Morria rubro o sol e mansa, mansamente…
sombras baixando em flocos, lentas, pelo espaço…
Um morrer pungitivo e calmo de inocente:
doces, as ilusões fanadas no regaço.
Passa um cicio leve e suave… Num traço,
ave rápida passa súbita e tremente…
A tristeza, que vem, cinge como um baraço
a garganta: o soluço estaca ali fremente…
Lembranças de pesar… Navio que na curva
do mar, de água pesada e funda e escura e turva,
some-se de vagar das ondas ao rumor…
Ó crepúsculos sós! os exilados sentem
a angústia sem igual de amantes que pressentem
o derradeiro adeus do derradeiro amor!
José Joaquim de Campos da Costa de Medeiros e Albuquerque, Recife-PE (1867-1934)