ABC é o princípio de tudo
Como pode dar certo um país, onde os legisladores fazem do mandato eletivo “escudo” para garantir proteção contra possíveis processos que pudesse levá-los a ver o sol quadrado – em vez de discutirem projetos de interesse da sociedade e da sua própria família?
Não se trata desse ou daquele Presidente da República. Se trata, isso sim, de fazer bom uso do mandato que lhe foi outorgado. Nos últimos vinte anos, as pautas do Senado e da Câmara Federal têm sido ocupadas para garantir, sem discussão com a sociedade, “liberação da maconha”, “aborto”, “uso de banheiros nas escolas”, e pasmem, “garantia de fornecimento de absorventes” para as mulheres de baixa renda, sem a mínima preocupação coma dignidade delas – pois, seria mais digno gerar emprego que lhes garantisse condições de “comprar” o próprio absorvente.
As mulheres que hoje já não estão mais entre nós, aquelas que já entraram na menopausa, as que tem hoje mais de 90 ou 100 anos, “nunca menstruaram”?
Alguém lhes fornecia alguma coisa, ou elas próprias compravam suas toalhinhas – que muitos entendiam “aqueles dias”, quando o varal ficava repleto de toalhinhas brancas, lavadas com sabão de coco e alvejadas com anil?
Pois, enquanto a pauta dos legisladores eleitos pelo povo é essa, o STF toma conta de tudo. Ainda que nenhum dos onze tenha recebido um único voto nas eleições. Quem não caça com Mané, caça com Zé.
Na semana que passou, não sei se mais uma vez subtraindo o direito dos legisladores, o Executivo, querendo ser “Salvador da Pátria” mudou o destino temático da Educação (gosto mais de adjudicar esse termo para a família) como se todos nesse momento estivessem matriculados em Sorbone.
Agora vai?
Du-vi-d-o-dó!
E por que eu duvido?
Por que os métodos continuam os mesmos.
Tendo como base um sistema que vem dando certo há alguns anos – Ceará – muitas coisas que colocaram o estado nordestino em primeiro lugar, com mudanças aqui e acolá em função do regionalismo variável – o sul e o sudeste não poderiam nem ficaram de fora dessa nova tentativa de melhorar.
Se o Ceará não tivesse tido tanta importância junto com o Piauí (pasmem!), a instalação da primeira “filial” do ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica) fora de São José dos Campos, por que não foi no Paraná, em Santa Catarina ou na Bahia?
Tabuada é o princípio da Matemática
Deixando por momentos a preferência partidária de lado, torçamos para que essa nova tentativa dê certo, que o rumo necessário seja encontrado.
Mas…. e, se mais uma vez não der certo?
Se não conseguirmos sair do fundo do poço?
Aí, a única forma plausível é apostar todas as nossas fichas na “humildade”, voltarmos para o começo do caminho e caminhar, mais uma vez, pela estrada do ABC, da Tabuada, da Aritmética, da Caligrafia sem nenhuma cerimônia.
Anísio Teixeira e Monteiro Lobato gênios
E a “humildade” tem nome. A “humilde” requer pés no chão e direção com objetividade. Infelizmente, precisamos por imperiosidade, aceitar que as universidades brasileiras nada mais são que locais de formalização de profissões. O lugar onde se formaliza um diploma que a sociedade exige para a continuidade da vida.
É preciso ter “humildade” para aceitar que a universidade não ensina nada a ninguém. Apenas formaliza uma profissão. Quem “ensina e prepara o ser” é a escola inicial – por anos rotulado de alfabetização, primário, ginasial, científico ou ensino médio. Se assim não fosse, por que as pretensas melhorias não ocorrem nas universidades?
Alguém tem a desfaçatez de afirmar que, “na universidade está tudo correto”?
Numa culminância com qualificação destorcida, mudanças anteriores equivocadas estão permitindo que pessoas cheguem para a formalização sem nenhuma competência – “desqualificadas” seria o termo mais apropriado – quando, à guisa não se sabe do que, “proibiram reprovar” quem está matriculado nas escolas iniciais e não conseguiu aprender nada.
Não pode reprovar – quem não aprendeu nada vai para uma universidade “pagou-passou” e superlota a sociedade de “profissionais incompetentes” – mas há necessidade de fazer voltar a “reprovação”.
Ou, de outra forma, estamos impondo a necessidade de estarmos sempre recomeçando. Humildemente, voltando ao bê-a-bá.
Dona Socorrinho, professora da UFRN, tinha nos sobrinhos os filhos que a natureza não lhe permitiu de sangue.
Tive a sorte de ser vizinhos deles. Nossos pais ainda o são.
D. Socorrinho presenteava os sobrinhos praticamente todos os meses. Numa dessas levas a coleção completa de Monteiro Lobato, do Sítio do Picapau Amarelo, que naqueles dias a Rede Globo apresentava diariamente ao final das tardes.
Eu li tudo! Trinta e cinco anos depois Dona Miriam, irmã de D. Socorrinho, presenteou-me com a coleção.
Numa das minhas mudanças fui obrigado a deixá-la para trás.
Infelizmente.
Jesus, infelizmente é assim mesmo na vida. Quando a gente muda, em vida, as vezes precisa deixar alguma coisa – hoje ninguém esquece o cachorro! Pior, quando a mudança é para o andar de cima passando obrigatoriamente pelo andar de baixo, tem gente que vive achando que, no caixão tem um compartimento para levar joias e dinheiro.
Isso sem contar com “presentes importantes” porque foram dados em condições relevantes. Ganhei certa vez do Austragésilo, então presidente da ABL, um livro “Os Lusíadas” impresso em papel bíblia e capa de couro, com autógrafo dele. Emprestei e o “novo dono” nunca mais devolveu. Tomara, pelo menos, tenha feito bom uso.
Ahhhh…!
Eu cobraria sem constrangimento algum!
É. Para mim, mostrou na prática que, “educação” ou “formação escolar” não significam nada, se não tivemos princípios e educação familiar.
Quando entrei no curso de alfabetização, minha mãe já tinha me ensinado a tabuada e eu era obrigado a fazer caligrafia em casa e até hoje rogo graças aquela mulher simples sem estudo formal pensar no meu futuro, pois até hoje ouço elogios a minha escrita. Quanto ao ensino “muderno”, acho que foi desenvolvido por algum médico incompetente que foi trabalhar no MEC e inventou esta merda da não reprovação e tirou o ensino da tabuada e avacalhou a escrita tirando a caligrafia. Não espero nada melhor destes gestores de hoje, as universidades não formam profissionais em suas áreas ,com raras exceções sobram alguns desgarrados, no mais, exibem apenas “deplomas ” e anéis.
Marcos, o “anel” é o símbolo do nada. É proibido alguém ir numa joalheria especializada e encomendar um anel?
Parabéns pelo excelente texto, querido escritor José Ramos!
Na minha época, o Curso Primário era a base de todo o ensino. A Carta de ABC e a Tabuada, além do Caderno de Caligrafia eram responsáveis pelo brilhantismo dos alunos no 1º e 2º graus.
Concordo com você, quando diz:
“As pautas do Senado e da Câmara Federal têm sido ocupadas para garantir, sem discussão com a sociedade, “liberação da maconha”, “aborto”, “uso de banheiros nas escolas”, e pasmem, “garantia de fornecimento de absorventes” para as mulheres de baixa renda, sem a mínima preocupação com a dignidade delas – pois, seria mais digno gerar emprego que lhes garantisse condições de “comprar” o próprio absorvente.”
Isso é uma vergonha!
A permissão do uso da máquina de calcular na escola primária, em dias de prova, reduziu a capacidade de raciocínio dos alunos.
A Tabuada atiçava o raciocínio e o que se aprendia na escola não evaporava.
É de fazer vergonha, o nível das escolas nos dias de hoje, incluindo a falta de respeito que reina nas salas de aula, com alunos agredindo os professores, constantemente.
Grande abraço e uma ótima semana!
Violante, você escreveu tudo que eu deveria, mas esqueci. Quanto à falta de educação e agressão aos professores, a prática disso começa em casa, pois os pais passam pano e vivem de frescurinhas com os filhos, apoiando tudo. Afinal, “educar” é tarefa da família. Não da escola. E “reforçam” todo o desleixo, quando vão às escolas tomar satisfações.
É verdade, amigo José Ramos! Os maus pais adoram ir às escolas para destratar os professores e tomar satisfação sobre “os merecidos carões” que passam nos alunos insubordinados.
Os professores do 1º grau são até ameaçados pelo povo da periferia, de onde vem os alunos insubordinados e agressores.
Hoje em dia, é um perigo ser professor de Escola Fundamental.
Tenho uma sobrinha e afilhada, professora em Niterói, que já foi agredida pela mãe
de um aluno insubordinado, e até intimada a dar explicações à Direção da Escola e Ministério Público. A escola é situada no foco da Favela da Maré. Já a aconselhei a mudar de emprego.
Grande abraço.
Violante, antes, ensinar era uma sina. A pessoa se sentia bem em ensinar. Infelizmente, essa gente quase não existe mais. Hoje é “profissão”, cujo interesse maior é o salário.
As greves de hoje, são todas por melhorias salariais. Nunca por melhorias nas condições da escola e assistência aos alunos.