Ramiro era muito feio e todos os bonitões da cidade riam de sua falta de beleza. Descaradamente. Até os que também eram feios riam de sua feiúra, tão feia que era.
Na verdade, ele era um dos últimos da fila quando se distribuiu beleza lá nas alturas do céu.
Ele não se importava e seguia a vida, carregando bagagens na estação de trem, trabalhando como chapead (era assim que se chamavam aqueles que transportavam malas, identificados por um número na chapa de bronze colada ao quepe: o seu era o 341).
Um dia Ramiro ganhou de um viajante um espelho encantado que refletia a alma das pessoas que nele se olhassem.
Ramiro olhou, viu-se e passou a rir da feiúra de todos os bonitões da cidade. Discretamente, sem que ninguém percebesse que estava rindo.
O espelho mágico revelou como era feio aquele povo, de alma arrogante, prepotente e podre. E como era belo o Ramiro!
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Mais um texto genial.
O Brasil é cheios de Ramiros.
Só em Acary que há falta deles.
Risos.
Em terra que dá Jesus
não prosperam os Ramiros
Aquele carrega a cruz
Estes, apenas suspiros
Propor Jô levar o espelho do Ramiro para Brasília, mestre Xico. Para medir a beleza de quem está no Poder. Em todos os níveis. Desconfio, só, que o resultado não seria muito promissor. Enfim…
Com o nível dos deputados e senadores que temos, ele, o espelho de Ramiro, certamente seria insuficiente para avaliar a feiúra de nossos ‘representantes’ meu caro Doutor. Zé Paulo.