MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

A gente define monopólio como sendo a existência de uma única empresa vendedora. Por exemplo, a Petrobras é uma empresa monopolista, posto que somente ela tem, constitucionalmente, o poder de explorar petróleo no Brasil. O problema do monopólio é que ele gera um custo social por dois motivos: o preço cobrado pelo produto é maior do que o preço de um mercado competitivo; a quantidade de bens colocados no mercado é menor do que a quantidade que poderia ser ofertada num mercado competitivo. Assim sendo, que paga esse ônus é a sociedade. No monopólio há uma nítida dependência de uma empresa.

A relação de diversas economias com os Estados Unidos é quase nessa direção, ou seja, todo país deseja vender aos Estados Unidos numa relação econômica chamada monopsônio, ou seja, quando há um único comprador. Para se ter uma ideia do tamanho do problema, em 2024 os Estados Unidos importaram, aproximadamente, US$ 3,30 trilhões de produtos de diversos países, dentre os quais, o México (US$ 839,89 bilhões), o Canadá (US$ 804,42 bilhões) e a China (US$ 758 bilhões). Dentre tantos os produtos importados pelos americanos, as máquinas e equipamentos elétricos e mecânicos representam quase 30% do valor total das exportações.

O Brasil exportou para os Estados Unidos um volume total de recursos da ordem de US$ 40 bilhões, fato que representou um aumento de quase 10% quando comparado ao ano de 2023. Cabe destacar que dentre os nossos produtos o de maior valor observado, US$ 5,8 bilhões, se refere a óleos brutos de petróleo. O valor exportado de aço beirou os US$ 2,7 bilhões. Acrescente-se que tivemos também: café não torrado (US$ 1,9 bilhão), aeronaves (US$ 1,4 bilhão), celulose (US$ 1,5 bilhão) e carne bovina (UD$ 855 milhões). Discrimino desse jeito para que você perceba que os produtos que exportamos não agregam tecnologia de máquinas elétrica, razão pela qual somos absolutamente tímidos perante os Estados Unidos. Compare com o México, Canadá e China e você vai entender o impacto do aumento da tarifa imposta por Trump tem o mesmo efeito de um tsunami, na nossa economia.

Sem dúvidas, as políticas tarifárias implementadas por Trump, geram repercussões significativas tanto para a economia americana quanto para parceiros comerciais, incluindo o Brasil. O anúncio de uma tarifa de 10% sobre tudo que é importado, tem como justificativa a proteção das empresas americanas, ou seja, o presidente busca tornar as empresas americanas mais competitivas, mas especificamente no caso brasileiro, o desafio é considerável.

A desvalorização do Real, impulsionou as exportações e Trump viu isso como uma forma de obter vantagens comerciais e, como consequência, anunciou a retomada de tarifas sobre o aço e o alumínio brasileiros. Em adição, alegou que o Brasil impõe tarifas excessivas sobre produtos americanos, razão pela qual está promovendo essa equalização.

Obviamente, que tais ações geram, em todas as economias, reações adversas, incluindo o papo de “reciprocidade”. No meu entendimento, as consequências dessas políticas para o Brasil afetarão a competitividade de produtos brasileiros no mercado americano devido ao aumento de custos, potencial diminuição das exportações e possíveis perdas de empregos em setores afetados, como o siderúrgico e o agrícola (será que o MST tem capacidade de suprir a baixa oferta do agronegócio?). No entanto, o que é mais complicado é que num cenário de incertezas, os investidores reduzem seus investimentos, ou seja, isso afetará negativamente o crescimento econômico do país.

O outro lado da moeda é o efeito de tudo para os americanos. A depender da importância dos produtos brasileiros para os Estados Unidos, é natural que haverá aumento de custos, fato que pode gerar inflação, mas ao contrário do que acontece aqui, lá a taxa de inflação acumulada de fevereiro de 2024 a fevereiro de 2025, chegou a 2,8%, menor do que os 3% de janeiro desse ano.

Com base nisso, o Federal Reserve monitora, de forma cautelosa, os impactos das tarifas e outras mudanças políticas antes de ajustar as taxas de juros, que está na faixa dos 4,25% ao ano, enquanto no Brasil chegamos a 14,25%.

Parafraseando Isac Newton, “a cada ação corresponde uma reação igual e oposta” e nesse sentido, diversos países, incluindo o Brasil irão partir para o confronto aumentando as tarifas sobre os produtos americanos. Até o Brasil aprovou um pacote de medidas nessa direção. Então, se há risco de inflação nos Estados Unidos, não haveria risco de inflação no Brasil? O princípio é o mesmo. Confesso que o Brasil deveria tentar outra medida. Pelos números apresentados e pela dependência que nós temos, a gente precisa mais deles do que o contrário.

2 pensou em “TARIFAS DE TRUMP

  1. Nobre Assuero, obrigado por mais uma vez dá uma geral no horizonte que até agora não sabemos até onde nos levará. Triste vermos um time de ministros hoje que ao contrário de antes , era composto por técnicos que nos davam a esperança de planos com maiores possibilidades de darem certos, infelizmente para que a companheirada não deixem de mamar, vemos muito que não enxergam o traçado a um palmo do próprio nariz.

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