Fui nova, mas fui triste; só eu sei
como passou por mim a mocidade!
Cantar era o dever da minha idade…
Devia ter cantado, e não cantei!
Fui bela. Fui amada. E desprezei…
Não quis beber o filtro da ansiedade.
Amar era o destino, a claridade…
Devia ter amado, e não amei!
Ai de mim! Nem saudades, nem desejos;
nem cinzas mortas, nem calor de beijos…
— Eu nada soube, nada quis prender!
E o que me resta? Uma amargura infinda:
ver que é, para morrer, tão cedo ainda,
e que é tão tarde já para viver.
Florbela Espanca, Portugal (1894-1930)
Coitada da Florbela, morreu sem amar, sem cantar (eu entendi o que ela quis dizer), sem saudades, desejos, beijos ardentes.
Morreu com 36 anos e já se achava velha para recuperar o tempo perdido.
Aí me vem uma pergunta, naquele tempo era tão difícil assim encontrar um amor?
Sempre que leio poetas portugueses, tenho a impressão de que a tristeza reinava, ou reina, naquelas terras.
Felizmente nós, brasileiros, entre tantos “defeitos”, não herdamos a melancolia portuguesa.
Tens razão, caro Pablo; os poetas portugueses além da tristeza, parece que amam a melancolia.
Quanto mais leio os portugueses, mais admiro Castro Alves
A propósito de Castro Alves, dê uma olhada num vídeo que mandei pro seu zap.
Caro Berto, v. já me mandou algumas semanas atrás quando nos apresentou um soneto do poeta pegador na coluna de poesias.
Estou virando cara vez mais fã deste gênio que morreu com anos, mas viveu muito.
Grato pela lembrança