Andei em longas excursões distantes:
Vi palácios, sacrários, monumentos,
Focos da indústria, artísticos portentos…
Praças soberbas, capitais gigantes.
Mas lia, em toda a parte, nos semblantes,
Dores… lutas… idênticos tormentos…
– Onde a pátria dos risos?!… Desalentos
Colhi apenas, mais cruéis que dantes.
Achei, enfim, num pequenino porto,
Crenças, consolações, calma, conforto,
Tudo que anima, enleva e maravilha:
Ninho de encantos que a inocência habita
Promontório do céu, plaga bendita.
É junto ao berço teu, ó minha filha.

Afonso Celso de Assis Figueiredo Júnior, Ouro Preto-MG (1860-1938)
Se quem vai ainda hoje para a Europa ainda vê palácios, sacrários e monumentos portentosos; imaginem na virada do século XIX para o XX?
O nosso Afonso Celso (quantas cidades têm ruas com este nome) , Visconde de Ouro Preto, foi uma pessoa privilegiada de nascimento, cultura e contatos. Durante o império ocupou todos os cargos públicos que um político poderia almejar em um império. Era amigo muito próximo de D. Pedro II.
Foi político muito ativo até 1889, quando do golpe militar do traidor da monarquia, Deodoro da Fonseca.
Estes versos acima mostram o inconformismo com as diferenças sociais da época entre a opulência dos palácios e a miséria das ruas, que provavelmente frequentava como político.
Não trilhou o caminho fácil do socialismo florescente da época, o que é um grande alento.
Pingback: DIFERENÇAS SOCIAIS | JORNAL DA BESTA FUBANA