Ronaldo Lupo
Talvez nem nosso colunista Peninha se lembre do grande cantor brasileiro Ronaldo Lupo, que no Recife se apresentou várias vezes, com o maior sucesso.
Na década de 1960 os maiores espetáculos de canto e dança ocorriam nos teatros e auditórios das duas emissoras de Rádio: a Rádio Jornal do Comércio e a Rádio Clube de Pernambuco.
Era o tempo em que a juventude que apreciava os programas de rádio se identificava como “macacos de auditório”; e eu fui um deles. Aos domingos, na emissora do Dr. Pessoa de Queiroz, na Rua Marquês do Recife, as tardes eram recheadas de atrações, principalmente no “Programa Ernani Seve”.
No auditório, um luxo! As pessoas bem vestidas, jovens entusiasmados e até o casal, dono da emissora, Dr. Pessoa e D. Lotinha, ali estavam presentes com outros convidados de fino trato.
Anos antes, os espetáculos que se notabilizaram aconteciam no Palácio do Rádio Oscar Moreira Pinto, na Av. Cruz Cabugá, sede da PRA- 8. As duas emissoras disputavam as tardes domingueiras.
Lembro-me de certa apresentação do cantor paulista, Ronaldo Lupo, quando Ernani Seve aproveitou um dos intervalos para entrevistá-lo e logo a “macacada” começou a gritar: “Canta, canta, canta!”
Foi um fato tão raro que o Dr. Pessoa de Queiroz levantou-se, como sendo um bedel de escola, para pedir silêncio àqueles jovens tão entusiasmados, para que o público pudesse ouvir a voz maravilhosa.
Mas, lembro-me bem, somente naquela entrevista soubemos um pouco da vida do artista. Seu nome verdadeiro: Ronaldo Lupovici Lito, nascido em Campinas, que era um mestre no palco, porque tinha qualificações como cantor, compositor, roteirista, artista de cinema e produtor de Teatro de Revista.
Era cantor contratado das emissoras: Mairink Veiga, Tupi e Rádio Nacional, esta última muito ouvida no Recife, através das Ondas Curtas.
Ronaldo Lupo consolidou sua fama nas cidades por onde se apresentou porque, na propaganda de seus espetáculos, dias antes, ele criou um artifício para homenagear o lugar e as rádios tocavam várias vezes, como chamariz.
Assim, antes de vir ao Recife, as rádios tocavam uma espécie de paródia de sua melhor música: “Linda Cidade”:
Meu Pernambuco tu resumes
Do meu Brasil os teus perfumes
Na graça da mulher e na força varonil
És a imagem do meu Brasil!
Muito organizado, mantinha no bolso do paletó um caderninho e um lápis. Ao terminar o espetáculo formava-se uma fila de rapazes e moças no térreo do edifício, para receber os autógrafos. Às moças, ele respeitosamente dava um beijo na testa. Tudo com muito critério.
Ronaldo Lupo foi famoso na época em que as emissoras de rádio e os discos de 78 RPM eram as únicas maneiras de propagação de sua arte.
Um dos seus maiores sucessos foi “Linda Cidade”, canção de sua autoria, que ele adaptava para saudar e homenagear cada cidade nas quais se apresentava.
Decorridos mais de 70 anos de vida, jamais esqueceremos a voz límpida do grande intérprete, que nosso jornal traz para os leitores se deliciarem com o jeito romântico de cantar a voz inimitável de Ronaldo Lupo.
Na verdade Carlos, não é que eu não me lembre de Ronaldo Lupo pois, eu nem sabia de sua existência.Fico-lhe grato por me apresentar esse grande compositor, cantor, produtor e ator. Nasceu em São Paulo no dia 18/ 12/ 1913 e morreu no Rio de Janeiro em 18/ 08/ 2005. Obrigado por mais esse conhecimento que você me proporciona.
Abaixo, o link para um vídeo com depoimento do Ronaldo.
Pelo visto já estou encaminhado para ser seu “Assessor Musical”, porque, tendo guardado na memória ,muitas coisas boas a respeito de música, meu desejo será lhe presentear com dois livros sobre música e depois contar algumas coisas da História Recente do Rádio pernambucano, porque editei um livro – Canta se queres viver – época em que passei muito tempo pastorando o setor artístico.
Informe se sua biblioteca tem o livro: MPB, de Renato Phaelante e a antologia: CARNAVAL DO RECIFE, de Mário Souto Maior. São minhas relíquias mas você merece mais.
Vou ver se lhe preparo. Mande-me seu endereço residencial.
Abraços,
Carlos Eduardo