As pessoas esquecem que um governo não é uma pessoa, mas um gabinete. O governo não é apenas o presidente. O governo incorpora o vice-presidente e os ministros, por exemplo, que formam o primeiro escalão. O governo Bolsonaro começou com dois nomes de reconhecimento internacional: Paulo Guedes e Sérgio Moro. Tarcísio Freitas era um mero desconhecido oriundo do governo Temer, mas se você for uma pessoa que se posiciona além das paixões ideológicas, vai perceber que ele dinamizou os investimentos em infraestrutura no país. Dentre tantas obras, uma ponte de 1,7 Km ligando o Acre a Rondônia, acabando com uma travessia que era feita via balsa e que demorava pouco mais de duas horas. Agora, bastam 5 minutos.
O setor de infraestrutura é muito sensível à corrupção. As grandes empreiteiras envolvidas na Lava Jato mostram, claramente, como uma obra de US$ 2,1 bilhões se transformou numa obra de US$ 19,2 bilhões, como é o caso da Refinaria Abreu e Lima que tem somente 75% concluída e trabalhava com 50% de sua capacidade. Até o momento eu não vi uma notícia sequer de empreiteiras beneficiadas nessas obras que Tarcísio tem realizado.
Mas, esse preâmbulo é para falar sobre uma pesquisa que vi essa semana baseada na seguinte pergunta: Que Brasil você quer ter? O de Lula ou de Bolsonaro? Eu não respondi a tal pesquisa, mas confesso que comecei a fazer determinadas comparações, não das pessoas Lula e Bolsonaro, mas do país nos seus respectivos governos. Elenquei alguns pontos e insisto em dizer: todos eles à luz dos fatos. Não tenho o interesse de defender A ou B, mas vamos a eles:
1) Durante o governo Lula (amplio para governo do PT) as estatais davam enormes prejuízos. Os Correios apresentaram prejuízo de R$ 2,3 bilhões nos governos do PT e em 2020 apresentou lucro de R$ 1,53 bilhões e, diga-se de passagem, desde 2018 que a empresa vem tendo resultados positivos. O Patrimônio Líquido passou de R$ 146,7 milhões para R$ 949,6 milhões, em 2020, representando um aumento de 547,31%;
2) O Postalis, fundo de previdência dos Correios, apresentou déficit de R$ 7 bilhões e em 2017 a operação “Amigo Germânico” da Polícia Federal apurou desvios de recursos do fundo a ponto de o TCU tornar indisponível os bens dos diretores. Uma aluna, sob minha orientação, defendeu uma dissertação, em fevereiro de 2019, que tratava da equalização do déficit de fundos de pensão. Os dados que cito aqui são desse trabalho, mas você pode pesquisar se quiser. Em julho de 2021 foi aprovado pelo conselho deliberativo o equacionamento do déficit de R$ 7 bilhões sendo 50% assumido pela empresa e a outra metade pelos funcionários. Os erros nesse fundo são inúmeros, desde a inserção de beneficiários até os desvios de recursos para fins políticos.
3) Os desvios de recursos de empresas públicas eram divulgados diariamente pelos jornais e esse tipo de notícia virou fumaça. Em nenhum dos ministérios se comprovou o beneficiamento de empresas privadas. Houve a denuncia da Covaxin, mas não houve pagamento por parte do governo e ao que parece ficou restrito a um funcionário que foi demitido.
4) Li, ontem, que há suspeitas de desvios de recursos do Exército na compra de cloroquina e entendo que deve ser apurado, muito embora fiquei extremamente desconfiado de isso tenha ocorrido, pelo seguinte: nos governos passados, onde havia corrupção generalizada, o Exército executou obras na BR 101 norte e DEVOLVEU dinheiro aos cofres públicos. Em inúmeras viagens até João Pessoa, vi os soldados trabalhando na BR e depois foi noticiado que houve devolução dos recursos. Ora, se antes o comportamento era esse, então o que mudou agora? Sou favorável ao esclarecimento. O TCU, infelizmente, sempre existiu durante os governos anteriores e não foi capaz de enxergar a corrupção generalizada. Eu oriento um aluno que é funcionário do TCU e perguntei a ele sobre isso. Ele respondeu: “Professor, a auditoria era feita onde mandavam”. Ou seja, se estavam roubando a Petrobras, então vamos fazer uma auditoria na Universidade Federal de Roraima. Não custa lembrar esse e-mail do subprocurador do TCU, Lucas Furtado:
Decididamente, o Brasil de Lula fez muito mal, pelo menos do meu ponto de vista, embora tenha interiorizado o ensino superior (começo a desconfiar de que o propósito era a educação, mas fica para depois). Não sei até que ponto vai o Brasil de Bolsonaro, que repito, não é um Brasil do presidente, mas de um gabinete composto por ministros que surpreenderam nas suas atuações. Agora, acho lamentável o que seguidores por ignorância ou desinformação fazem ao propagar certos comentários. Fiquei abobalhado com um que dizia que a 1ª Ministra do Chile tinha declarou a extinção das forças armadas, da polícia e estatizou empresas. O Chile tem um regime presidencialista e não tem primeira ministra. Acho que isso não é argumento para a construção de um Brasil melhor.
Finalizo dizendo duas coisas: a primeira é que o resultado da pesquisa sobre a pergunta mostrou que somente 8% preferem o Brasil de Lula; a segunda, Lula, ao que se sabe, passou a desconfiar das pesquisas que lhe botam no segundo turno contra ele mesmo.
Caro Maurício, não sei se esta enquete que v. fala é a da Pan.
Faz 3 dias que está rodando no Site da Jovem Pan. O PT se mobilizou totalmente para ficar à frente e efetivamente chegou a ficar em determinados momentos.
Agora entrei lá, está com 1,4 mi de votos e Bolsonaro tem pouco mais de 55% deles. Perto de 770 mi contra perto de 620 mi do Cachaça.
Mesmo mobilizando toda a militância não dá para negar que Bolsonaro está na frente.
Quem não votou, vá lá e vota, pois nunca foi tão fácil votar.
João, eu acho que é. Eu vi print onde os percentuais eram quase 92 e quase 8
Caro Assuero, acho que v. viu a enquete errada, veja
https://jovempan.com.br/programas/entrelinhas/enquete-entrelinhas-qual-brasil-voce-prefere-o-de-lula-ou-o-de-bolsonaro.html
Agora está com quase 2 milhões de votos e Bolsonaro está com 2/3 deles.
Assuero, e se nem ele acredita, candidato não será.
A vaidade não o deixará levar outra peia.
Outra coisa. Parabéns pela coluna.
Jesus, eu penso que é a vaidade que o impulsiona. Confesso que me assusta a possibilidade com a aparelhamento das instituições. Veja o que fez o STF. Vai ser disso pra pior. Valeu. Abraços