MARCELO BERTOLUCI - DANDO PITACOS

No Ranking Mundial de Competitividade 2025, recentemente divulgado, o Brasil ficou em 58º lugar entre 69 países, logo acima de Botswana e atrás de Quênia e Bulgária. Conseguimos a proeza de ficar em penúltimo no item Eficiência Governamental e em último no sub-item Finanças Públicas. Na área de educação, ficamos em último em Habilidades Linguísticas, penúltimo em Educação Primária e Secundária e antepenúltimo em Educação em Gestão. Para quem ficou curioso, os primeiros do ranking são os de sempre: Suíça, Cingapura e Hong-Kong.

Nosso judiciário continua sendo um dos mais caros do mundo. Provavelmente é um dos mais morosos também, mas não se pode ter certeza porque isso não é considerado importante para ser medido ou divulgado.

Nosso ministério público também continua sendo um dos mais caros do mundo. E também continua sendo um caso único de um órgão cuja função é “representar o povo” não ter um único integrante escolhido pelo povo e não ter absolutamente nenhum mecanismo onde o povo possa opinar se está sendo bem representado ou não.

Nossa educação pública custa mais caro (5,5% do PIB) do que as da Suíça (5,0%), Coréia do Sul (4,9%), Canadá (4,7%), China (4%) e Japão (3,3%), e praticamente empata com Holanda, Estados Unidos e França. Não é preciso dizer que nossos resultados são absurdamente piores do que os destes países. Mesmo assim, tudo que sabemos dizer sobre os problemas da educação é “o governo precisa investir mais”.

29% dos brasileiros acima de 15 anos são considerados analfabetos funcionais, e mais 61% estão no nível “elementar” ou “intermediário”. Apenas 10% da população é considerada “proficiente”. Além disso, entre os brasileiros com curso superior completo, 12% são analfabetos funcionais e mais 27% têm alfabetização elementar. O paradoxo de existirem analfabetos portadores de diploma universitário não parece ser algo que preocupe a sociedade brasileira.

A dívida pública total (federal e estadual) acaba de atingir dez trilhões de reais. Isso significa que cada bebê brasileiro já nasce devendo cinquenta mil reais. Claro que essa dívida também é uma das mais caras do mundo, com taxas de juro reais acima de 10% ao ano. Como o sistema educacional, comentado acima, produz cidadãos absolutamente ignorantes em economia e também em matemática, o povo em geral acredita que isso é uma questão política e que é o governo (ou o banco central) quem decide quanto pagar de juros.

Todos estes fatos são coisa de décadas, mas os brasileiros, a imprensa e as redes sociais estão divididos entre os fãs de um grupo político e os fãs de outro grupo político, ambos plenamente convencidos de que todos os problemas acima são culpa do grupo adversário.

Enquanto tudo isso persiste, os brasileiros acompanham a mais recente briga entre o ministro e o deputado, torcem, como se estivessem em um jogo de futebol, pela vitória do partido X ou do partido Y em cada “disputa” inventada pela mídia, e debatem diariamente (como nas mesas-redondas do futebol) os prognósticos da próxima eleição, onde finalmente um Salvador da Pátria fará aquilo que os dez ou doze Salvadores da Pátria anteriores não fizeram.

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