FERNANDO ANTÔNIO GONÇALVES - SEM OXENTES NEM MAIS OU MENOS

Conheço muitos metidos a formados que opinam sem um mínimo de consistência lógica, até irracionalmente, se imaginando o ó-do-borogodó, sem concorrentes nos seus derredores sociais, confundindo educação com escola, religião com espiritualidade, vida em sociedade com informes pífios nas redes sociais.

Pessoalmente, considero curioso o fato de uma figura como Frei Caneca ser tão pouco enaltecido nesta época de muito incipiente democracia como a nossa. Do frade carmelita guardo alguns dos seus pensamentos, encarecendo mil réis de reflexão dos ainda não contaminados pelo idioticus vírus do liberaloidismo dos que não saben diferenciar Obra Prima do Mestre Picasso e a Pica de Aço do Mestre de Obra. Duas amostras: a. “É detestável a máxima de obediência cega do soldado em todas e quaisquer circunstâncias.”; b. “Ideias velhas não podem reger o mundo novo.” Sou um admirador de carteirinha do tenaz Frei Joaquim do Amor Divino Rabelo e Caneca, , que muito intensamente sabia respeitar a roxidão do seu aquilo, progenitor de algumas “sobrinhas”.

Ultimamente, muito gostaria de enviar para todos os pensantes deste Brasil ainda pouco acabado, alguns BC – Balizamentos Cidadanizadores capazes de fortalecer uma CPNR – Caminhada Pensante Não Ruminante, sementes de uma pós-modernidade que necessita ser amplamente libertária, jamais liberticida. Ei-las, sem qualquer ordem de grandeza:

– O pior envelhecimento é o mental. Conheço jovens com cucas velhas e idosos com ideários luzidios.

– A pior praga do setor público brasileiro é a burocracia. Para toda burocracia, genialidade é aberração. Todo burocrata acredita em algumas infalibilidades administrativas, entre as quais a de que quanto melhores os sistemas de controle melhor a qualidade da produção. O ideal de todo espírito burocrático é transformar todos em ninguém.

– O papel de todo intelectual deveria ser o de conquistar novas funções, muitas delas apenas parcialmente intelectivas. Isso para continuamente libertar a inteligência tornando-a inventiva, apta para a denúncia, o combate e as propostas de reformatação do todo, desvencilhando-se dos mantos protetores dos adiamentos, inserindo-se entre os que postulam uma ordem social mais humana e mais justa, democrática por excelência para todos.

– Conscientização é um compromisso histórico, é tomar posse de uma realidade concreta, postulando uma utopia que exige sólidos conhecimentos críticos. Conscientizado é todo aquele que vai para o diálogo com o sentimento de ser parcela, permanentemente percebendo-se inconcluso.

– Costuma dividir-se a classe docente em três grandes categorias: a dos instrutores, a dos professores e a dos educadores. Ser educador é preparar, preparando-se também, para um juízo crítico das alternativas propostas através de um processo essencialmente interativo.

– Todo ser humano alienado é nostálgico, um descomprometido com o seu derredor. E o lamentável é que todo alienado, por não ter consciência disso, continua praticando os mesmos atos que o vitimaram, sempre buscando outras pessoas para também vitimar.

– Há uma necessidade urgente de se repensar o todo brasileiro, possibilitando-se a criação de um integrador projeto nacional, os esforços voltados para as diferenças e não para as semelhanças, para a criatividade e nunca para a mera reprodução.de passados.

– Uma universidade somente sobreviverá, no atual século, se um nível de convivialidade entre os especialistas das áreas mais diversas for alcançado. Um docente que se preze não pode ser um especialista destituído de consistente cultura geral, como também não pode ser um generalista superficial.

– São apenas quatro os mandamentos da religião tecnocrática: a) só é justo o poder exercido em nome do saber; b) saber, só o conhecimento técnico-científico; c) o poder é exercido acima das paixões e das ilusões; d) o saber técnico-científico é a única fonte capaz de fornecer os critérios e os métodos de decisão.

Para tanto, algumas diretrizes indispensáveis:

– Só há uma maneira de andar para frente à beira do abismo: é dar um passo trás (Michel de Montaigne)

– Se você não quer repetir o passado, estude-o. (Spinoza)

– Aquele que tem um porquê para viver pode entender todos os comos. (Nietzsche)

No mais é seguir adiante, sempre olhando para frente, solidário com toda nossa gente.

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