De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Marcus Vinícius da Cruz de Mello Moraes (1913-1980)
Já disse aqui sobre este soneto em outra ocasião, de separação Vinícius entendia, foram sete (oficiais) em sua vida.
Por ser uma pessoa bem nascida, estudada, inteligente, que morou nos melhores lugares do mundo, tornou-se um bon vivant, saboreando dos luxos da vida.
Quando cansava de uma, partia para outra conquista, o que não era difícil, pois com seus poemas inebriava suas presas.
Vinícius fazia parte do sistema que deixou a cultura deste país nas mãos dos intelectuais esquerdistas.
Seu desprezo era tanto, que disse em certa ocasião que SP era o túmulo do samba. Menosprezou Adoniran, Vanzolini, Toquinho, dentre outros.
Arrogância pura.
Considero este soneto (Soneto de Separação) um dos mais bonitos do grande poeta Vinícius de Moraes.
Parabéns pela bela postagem, prezado Colunista Pedro Malta!
Grande abraço!