CÍCERO TAVARES - CRÔNICA E COMENTÁRIOS

Imagem extraída do DVD

Ambientado durante a revolução mexicana de 1913, “Quando Explode a Vingança” (título original em italiano (Giù La Testa), terceiro filme do magno diretor Sergio Leone da trilogia de Era Uma Vez… é uma história sobre poder e política, escrito pelo diretor, os famosos roteiristas Luciano Vincenzoni e Sergio Donati, que colaboraram com o diretor em “Três Homens em Conflito” (1966) e “Era Uma Vez na América (1984).”

Rod Steiger, vencedor do Oscar de melhor ator no filme “No Calor da Noite” (1967) do diretor Norman Jewison, onde fez o papel do xerife Bill Gillespie, atuando ao lado do ator negro Sidney Poitier, interpreta Juan Miranda, um camponês rude com um coração de Robin Hood, Jemes Coburn (Sete Homens e Um Destino) (1960), co-estrela no papel de John Mallory, um revolucionário irlandês atirador de dinamite que fugiu para o México para praticar suas habilidades e Romolo Valli (Um Homem, Uma Mulher, Uma Noite). Juntos, eles preparam uma ousada operação de fuga para libertar prisioneiros políticos, defender seus compatriotas contra a milícia bem equipada de um sádico oficial e arriscam suas vidas em um trem carregado com explosivos. O filme tem uma magnífica fotografia realizada nos desertos da Espanha.

A rapidez com que o longa progride deve muito à montagem de Nino Baragli, que opta por diversos cortes bruscos seguidos de elipses. Tais saltos temporais, a princípio, confundem o espectador, passando uma sensação de termos perdido algo na narrativa. Entretanto, conforme os minutos se passam, vamos encaixando lentamente as peças e, com elas, vem o entendimento do filme como um todo.

Aqui não se pode deixar de traçar a semelhança com a leitura de um livro e sua estrutura capitular, que se traduz na tela da mesma forma. Essa espécie de quebra da imersão nos força a pensar, a analisar a projeção diante de nós, assumindo, talvez, uma visão mais crítica em relação à sua trama e, em segundo momento, à revolução em si. Os questionamentos, presentes nos closes das bocas cheias de comida, voltam ao primeiro plano e, por mais que os protagonistas estejam de um lado do conflito, passamos a nos perguntar qual a diferença entre ambos os lados. A importância de Juan e John é, aqui, ressaltada, ao passo que ambos foram tragados a contragosto para a revolução, não pertencendo, efetivamente, a nenhuma facção.

Mesmo com essa visão política presente na projeção, o que fica, porém, incrustado em nossa mente, é a amizade entre o mexicano e o irlandês, reiterando a forte visão humanista de toda a violência apresentada na obra. Quando Explode a Vingança, no fim, fica como uma grande aventura desses dois homens, caráter constantemente lembrado pela inesquecível trilha de Ennio Morricone, que rompe o som ambiente nos momentos-chave, seja para empolgar o espectador, seja para fazê-lo rir através da palpável química entre Rod Steiger e James Coburn. É um filme que merece ser assistido inúmeras vezes e que, em nenhuma delas, irá cansar, fisgando nossa atenção do início ao fim.

É preciso mencionar aqui as curiosidades que houve durante a pré-produção dessa obra-prima:

Inicialmente, Peter Bogdanovich seria o diretor de Quando Explode a Vingança, mas ele desistiu do projeto, sendo substituído por Sam Peckinpah, que acabou sendo retirado do projeto por questões financeiras com a United Artists; Peckinpah era um diretor de temperamento explosivo.

Clint Eastwood e Jason Robards estiveram cotados para interpretar o personagem Sean Mallory, mas nada concretizado; Quando recebeu a proposta do papel de Sean Mallory, James Coburn relutou antes de aceitar. Para ajudar na decisão, procurou o ator Henry Fonda, que tinha filmado “Era Uma Vez no Oeste” com o cineasta, e ouviu que Sergio Leone era o maior diretor com o qual já havia trabalhado.

Trailler oficial de Quando Explode a Vingança

Crítica a Quando Explode a Vingança

2 pensou em “QUANDO EXPLODE A VINGANÇA (1971) – UMA OBRA-PRIMA DE LEONE

    • Obrigado, parceiro Brito, pelo comentário.

      É você, de lá, com suas notas taquigráficas sobre os homens e mulheres que fizeram a história e não foram reconhecidos pelos historiadores oficiais, e eu cá com minhas coisinhas sobre o faroeste, como costumava dizer Dominguinhos com as músicas dele.

      Ótimo início de semana para o grande amigo e família, sempre que perguntado.

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