FERNANDO ANTÔNIO GONÇALVES - SEM OXENTES NEM MAIS OU MENOS

1. Um dos mais notáveis líderes de todos os tempos, o Mahatma Gandhi, afirmava que “mais perigoso que o pouco conhecimento, é o grande conhecimento acoplado à ausência de um caráter forte e com princípios, posto que desenvolvimento intelectual sem o desenvolvimento interno do caráter condizente é a mesma coisa que entregar um potente carro esporte nas mãos de um adolescente drogado”. Lição notabilíssima para todos aqueles que possuem responsabilidades de bem conduzir a vida social de uma comunidade. Com vocabulário próprio de homem público culto e de bom caráter.

2. Após a COVID-19, os mapas estão definitivamente superados. O instrumento ideal para perscrutar os horizontes do amanhã é a bússola, ícone do homem público contemporâneo. Ela aponta direções, subsidia orientações estratégicas, fortalece lideranças e consolida posturas inovadoras. E também baliza as avaliações acerca das quebras de hierarquias, dos caos desagregadores e das iniquidades e injustiças que violentam a dignidade do ser humano, seja quem for.

3. Estamos vivenciando dias de turbulência bastante significativos. E o fenômeno é universal, com características mais marcantes nos países menos desenvolvidos, detentores de imaturidades as mais diferenciadas. E a mais gigantesca das imaturidades é a imaturidade emocional-cognitiva, matriz de quase todas as demais, posto que uma das causas primeiras de todo e qualquer atraso governamental. Nós, brasileiros, como civilização que ainda ensaia seus primeiros passos, às vezes nos posicionamos como detentores de uma contemporaneidade embasada num aprendizado efetivado há muitos anos. Tornamo-nos, com frequência, inflexíveis, fundamentados em lições apreendidas em contextos outros, muito diferenciados dos atuais, vinculados a ontens e anteontens que não mais retornarão, nem pelas mão de simples capitão.

4. Certa feita, o saudoso economista Celso Furtado declarou: “O mercado é um instrumento maravilhoso, mas ele não desempenha todas as funções. Quando se trata de resolver conflitos numa sociedade heterogênea, a saída não pode ser pelo mercado. Tem que ter a mão de quem defenda o interesse público, a solidariedade social. É importante que as duas formas de conceber a organização social caminhem juntas. O mercado baseia-se no heroísmo, na iniciativa, na astúcia, para dar dinamismo ao processo. Já o Estado busca a solidariedade, tem que proteger os fracos. Isso é que forma uma sociedade moderna”. Multipliquemos os Celsos Furtados no cenário nacional, abjurando bundões, chinfrins e blá-blá-bladores travestidos de liberaloides olavianos.

5. A classe média brasileira necessita melhor direcionar e redimensionar sua postura estratégica de formatar cenários futuros. Sua capacidade associativa está a exigir um reposicionamento mais consequente, para diferenciar bem coalizões necessárias de associações espúrias, demagógicas, populistas e eleitoreiras. Cada vez engolfada por alguns desencantos do cotidiano, ela precisa voltar a apreender melhor a realidade social do país, redimindo-se das mancadas cometidas, ampliando seu atual nível de criticidade binoculizadora.

6. O momento que estamos vivendo não permite apenas meras contemplações. Os mais responsáveis estão incentivando a ampliação da participação de todos. Faz-se necessário ampliar a enxergância pós pandemia, para que mudanças aconteçam, eliminando-se os sectarismos inconsequentes e as marginalizações espúrias, obtendo-se um agir menos hedonista, rejeitadas as ingenuidades de todos os naipes. Para a felicidade de todos, os de paletó, farda, macacão ou vestes religiosas.

Um comentário em “PONTOS E CONTRAPONTOS NO DIA DOS MORTOS

  1. Mestre Fernando

    Hoje, no dia dos mortos, o senhor, com seu texto vivo de hoje, nos expôs um “Manifesto da Razoabilidade” necessário e oportuno nos dias que atravessamos.

    Parabéns e muito obrigado!

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