PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

No instante cruel da despedida –
Gelado o lábio, mudo – hirto, sem ar –
Eu vi su’alma – d’ilusões despida
– Tremer na luz do seu tão triste olhar!…

E não chorei!… seu seio – alva guarida
De minh’alma – chorava em crebro arfar…
E, eu não chorei… e ah! – eu sentia a vida
Das lágrimas ao peso – se dobrar!…

Saí, andei, corri… parei cansado –
Voltei-me e longe, longe eu vi asinha
– Garça do amor fugindo pr’o passado –

Branca, pura – ideal – sua casinha…
E as lágrimas do amor deixei – domado –
Constelarem da dor a noute minha!…

Euclydes Rodrigues Pimenta da Cunha, Cantagalo-RJ (1866-1909)

Um comentário em “TELAS – Euclydes da Cunha

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