PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

Essa mulher que se arremessa, fria
E lúbrica aos meus braços, e nos seios
Me arrebata e me beija e balbucia
Versos, votos de amor e nomes feios.

Essa mulher, flor de melancolia
Que se ri dos meus pálidos receios.
A única entre todas a quem dei os
Carinhos que nunca a outra daria.

Essa mulher que a cada amor proclama
A miséria e a grandeza de quem ama
E guarda a marca dos meus dentes nela.

Essa mulher é um mundo! – uma cadela
Talvez… – mas na moldura de uma cama
Nunca mulher nenhuma foi tão bela!

Vinicius de Moraes, Rio de Janeiro-RJ (1913-1980)

Um comentário em “SONETO DE DEVOÇÃO – Vinícius de Moraes

  1. Não vejo devoção neste Soneto.

    Vejo sim uma relação doentia de um cara vivido e amante de várias, por uma mulher bela, porém escorregadia (lúbrica), que ri da insegurança do homem a seus pés.

    Este, por outro lado, como egoísta que é, a marca com mordidas e a chama de cadela.

    Há algo mais doentio que isso?

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