FERNANDO ANTÔNIO GONÇALVES - SEM OXENTES NEM MAIS OU MENOS

Creio firmemente que estamos atravessando uma conjuntura histórica brasileira recheada de inúmeros fatores amplamente predatórios para a nossa futuridade como nação soberana. Urge a implantação de uma CSDN – Campanha Sistemática de Desmediocrização Nacional. Enumero, abaixo, alguns dos sinais mais evidentes destes primeiros dias do ano:

a. A analfabetização professional crescente em quase todos setores públicos e privados, a grande maioria abandonando um mínimo de criticidade, sempre se respaldando nos recursos da computação eletrônicas de dados, se olvidando, por ignorância ou conivência cretinas, de uma famosa advertência do saudoso economista nordestino Celso Furtado, quando dirigia a SUDENE, no Recife: “O quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos. Mas será que o triângulo é realmente retângulo?” E ele ainda sempre complementava seus despachos e papos com funcionários reproduzindo uma frase do notável economista sueco Gunnar Myrdal: “O pior subdesenvolvimento é o mental”. Uma realidade que se configura cada vez mais, numa época de muitos avanços tecnológicos e quase nulo desenvolvimento social crítico-construtivo, haja visto alguns irracionais mandantes, eleitos nas últimas eleições do planeta por um eleitorado manada.

b. O crescimento do uso e da comercialização de drogas, provocando até o transporte da droga por aviões militares, além de um pronunciamento presidencial latinoamericano, proclamando que cocaína faz menos mal que whiskey. Um pronunciamento feito sem tirar a cela, os arreios e as ferraduras.

c. Crescimento das exibições bundalátricas e peitáticas nos eventos televisivos mais assistidos pela patuléia alienada, induzindo práticas exclusivamente enfiantes, em detrimento das efetivas demonstrações de afeto amoroso.

d. Uma crescente desleiturização física de textos humanísticos estruturadores, favorecendo a multiplicação de gigantescas manadas pelos quatro cantos do país, potencializando um fundamentalismo religioso somente arrecadador, usufruído por gente radicalmente desligada de uma espiritualidade mínima libertadora.

e. Uma cretiníssima polarização bipartidária – os de lá e os de cá – manipulada por lideranças políticas que apenas buscam o mando, pouco se lixando para o bem-estar do todo brasileiro.

f. A bostalização dos eventos televisivos, com as mínimas exceções que favorecem apenas poucos assistentes, exibidas geralmente em altas horas da noite.

g. Um cada vez mais precariamente estratégicos ministérios da Educação e da Cultura – que deveriam estar bastante integrados – com iniciativas distanciadas quilômetros das principais metodologias educacionais e culturas usadas na China e no Japão, essencialmente voltadas para o desenvolvimento de um pensar radicalmente evolucionário e empreendedor, sempre sementeiro.

h. Uma urbanização caótica das principais capitais brasileiras, submetidas a enchentes vergonhosas nos últimos tempos, multiplicando o número de seres humanos que dormem ao relento ´todas as noites.

i. A adultização precoce de crianças e adolescentes, aviltando fases de vida amplamente indispensáveis para uma boa formação cidadã.

j. Um agigantamento apenas burocrático dos Conselhos Profissionais, possibilitando uma gradativa desfiscalização dos níveis de excelência dos serviços prestados pelas diversas graduações de nível superior.

k. Um crescente negativismo geral, onde até mandatários messiânicos estão recomendando deixar de adquirir produtos alimentícios caros, como se a população em geral fosse obrigada a se alimentar de fins de feira e outros cacarecos fora da validação.

No mais, é seguir enriquecendo mentes e corações pela emersão de uma sólida CSE – Cidadanização Solidária Evolucionária, ensejando existências sem ufanismos infantilizados, manifestações grotescas, promessas eleitoreiras, consumismos discriminatórios e outras cafajestadas típicas de um SCSE – Sistema Capitalista Sem Ética, de consequências autodestrutivas, onde todos, os com e os sem dinheiro, terminarão suas existências de modos nada desagradáveis, olvidando-se de uma reflexão inesquecível de Rubem Alves, um pensante docente brasileiro inesquecível, da Universidade de Campinas: “O que faz o mundo humano não são as coisas, são as relações.”.

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