SINCERIDADE
(POESIA COM OBJETIVO DEFINIDO)
Nosso alvo é a paz
Dizem americanos e russos
De emboscada.
E se armam para um tiro
Na coitada.
POEMINHA A UM FOTÓGRAFO
Retoca, meu rapaz, retoca bem;
Tira aqui um pouco de papada,
E mete uns cabelos mais;
Tem quase nada.
Corta a curva do nariz
Alisa as rugas
Raspa a cicatriz
(Não morri por um triz)
E não esqueça de botar
Um pouco de brilho juvenil
No olhar.
Eu lhe recomendei bem
Ao fazer o pedido:
Não me agrada sair
Tão parecido.
SEM MARGEM A DÚVIDAS
Se você ainda mantém
A intenção moral-visual
De só encarar homens de bem
Segue este meu conselho:
Sai da rua,
Vai pra casa,
Tranca a porta
E quebra o espelho.
POESIA DA CONFORMAÇÃO DEFINITIVA
Não quero mais, nunca mais,
Melhorar.
Agora vou parar
E descansar.
POEMINHA SOBRE O MISTÉRIO DO TEMPO
O despertador desperta
Acordo com sono e medo:
Porque a noite é tão curta
E fica tarde tão cedo?
CONSTATAÇÃO MELANCÓLICA NUM MUNDO DE
MUDANÇAS VERTIGINOSAS
Você luta, trabalha,
Dá um duro danado
E quando senta, contente,
Está ultrapassado.
Milton Viola Fernandes (1923 – 2012). Autor e tradutor. Descobriu na adolescência que havia sido registrado erroneamente, graças a uma caligrafia duvidosa, como Millôr. De humor singular, humanista e moderno, com visão cética do mundo, Millôr Fernandes foi considerado uma figura de proa do panorama cultura brasileiro: jornalista, escritor, artista plástico, humorista, pensador. Destacou-se em todas essas atividades. No teatro, empreendeu uma transformação no campo da tradução, tal qual a quantidade e diversidade de peças que traduziu. Escreveu em parceria com Flávio Rangel – Liberdade, Liberdade – espetáculo musical que fez grande sucesso em nossos teatros, em 1965. Em seus trabalhos costumava-se valer de expedientes como a ironia e a sátira para criticar o poder e as forças dominantes sendo, em consequência, confrontado constantemente pela censura.
Jornalista, escritor, tradutor, artista plástico, humorista e pensador, Millôr Fernandes se destacou em todas essas atividades., como foi referido na sua minibiografia. “AS REFLEXÕES POÉTICA DE MILLÔR FERNANDES” presta uma justa homenagem a esse autor e tradutor considerado uma figura de proa do panorama cultura brasileiro.
Das reflexões poéticas de Millôr Fernandes, enuciadas por você, destaco:
SINCERIDADE
(POESIA COM OBJETIVO DEFINIDO)
Nosso alvo é a paz
Dizem americanos e russos
De emboscada.
E se armam para um tiro
Na coitada.
Rafael,
Agradeço suas considerações a respeito do meu artigo sobre os poemas de Millôr Fernandes (1923 – 2012). Ele nasceu em 1923, no Rio de Janeiro. Foi um dos mais importantes e influentes artistas do humor no Brasil, ganhando destaque por sua irreverência, ironia e crítica social presentes em textos, charges e peças teatrais. Na década de 1960, conquistou notoriedade por suas colunas de humor em publicações como Veja, O Pasquim e Jornal do Brasil.
Aproveito esse espaço democrático do Jornal da Besta Fubana para compartilhar um poema de Millôr Fernandes (1923 – 2012):
Insatisfação Absoluta
O que me dói
É que quando está tudo acabado
Pronto pronto
Não há nada acabado
Nem pronto pronto
Pintou-me a casa toda
Está tudo limpado
O armário fechado
A roupa arrumada
Tudo belo, perfeito.
E no mesmo instante
Em que aperfeiçoamos a perfeição
Uma lasca diminuta, ténue, microscópica,
Não sei onde,
Está começando
Na pintura da casa
E as traças, não sei onde,
Estão batendo asas
E a poeira, em geral, está caindo invisível,
E a ferrugem está comendo não sei quê
E não há jeito de parar
Saudações fraternas,
Aristeu
Tive a excelente surpresa de acessando o Jornal da Besta Fubana encontrar um artigo sobre as poesias de Millôr Fernandes. Ele tinha uma inteligência privilegiada Ele foi um desenhista, humorista, dramaturgo, escritor, poeta, tradutor e jornalista brasileiro. Conquistou notoriedade por suas colunas de humor gráfico em publicações como Veja, O Pasquim e Jornal do Brasil.
Nascido no Rio de Janeiro e dono de um estilo próprio e de um humor ácido e inconfundível, Millôr Fernandes definia a si mesmo como jornalista. Para os leitores e admiradores, que o acompanharam ao longo dos seus mais de 70 anos de carreira, a definição parece insuficiente. Grande desenhista, escritor e tradutor, Millôr fugiu, desde sempre, do óbvio. Ficou órfão de pai e mãe muito cedo, mas contornou as adversidades da vida e, de maneira autodidata, aprendeu línguas e desenvolveu seu traço e seu texto.
Considero todas reflexões poéticas desse talento da nossa literatura verdadeiras obras primas e seria ingusto citar somente uma delas. Sou um fã que sempre releio as obras de Millôr Fernandes.
Dione,
Grato por suas informações a respeito Millôr Fernandes (1923 – 2012). Concordo com todos seus argumentos a respeito desse genial jornalista, escritor, artista plástico, humorista e pensador que se destacou-se em todas essas atividades.
Uma vertente significativa da criação teatral de Millôr Fernandes é o seu trabalho como tradutor, certamente o melhor e mais importante que o nosso teatro já teve; e também o mais produtivo, a ponto de ter transformado essa atividade num quase monopólio pessoal, no setor da produção teatral. O acervo de muitas dezenas de traduções, que vai do clássico – Rei Lear, de William Shakespeare – ao moderno – As Lágrimas Amargas de Petra von Kant, de Fassbinder, passando pelo musical – Chorus Line, de James Kirkwood e Nicholas Dante.
Compartilho com a prezada amiga um poema do talentoso Millôr Fernandes (1923 – 2012):
Reflexão sobre a reflexão
Terrível é o pensar.
Eu penso tanto
E me canso tanto com meu pensamento
Que às vezes penso em não pensar jamais.
Mas isto requer ser bem pensado
Pois se penso demais
Acabo despensando tudo que pensava antes
E se não penso
Fico pensando nisso o tempo todo.
Saudações fraternas,
Aristeu
Humor é uma das características marcantes dos textos de Millôr Fernandes. Há peças de teatros e prosas do artista classificadas como “humor ácido”, um subgênero que utiliza assuntos sérios e de tabus com o objetivo de produzir humor. Fernandes também é marcado por explorar a comédia sobre o cotidiano carioca.
Outro aspecto característico das obras de Millôr Fernandes é a ironia. A ideia desse tipo de figura de linguagem é usar frase contraditória no sentido de humor, é expressar algo fora do real significado ou ainda “perguntar fingindo não saber a resposta”. Millôr Fernandes explorava a ironia combinada com a provocação para o público refletir sobre a realidade.
Essa minha intimidade com a obra de Millôr Fernandes vem do conhecimento dele utilizar a sátira e a crítica sociopolítica em sua obra.
Os poemas foram bem selecionados nesse artigo homenageando esse genial traduto e escritor. O seu legado ficará sempre presente a fim de que as novas gerações tenham conhecimento do seu potencial criativo.
Messias,
Muito obrigado por suas obsrvações a respeito de Millôr Fernandes (1923 – 2012). Esse artigo me deixou feliz porque está atingindo o objetivo de prestar uma homenagem a esse notável escritor, artista plástico, humorista, e pensador. Destacou-se em todas essas atividades. No teatro, empreendeu uma transformação no campo da tradução, tal qual a quantidade e diversidade de peças que traduziu.
Aproveito a ocasião para compartilhar um poema do notável Millôr Fernandes (1923 – 2012). com o prezado amigo:
Acalanto
Deita, filho
E constrói teu sono
O medo já vem.
Fecha os olhos dos ouvidos
Faz escuro aos ruídos
Amortece o brilho desse som.
Pronto, a angústia gira muda
No longplei sem sulcos
Da noite sem insônia.
Dorme, filho,
Faz silêncio na Amazônia.
Saudadções fraternas,
Aristeu
Considero um presente acessar o Jornal da Besta Fubana e ler o artigo “AS REFLEXÕES POÉTICA DE MILLÔR FERNANDES” . A leitura me incentivou a ler os liivros que ainda faltam para completar minha informação sobre quem escreveu utilizando a ironia e a sátira com a delicadeza de quem sabe dosar com equílibrio correto.
Das reflexões poéticas de Millôr Fernandes, muito bem selecionadas por você, destaco:
SEM MARGEM A DÚVIDAS
Se você ainda mantém
A intenção moral-visual
De só encarar homens de bem
Segue este meu conselho:
Sai da rua,
Vai pra casa,
Tranca a porta
E quebra o espelho.
Marina,
O seu comentário está ótimo. Estou satisfeito com a repercussão do artigo sobre os poemas de Millôr Fernandes (1923 – 2012). (1923 – 2012) e, principalmente, por despertar nos leitores fubânicos o desejo de ler a obra magnífica de Millôr Fernandes (1923 – 2012), que é tão importante para entender a evolução da nossa literatura ao longo dos anos.
O seu texto merece um compartilhamento de um poema desse extraordinário escritor:
Poesia exploratória a você
Quem alisa meus cabelos?
Quem me tira o paletó?
Quem, à noite, antes do sono,
acarinha meu corpo cansado?
Quem cuida da minha roupa?
Quem me vê sempre nos sonhos?
Quem pensa que sou o rei desta pobre criação?
Quem nunca se aborrece de ouvir minha voz?
Quem paga meu cinema, seja de dia ou de noite?
Quem calça meus sapatos e acha meus pés tão lindos?
Eu mesmo.
Saudações fraternas,
Aristeu
Parabéns, Aristeu, pela ótima postagem, REFLEXÕES POÉTICAS DE MILLÔR FERNANDES!
Millôr Fernandes, nome artístico de Milton Viola Fernandes (1923 – 2012), foi um jornalista, desenhista, humorista, dramaturgo, pensador, poeta, escritor e e tradutor brasileiro.
Conquistou notoriedade por suas colunas de humor gráfico em publicações como Veja, O Pasquim e Jornal do Brasil. Foi considerado uma das figuras mais importantes do panorama cultural brasileiro.
Dono de um humor fino, tinha uma visão cética do mundo. Destacou-se em todas as atividades que abraçou. No teatro, empreendeu uma transformação no tocante à diversidade e quantidade de peças por ele traduzidas.
Repetindo o que você disse:
“Escreveu em parceria com Flávio Rangel – Liberdade, Liberdade – espetáculo musical que fez grande sucesso em nossos teatros, em 1965. Em seus trabalhos costumava-se valer de expedientes como a ironia e a sátira para criticar o poder e as forças dominantes sendo, em consequência, confrontado constantemente pela censura.”
Millôr Fernandes deixou uma grande lacuna no cenário cultural brasileiro.
Desejo-lhe um feliz final de semana, com muita saúde e paz!.
Prezado Aristeu:
Entre as REFLEXÕES POÉTICAS DE MILLÔR FERNANDES, selecionadas por você, destaco:
POEMINHA SOBRE O MISTÉRIO DO TEMPO
O despertador desperta
Acordo com sono e medo:
Porque a noite é tão curta
E fica tarde tão cedo?
Um abraço!
Violante,
É gratificante ler seu excelente comentário com informações importantes sobre Millôr Fernandes (1923 – 2012). O seu texto complementa o meu artigo, pois sua sensiblidade poética e seu dom de escrever de forma objetiva, simples e bela constitui um prêmio ao meu prazeroso trabalha de pesquisar a nossa rica literatura.
Millôr Fernandes começou a trabalhar ainda jovem na redação da revista O Cruzeiro, iniciando precocemente uma trajetória pela imprensa brasileira que deixaria sua marca nos principais veículos de comunicação do país. Em seus mais de 70 anos de carreira produziu de forma prolífica e diversificada, ganhando fama por suas colunas de humor gráfico em publicações como Veja, O Pasquim e Jornal do Brasil, entre várias outras. Dono de um estilo considerado singular, era visto como figura desbravadora no panorama cultural brasileiro, como no teatro, onde destacou-se tanto pela autoria quanto pela tradução de um grande número de peças. Com a saúde fragilizada após sofrer um acidente vascular cerebral no começo de 2011, morreu em março de 2012, aos 88 anos de idade.
Compartilho nesse espaço democrático do Jornal da Besta Fubana um poema do versátil Millôr Fernandes (1923 – 2012) com a prezada amiga:
Poesia matemática
Às folhas tantas
do livro matemático
um Quociente apaixonou-se
um dia
doidamente
por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável
e viu-a do ápice à base
uma figura ímpar;
olhos rombóides, boca trapezóide,
corpo retangular, seios esferóides.
Fez de sua uma vida
paralela à dela
até que se encontraram
no infinito.
“Quem és tu?”, indagou ele
em ânsia radical.
“Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode me chamar de Hipotenusa.”
E de falarem descobriram que eram
(o que em aritmética corresponde
a almas irmãs)
primos entre si.
E assim se amaram
ao quadrado da velocidade da luz
numa sexta potenciação
traçando
ao sabor do momento
e da paixão
retas, curvas, círculos e linhas sinoidais
nos jardins da quarta dimensão.
Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidiana
e os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.
E enfim resolveram se casar
constituir um lar,
mais que um lar,
um perpendicular.
Convidaram para padrinhos
o Poliedro e a Bissetriz.
E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro
sonhando com uma felicidade
integral e diferencial.
E se casaram e tiveram uma secante e três cones
muito engraçadinhos.
E foram felizes
até aquele dia
em que tudo vira afinal
monotonia.
Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum
freqüentador de círculos concêntricos,
viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela,
uma grandeza absoluta
e reduziu-a a um denominador comum.
Ele, Quociente, percebeu
que com ela não formava mais um todo,
uma unidade.
Era o triângulo,
tanto chamado amoroso.
Desse problema ela era uma fração,
a mais ordinária.
Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade
e tudo que era espúrio passou a ser
moralidade
como aliás em qualquer
sociedade.
Desejo uma semana plena de paz, saúde e a inspiração de sempre!
Aristeu
Obrigada, Aristeu, por compartilhar comigo esta lindíssima “Poesia Matemática”, da autoria do grande brasileiro Millôr Fernandes, escritor, jornalista, poeta, desenhista, autor e tradutor teatral, “figura desbravadora no panorama cultural brasileiro”.
Adorei!!!
Desejo a você também uma semana cheia de paz, saúde e inspiração!