DEU NO JORNAL

Roberto Motta

Há um fato que vai machucar os progressistas, mas que precisa ser dito: não existe bilionário de esquerda. Faz parte do núcleo da crença esquerdista a ilegitimidade da propriedade privada. Naturalmente, bilionários têm muitas propriedades. Portanto, um bilionário que se diz de esquerda é como um dono de açougue que se proclama vegetariano, ou um criminoso que se diz defensor da lei e da ordem.

A aliança entre alguns bilionários e políticos socialistas é um fenômeno exótico, que merece um exame cuidadoso. O que o exame revela é isso: quando bilionários se aliam a esquerdistas, um dos dois lados está mal-informado ou mal-intencionado – ou as duas coisas ao mesmo tempo.

Alguns bilionários podem ver na ajuda a políticos de esquerda uma forma de seguro: eu dou uma graninha para a eleição desse radical socialista e, depois de eleito, ele deixa minha empresa em paz. Bilionários também podem estar de olho em outras vantagens de ser amigo dos donos do poder. Por exemplo: quem sabe essa turma da esquerda não escolhe minha empresa para ser uma “campeã nacional” e eu consigo belos contratos com o Estado e aquela linha de financiamento a juros mínimos?

Há também bilionários que acreditam na importância da imposição de uma governança global transnacional, que ficaria acima dos governos nacionais – um processo que é descrito como “globalismo”. O que eles ganhariam com isso fica para a imaginação do leitor. O fato é que muitos organismos internacionais foram dominados por pautas de esquerda, e bilionários que apoiam essas pautas ganham automaticamente convites para os eventos mundiais, banhados em glamour e extensamente cobertos pela mídia, onde a elite mundial decide o que nós, os manés, podemos comer, produzir ou dizer.

Por último, mas não menos importante, há os bilionários que apoiam o socialismo motivados por um profundo sentimento de culpa. Esse é o caso de muitos herdeiros de fortunas bilionárias que sofrem de angústia existencial por não merecerem o que herdaram.

A segurança e o conforto absolutos, garantidos pela fortuna herdada, retiram dos herdeiros a necessidade de lutar pela sobrevivência. Mas essa luta dá significado à vida. A necessidade de encontrar uma ocupação útil e sustentar uma família possibilita o desenvolvimento de virtudes genuínas como a coragem e a generosidade, e dá ao indivíduo um dos elementos mais importantes para sua felicidade: o mérito.

Muitos herdeiros não conseguem superar a falta de propósito de suas vidas e nem a culpa pela herança. Uma das formas de expiar esse sentimento é adotar um estilo de vida baseado em futilidade, álcool, drogas e promiscuidade. Outra forma é associar-se a ideologias radicais e indivíduos marginais.

Através dessas ligações o herdeiro tenta, inconscientemente, punir a sociedade e seus próprios pais pelo imperdoável crime de terem lhe dado muito dinheiro e, junto com ele, uma existência sem significado.

3 pensou em “RICO DE ESQUERDA: O AÇOUGUEIRO VEGETARIANO

  1. Tem o rico de classe média, média alta filho de pais normalmente funcionários públicos, liberais, que estudam nas melhores escolas e depois vão estudar fora do país para virarem posteriormente artistas escritores, compositores, artistas plásticos para retratar a pobreza e o desequilíbrio social em suas artes.

    Um exemplo? Pega todo o pessoal da semana de arte moderna de SP em 22. Todos de classe média que queriam retratar o Brasil. Criaram o Macunaíma, que nos atrasou muito.

    Exemplo notório de Bilionários que já nasceram em berço esplêndido e lutam contra a “desigualdade social”? Os irmãos Moreira Salles.

    O que todos têm em comum? A hipocrisia.

  2. Eu me sinto um ser TRANSSOCIAL, vivo como um rico, mas sou aprisionado em um corpo de pobre. Para mim, não existe “Desenrola Brasil”, só Jesus na causa.

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