Quando eu partir, que eterna e que infinita
Há de crescer-me a dor de tu ficares;
Quanto pesar e mesmo que pesares,
Que comoção dentro desta alma aflita.
Por nossa vida toda sol, bonita,
Que sentimento, grande como os mares,
Que sombra e luto pelos teus olhares
Onde o carinho mais feliz palpita…
Nesse teu rosto da maior bondade
Quanta saudade mais, que atroz saudade…
Quanta tristeza por nós ambos, quanta,
Quando eu tiver já de uma vez partido,
Ó meu amor, ó meu muito querido
Amor, meu bem, meu tudo, ó minha santa!
João da Cruz e Sousa, Florianópolis-SC (1861-1898)
João, meu xará, nestes versos pensa na dor que terá causado à sua amada quando partir.
A dor de deixá-la só?
Meu Deus, quanta presunção, quanto egoísmo.
Quem parte terá sua vida julgada por Deus.
Sua memória terrena ficará pelas ações feitas.
Ainda que tenha um bom túmulo, uma lápide com uma frase inspiradora, que vire nome de rua e que depois de um século ainda seja lembrado no JBF; a morte o terá levado.
A sua amada, se não quiser morrer junto (metaforicamente) terá que seguir sua vida e procurar outros amores.
Ou seria esta a intenção do Autor, que ela morra junto?