DALINHA CATUNDA - EU ACHO É POUCO!

Eu bem sei que tudo passa
Na vida que a gente tem
Por isso é que vivo a vida
Decidida e sem porém,
Pois triste de quem nasceu
Viveu e nem percebeu
O prazer de ir além.

Montei no lombo da vida
E na sela eu me aprumei
As rédeas em minhas mãos
Com firmeza segurei
Aticei meu alazão
Tirei poeira do chão
A porteira escancarei.

Assim eu ganhei o mundo
Na estrada não me perdi
Provei dos sabores da vida
Chorei pouco e mais sorri
Dei aval ao coração
Pra cada contravenção
Das emoções que senti.

Em noite de lua cheia
O luar foi companheiro
Banhou-me com sua prata
Seduzi meu companheiro
Que vendo o brilho da lua
Rajando a pele nua
Operou como posseiro.

Criei asas e voei
Até devorei zangão
Provei geleia real
Escapei por ter ferrão
A vida não foi só mel
Se por vezes fui cruel
Faltou-me submissão.

Eu apeei em açude
Em ribeirão e riacho
Nos lugares mais bonitos
Arrefeci o meu facho
Pois a vida me sorria
E a dona hipocrisia
Deixei com cara de tacho.

Quem arriscou me laçar
Ficou com corda na mão
Eu derrubei muita estaca
E até cerca de mourão
Campeei como eu queria
Hoje faço é poesia
Dessa saga no sertão.

Dei corda ao meu instinto
Feito Maria Bonita
Meu fado eu canto em verso
Pois não caí em desdita
Entre o profano e o sagrado
Meu norte foi consagrado
Sou mulher e sou bendita.

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