“Cagando estava a dama mais formosa…”
Assim falou Bocage num soneto
do mesmo naipe deste que cometo
sobre a reputação que a merda goza.
A crítica a compara à rara rosa
se obrada na miséria dalgum gueto.
Políticos proferem-na: “Eu prometo…”
e a mídia a tematiza em verso e prosa.
É tanto incompetente apadrinhado
fazendo merda e sendo promovido
que, quando comecei o aprendizado,
pensei: “Que seja próprio o seu sentido,
porque já me enojei do figurado!”
E então fui rei da merda com que agrido.
Glauco Mattoso, pseudônimo de Pedro José Ferreira da Silva, (São Paulo, 29 de junho de 1951) é um escritor brasileiro. Seu nome artístico é um trocadilho com glaucomatoso, termo usado para os que sofrem de glaucoma, doença que o fez perder progressivamente a visão, até a cegueira total em 1995. É também uma alusão a Gregório de Matos, de quem se considera herdeiro na sátira política e na crítica de costumes. (Wikipédia)