PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

Amar dentro do peito uma donzella;
Jurar-lhe pelos céus a fé mais pura;
Fallar-lhe, conseguindo alta ventura,
Depois da meia-noite na janella:

Fazel-a vir abaixo, e com cautela
Sentir abrir a porta, que murmura;
Entrar pé ante pé, e com ternura
Apertal-a nos braços casta e bella:

Beijar-lhe os vergonhosos, lindos olhos,
E a bocca, com prazer o mais jucundo,
Apalpar-lhe de leve os dois pimpolhos:

Vel-a rendida enfim a Amor fecundo;
Dictoso levantar-lhe os brancos folhos;
É este o maior gosto que ha no mundo.

Manuel Maria Barbosa du Bocage, Setúbal, Portugal (1765-1805)

Um comentário em “SONETO DO PRAZER MAIOR – Bocage

  1. Esse Bocage não tava pra brincadeira. Esses pimpolhos realmente, aqui pra nós. O cara sabia unir o belo ao agradável.
    Com sua poesia, as fêmeas viraram deusas. Gênio.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *