula para a campanha de 2026: “o brasileiro vai voltar a comer ovo e tomar café.” Confie.

6 pensou em “TENTATIVAS INFRUTÍFERAS

  1. Meu caro Assuero, você conhece a fundo o assunto tratado em sua coluna, na gestão anterior baixaram alguns impostos e a arrecadação aumentou, mas quando temos uma administração focada em poder e não no bem estar do país e sua população, é esse o resultado, falam em torno de cinquenta milhões no bolsa família, não trabalham, não geram riquezas, vivem do que e arrancado dos que labutam com suor e lágrima para seu sustento e familiares.

    • Exatamente. A redução de impostos torna o produto mais competitivo e aumenta a produção, que gera aumento de emprego e renda. Não tem como continuar punindo o empresário

  2. Professor Maurício Assuero, o senhor está sempre atento com a nossa realidade brasileira. Essa esquerda maldita adora maltratar o povo brasileiro.

  3. “Trata-se de um produto mais presente na mesa do brasileiro e relativamente acessível em termos de preço, no entanto, tem-se aquela prática da ‘reduflação’, ou seja, os produtos reduzem o tamanho dos produtos, mas mantém os preços antigos.”

    Assuero, sobre o fragmento do seu texto, acima separado, eu quero dizer quem em 2022 na convenção anual da empresa que me empregava foi mostrada uma pesquisa que fomenta essa “reduflação”: 94% fosse brasileiros que vão às compras só observam o preço do produto. Ou seja apenas 6% compara peso, volume etc., entre as marcas.

  4. É isso. Eu costumava comprar leite ninho instantâneo, em lata com 800g. O preço oscilava em torno de R$ 28,00. Com o pós pandemia, aí por volta de 2022 mesmo, cheguei no mercado, peguei o leite e o preço estava R$ 32,00, entranto, a latinha tinha 750g. Passei a comprar outras marcas com preços parecidos, mas com 800g. Fiz um denuncia à Nestlé, mas não deu em nada.

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