Jovem índia brasileira exibindo seu colar
O livro “1001 Dicas de Português” que o acadêmico Antônio Porfírio da Silva comprou especialmente para me presentear, representa a complementação do período completo do meu Curso Ginasial.
Mal sabia que algum dia dedicar-me-ia às letras e viria a sentir tanta necessidade de dominar bem o vernáculo pátrio.
Todos os dias deito os olhos nas fabulosas páginas da professora Dad Squarisi e de Paulo Cunha para reaprender nosso idioma, compensando os tempos que perdi no Ginásio, pois nunca me debrucei com afinco à matéria.
Nas páginas desse livro tenho colhido preciosidades literárias que vou aplicando às minhas crônicas semanais. Hoje, estou mandando para minha filha, noras e amigas casadas, um dos ensinamentos mais cativantes dos motivos ali exemplificados. Por exemplo o termo: “Dona de Casa”.
Sempre se pensou, por aqui, que fosse certa espécie de gozação, pois algumas costumam dizer que se trata de uma denominação indicativa de “Escrava do lar”. Mas, na verdade vernacular, é aquela que manda; a mandona, termo que abreviado, termina como: “a dona”.
A palavra dona vem do latim: domina. Portanto, a denominação está correta.
Na terra dos Césares, a dona era a mulher casada. Ela tomava conta da domus – casa. E aqui acrescento: é, em nossos dias, aquela que manda, de fato. Daí vem o nome de dona, a mandona, a Manda-Chuva.
Até na música, onde o poeta Geraldo Azevedo assim se referiu:
A dona da minha cabeça
Ela vem como um carnaval
E toda a paixão recomeça
Ela é bonita, é demais.
Nunca duvidei disso! Maridos inteligentes, sabem perfeitamente quem é que manda em suas casas: a dona.
Mas, com o decorrer dos anos e modos de viver, acabamos por “inventar” essa triste denominação de: “Dona de Casa”, que estão representadas por ricas ou pobres infelizes, que no lar, tomam conta de tudo. Pegam a carga maior de afazeres;
E, de resto, não são donas de nada, pois vivem atreladas aos maridos, sócios desde o conjugo vobis. Quando muito, algumas são na verdade, apenas sócias sem pró-labore.
Na página 95 – das 314, do mesmo livro, divirto os maiores de idade, abordando um tema pouco comum: as “vergonhas”, assunto comentado pelos autores, aliás, com muita elegância: as índias raspadinhas.
Na Idade Média, a depilação era heresia punível com a vida, diz Dad Squarisi. Mas as índias brasileiras não sabiam disso. E se depilavam há tempos por motivo de saúde.
Chamaram, inclusive, a atenção de Pero Vaz de Caminha – o escrivão da frota de Cabral na época do “achamento” do Brasil – por terem as vergonhas bem raspadinhas – como ele disse em sua célebre carta.
Na verdade, a ausência dos pelos pubianos nas índias não era questão de genética, embora haja questionamentos quanto aos rostos e outras partes dos corpos dos índios, onde não afloram pelos.
O escrivão Caminha não sabia, mas nossas índicas – já naqueles tempos – raspavam os pelos das “vergonhas” utilizando peixes-lixa, a fim de evitar a proliferação de carrapatos e pulgas.
Algo plenamente justificado.
Tubarão-lixa, instrumento depilatório das índias
Entretanto, o escrivão de El Rey Dom Manuel não deixou escapar o fato, informando que as índias brasileiras tinham suas “vergonhas” bem raspadinhas.


Corrija-me se estiver errado, mas tal como os demais representantes da dita “raça amarela”, os aborígines brasileiros não são glabros?
Bem, caro amigo! Tomei por base o livro que citou a “raspação pubiana”. E agora noto que v. tem razão. Os priquitos e rostos dos nossos indígenas nunca tiveram pelos. Muito “pelo ao contrário”!
Grato por seu comentário.
Carlos Eduardo.