MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

Existem palavras terminantemente proibidas no vocabulário esquerdista e uma delas chama-se privatização. É preferível que o estado se lasque, que falte dinheiro em caixa, mas deve-se manter cargos, salários e benefícios absurdos dos gestores e do conselho de administração dessas empresas públicas. Durante o recesso do JBF eu coloquei um texto sobre isso e as reações de que tem cérebro pra pensar diferem muito daqueles que só sabem repetir “não à privatização” embora a incapacidade de apresentar um argumento viável para tal é gritante. Os primeiros aplaudiram, os outros … teve a até sugestão para ler um livro escrito por um jornalista, ou seja, nada científico e puramente a opinião do cara.

O caso da Petrobras é emblemático. A União tem 50,3% das ações com direito a voto e 18,6% das ações preferenciais, fato que a faz detentora de 36,6% do capital total da empresa. Por conseguinte, 63,4% das ações pertencem a investidores privados e desse total tem-se que 45% são investidores estrangeiros. A Petrobras pagou, cerca de, R$ 24 bilhões em dividendos e desse montante, R$ 8,4 bilhões foram pagos ao governo. Com base nesses valores, alguns analistas, ou esquerdistas, defendem a manutenção do governo a frente da companhia. Mas, ….

Atrelar a arrecadação do governo ao resultado do mercado financeiro parece ser um grande equívoco. O motivo é simples: a partir do momento que o governo é dono, qualquer que no mercado caberá ao governo assumir os danos, porque os investidores, simplesmente, vendem suas ações para minorar seu prejuízo. Em 2001, a plataforma P-36, avaliada em US$ 500 milhões afundou e pelos danos ambientais a Petrobras foi multada em R$ 100 milhões. Quem pagou essa conta? Quem perdeu o investimento? As ações foram vendidas a preço de banana. Cabe lembrar que durante o escândalo do petrolão, na gestão de Graça Foster, uma ação da Petrobras valia R$ 4,95. Somente o governo assume o ônus dessa participação.

Outra empresa que está na berlinda da esquerda é a Eletrobras. O anunciado aumento do preço da energia para esse início de julho levou a esquerda a culpar o governo atual. É incrível como as pessoas não se esforçam para falar com base em fatos. Em setembro de 2012, Dilma Rousseff propôs a Medida Provisória Nº 579 que reduzia o preço da energia. Só nessa talagada sem justificativa técnica, num espaço de 6 anos, a a Eletrobras amargou um prejuízo de R$ 30 bilhões, pois perdeu, de forma imediata, 20% de sua receita. Tal medida provisória se transformou na Lei Nº 12.783/2013 através da qual foram renovadas as concessões de hidroelétricas, causando um prejuízo de R$ 200 bilhões ao sistema. O mais engraçado é que o deputado pernambucano Eduardo da Fonte espalhou outdoors pela cidade comemorando sua atuação para “esse benefício”. Na mesma época, Fernando Ferro, que saiu da Chesf para a política, colocou um outdoor que dizia: “enquanto muitos debatiam, Fernanndo Ferro atuava para reduzir o preço da energia.” Deu merda e nenhum desses merdas veio a público pedir desculpas.

Fernando Henrique Cardoso privatizou a Telebras. Foi um escândalo na época. O PT criticou até a mãe do cara. Mas, vamos analisar o que houve com o sistema de telecomunicações. A tecnologia tornou-se de ponta e para isso é necessário investimento que o governo não tem grana para manter. Minha maior crítica nesse processo, não foi a privatização, mas a forma como ele foi feita: o cara que comprou tomou dinheiro emprestado ao BNDES. Não devia ter sido assim: dinheiro do BNDES é destinado ao investimento de projetos de empresas nacionais. Se quer comprar, meta a mão no bolso e pague. Mas, o resultado dessa privatização é que o Brasil tem 244 milhões de celulares e tem 82% dos seus domicílios com acesso a internet. Por que isso acontece? Porque as empresas privadas não precisam licitar para adquirir bens e/ou serviços. Porque os caras sabem o custo do dinheiro e analisam oportunidades de investimentos. Não é a toa que Elon Musk tem a fortuna que tem. Manda-o vender cocos e calcule (o Dr. Honoris Coco, Sancho Pança pode ajudar nesse cálculo) quantos anos ele teria que trabalhar para ter 1% da fortuna que ele tem hoje.

O que mais me surpreende é que eu vejo professores de economia fazendo defesa de estatização. Todo professor de Microeconomia ensina a função de Teoria da Produção. Sem querer sem muito técnico, um dos conceitos que decorre das curvas de custo é o momento no qual uma empresa deve deixar o setor. A questão é a seguinte: o custo variável médio tem um ponto de mínimo e quando a linha de preços está abaixo de ponto de mínimo …. feche a empresa. Saia do mercado.

Seria importante que o discurso antiprivatização coloque argumentos reais para ser contra. O governo poderia arrecadar mais com produção e comercialização do que com dividendos. A arrecadação do governo pode cair em função da atividade econômica, no entanto, ele jamais perderá o direito de tributar. Além disso, não precisa assumir prejuízo quando o mercado cai, não precisa investir.

Logicamente, há setores nos quais a iniciativa privada não pode atuar, como defesa, por exemplo, mas o ideal era que tudo aquilo que fosse capaz de ser empreendido pela iniciativa privada, que fosse. Quem gera emprego é a iniciativa privada. O governo só gera emprego quando faz concurso público.

10 pensou em “PRIVATIZAÇÃO

  1. Excelente artigo, caro Maurício.

    Gostaria de acrescentar na sua última frase: “O governo só gera emprego quando faz concurso público.” Gera emprego, mas não produz nada.

    Quem gera riqueza é a iniciativa privada.

    Bom domingo

    • João Francisco, na verdade o governo deveria gerar bem estar social. Cabe a iniciativa privada dispor de condições para gerar riqueza e isso é impossível num sistema no qual a carga tributária engole o sistema de produção. Eu concordo com Roberto Campos quando ele diz que as pessoas se preocupam com a distribuição e não com a produção da riqueza. Isso é coisa de sindicalista,

  2. Existe o chamado monopólio natural em uma atividade onde o altos custos de infraestrutura dão ao maior player uma vantagem esmagadora sobre concorrentes potenciais. Imagine colocar uma cia de distribuição de eletricidade para concorrer com a já existente (imagine ter que duplicar toda a posteação e linhas de transmissão pela cidade, p.ex.). O setor dever sem controlado pelos usuários e pelo estado.
    A indústria do petróleo exige isto? Não, A distribuição de cartas e encomendas exige isto? Não. Então por que manter os monopólios? O pior é que a estatal é menos eficiente (seus empregados dificilmente são demitidos) e inibe a iniciativa privada de investir no setor econômico.

    • Osnaldo, o que eu acho engraçado é que todo monopólio gera um custo social. Você, como economista, sabe que o ponto de produção monopolista ocorre quando a receita marginal se iguala ao custo marginal e isso gera a “perda bruta”. Eu não consigo entender como é que os caras criticam o “monopólio” de alguns setores de produção e defendem quando o governo é dono.

  3. Não é a toa que Elon Musk tem a fortuna que tem. Manda-o vender cocos e calcule (o Dr. Honoris Coco, Sancho Pança pode ajudar nesse cálculo) quantos anos ele teria que trabalhar para ter 1% da fortuna que ele tem hoje.

    Apesar das imensas dificuldades com “as matemágicas”, recorri a minha sogra, que é a administradora da Sancho Coco Loko, empresa especializada na venda cocoleira, mas que na verdade vive enrolada entre abacaxis e pepinos imensos com os infindáveis boletos a pagar.

    Dez horas ininterruptas de cálculos depois, com cálculos revisados por 10 especialistas, conclui a esforçada senhora que o tal Musk teria que trabalhar 5.500 anos vendendo “verdinhos” para ter 1% da fortuna que ele tem hoje. kkkkkk

    • Porra Sancho, chegou bem pertinho da meia vida do carbono 14 que é 5730 anos…..,mas agradeço pelos cálculos. Isso quer dizer Sancho que você deve investir em tecnologia. Põe chip, não um chifre, nos verdinhos e começa a faturar alto.

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