FERNANDO ANTÔNIO GONÇALVES - SEM OXENTES NEM MAIS OU MENOS

Recentemente, uma patrícia me deixou com uma vontade de ser mais brasileiro, apesar das merdalidades ambientais cometidas por travestidos de ministros que imaginavam engabelar a inteligência nacional, fazendo passar ilícitos por debaixo dos panos e das ventas da criticidade pátria, desejando castrar o meio ambiente.

Não a conheço, mas a entrevista concedida pela demógrafa Márcia Castro, professora da Universidade de Harvard, publicada na FSP, domingo 27/09, deveria ser reproduzida nos jornais todos, numa época eleitoral onde milhares de desinformações se postam, como a daquele candidato a vereador, de sobrenome Furico e de lema Não Prometo, Dou Sempre!

Sem lero-leros, ela pontifica com pertinência histórica: “A época em que professores tinham sua salinha, davam sua aula, publicavam seus artigos e ficavam famosos já era.” Segundo ela, o momento é de engajamento com políticos, companheiros docentes, líderes comunitários e também com os discordantes, para um combate às desinformações sobre a pandemia no Brasil, posto que ainda existem milhares de abilolados que proclamam que a COVID-19 é apenas uma simples gripezinha, nunca uma pandemia fodona.

No departamento que chefia, na Universidade de Harvard, Márcia Castro estrutura um amplo programa de estímulos e debates no combate às múltiplas desigualdades que humilham mundo afora, a demógrafa se especializando na batalha contra às doenças contagiosas, malária uma delas, que afetam os mais carentes, negros a maioria.

Ela conta uma história acontecida com ela que ilustra a imbecilização gritante que campeia nos quatro cantos terrestres. Na Carolina do Sul, onde ensinava, um aluno seu, branquinho, riquinho e jumentinho, tirou nota baixa numa avaliação. Pedindo reavaliação, obtendo a mesma nota. Não satisfeito, escreveu para ela desaforadamente: “Volta pra Cuba!”. Interpretando mal a origem do seu sobrenome Castro e demonstrando uma dupla estupidez, comportamental e cultural, pois seu sobrenome Castro é originário de Portugal, dado seu pai ter emigrado para o Brasil.

A professora Castro lamenta os docentes que se deslocam para trabalhar em instituições estrangeiras e não mais se relacionam com seus pares brasileiros, muitos deles tratando até mal o contexto pátrio, como se aqui nada prestasse.

Ela tem toda razão quando diz: “Se a gente só conversa com quem concorda com a gente, não se muda a cabeça de ninguém.” E explica: “É importante para entender o que faz cada um pensar do jeito que pensa. Ajuda a encontrar a melhor forma de falar, os melhores argumentos”.

Sobre os estupidificantes movimentos anti-vacinas, ela se declara altamente preocupada, pois já se percebe em algumas regiões um retrocesso percentual da cobertura vacinal. E revela que o índice de confiança na vacina contra dengue, do Instituto Butantã, que era de 76% em 2015, atualmente se situa na faixa de apenas 56%.

As pesquisas da Dra. Márcia Castro atualmente se concentram na identificação de riscos sociais, biológicos e ambientais associados a doenças transmissíveis por vetores nos trópicos, identificando estratégias de combates efetivas. Na Amazônia, por exemplo, ela atualmente estuda a mobilidade humana e infecções assintomáticas de malária e seus impactos potenciais na transmissão da doença. E também reclama de programas de Saúde da Família travados por implicâncias políticas entre prefeitos e governadores.

Um economista sueco famoso, Gunnar Myrdal, já proclamava que “o pior subdesenvolvimento é o mental”. E quanto esse subdesenvolvimento vem acompanhado de sectárias e fundamentalistas posturas políticas ou religiosas, não tem fundo que aguente, como dizia minha avó Zefinha, já do outro lado da rua, que muito me tem auxiliado nas minhas enxergâncias binoculizadoras, separando saberes de safadezas, grandezas posturais de miudezas cagânicas.

5 pensou em “PESQUISADORA BRASILEIRA ARRETADA DE ÓTIMA

  1. Arretado. Agora o que gostei mesmo foi das novas palavras “merdalidade e cagânica”. Dá um tom aristocrático à bosta. Com a permissão do autor, pretendo fazer uso delas, posteriormente.

  2. Prezado mestre,

    Não sei qual foi o contexto em que Myrdal falou isso mas, para mim, o danado mesmo não é a ignorância. Afinal, todos nós somos estupendamente ignorantes, pois é muito pouco o que sabemos e, para piorar, sabemos de forma extremamente precária. Vide o “Salto Indutivo” e outras coisinhas similares.

    Para mim, o danado mesmo é a imbecilidade. Especialmente coisas do tipo: “querer que todo mundo seja igual!”

    O “culpado dessa maravilhosa diversidade foi o criador, que fez cada um ÚNICO. Ficar querendo enquadrar tudinho numa forma única, escolhida pelo ditadorzinho do momento, É DE LASCAR!!!!

    Eu também adoraria chefiar um departamento em Harvard. Não deu! Meu talento e minhas condições só deram para isso que sou. Pergunta para a dotorazinha se ela está preocupada com essa desigualdade e, por conta disso, topa trocar de lugar comigo.

    Quanto a ela estimular debates, está me parecendo que ela é adepta da praxis petista onde acreditam que, se houver uma quantidade suficientemente grande de imbecis dando palpites sobre coisas que não entendem, sairá uma ideia maravilhosa. INFELIZMENTE, NÃO SAI!

  3. Prezado Adonis:
    Obrigado pelas considerações feitas. Integrarão meu arquivo.
    Pensar diferente é umas das maneiras de aprimorar civilizações.

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